No PT, não conseguimos criar, ajudar a formar,
uma massa crítica. Não o tanto necessária. Por conta disso, geramos uma força
contrária, que se aproveitou de um ódio latente e canalizou isso contra tudo o
que é nosso.
As pessoas, por não conseguirmos ajuda-las a
serem críticas e a crescer em nível de consciência, foram buscar outra coisa. Aquelas
dancinhas contra nós, o verde-amarelo, eram passadas pela internet. O uso do
amarelo para enfrentar o nosso vermelho.
O vermelho é assustador. Incita a mudança,
compromisso, revolução. E mudar dá um cagaço monumental. O vermelho é
assemelhado ao FOGO, que queima pra transformar, mudar, deixar em cinzas o que
é velho.
Esse fogo, nós tínhamos lá atrás, na fundação,
nos primórdios. Fomos “esfriando esse fogo” e as pessoas se desencantaram de
nós. Precisavam se encantar com alguma coisa. E se encontraram com o ódio, o
preconceito, o racismo e a misoginia. Tudo isso aflorou pelos buracos que
deixamos abertos. Não soubemos juntar pessoas, no nosso entorno, pelo
contrário, elas fugiram de perto de nós. Daí, se observar, eles falam em
divisão o tempo todo.
Agora é hora de nos rejuntarmos. E tapar esse
buraco de onde só emana ódio.
Isso só será possível se nos tornarmos
iniciadores de uma nova etapa política de criação de consciência crítica. Sem
entrarmos nesse ódio. Que é deles.
Não é fácil, eu sei. É um processo de um mundo
novo, de um mundo complexo.
Paulo Morani
Julho de 2020