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Nicolás Maduro vence eleição na Venezuela

Caprilles não reconheceu derrota e vai pedir recontagem de votos

 Capriles não reconhece vitória de Maduro e exige recontagem de votos


Considerado sucessor político de Hugo Chávez e atual presidente interino do país, Nicolás Maduro, foi eleito presidente da Venezuela, anunciou a presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Tibisay Lucena. Maduro, candidato da situação, teve 50,66% dos votos, superando os 49,07% do oposicionista Henrique Capriles. Maduro irá suceder Hugo Chávez, que morreu em março após lutar contra um câncer.

De acordo com a presidente do conselho, não há como o resultado mudar. Até o momento, 99,12% das urnas foram apuradas. "O CNE, quando dá um resultado eleitoral, é porque é irreversível", disse. Segundo o conselho, 78,71% dos eleitores votaram neste domingo (14). O resultado foi divulgado às 23h16 (horário de Caracas).

Maduro tem 51 anos, foi motorista de ônibus e participou desde o início do movimento de esquerda fundado por Hugo Chávez. Em 2000, foi eleito deputado da Assembleia Nacional, e em 2006, assumiu o cargo de Ministro das Relações Exteriores do governo de Chávez, e se manteve na função até ser designado vice-presidente do país.

Assumiu interinamente a Presidência da Venezuela, quando Chávez teve de se afastar de suas funções de presidente para tratar o câncer. Foi escolhido, pelo próprio Chávez, para ser seu herdeiro político. Maduro continuou como presidente do país após a morte de Chávez e durante o período eleitoral. Sua estratégia de campanha buscou vinculá-lo fortemente à imagem do líder venezuelano.

Tibisay Lucena apelou para que os candidatos peçam a seus seguidores que recebam o resultado das urnas com tranquilidade, ressaltando que o processo de votação foi tranquilo, pacífico e que os venezuelanos definiram os rumos do país "em paz e por meio dos votos".

Exemplo para o Brasil! Argentina faz reforma politica!

Agência Efe


Em evento na Casa Rosada, Cristina Kirchner fez comparações entre a Argentina e o Brasil
Após protesto, Cristina Kirchner reafirma suas políticas e diz que não há alternativa
Em discurso nesta sexta-feira, a presidente argentina listou as conquistas de seu governo em diversos setores.
Um dia depois do maior panelaço contra o governo argentino em 2012, que reuniu cerca de um milhão de manifestantes em todo o país, Cristina Kirchner afirmou, nesta sexta-feira (9/11), que dará continuidade às atuais políticas econômicas e sociais. Apesar de não mencionar o protesto da noite anterior, a presidente fez alusão indireta a algumas das reivindicações e instou a oposição a apresentar um “modelo alternativo” de gestão.


No discurso, realizado durante uma reunião com prefeitos na Casa Rosada, a presidente argentina afirmou que seu governo foi o responsável por promover uma “verdadeira reforma política” no país com a nova lei eleitoral. Aprovada pelo Senado argentino em 2009, a legislação determina que os candidatos que superarem 1,5% dos votos válidos nas eleições Primárias Abertas, Simultâneas e Obrigatórias (PASO), realizada 90 dias antes do pleito oficial, terão financiamento equitativo, garantido pelo Estado, para a propaganda eleitoral.
Segundo Cristina Kirchner, a medida permitiu que “cada cidadão pudesse conhecer as propostas de seus dirigentes políticos, o que nunca tinha acontecido”. “Obviamente os meios de comunicação, sobretudo os de maior ingerência, não gostam disso, mas eu acho muito saudável para a democracia que todos possam dar a conhecer seu pensamento aos cidadãos. (...) Se você somente pode escutar um ou dois e não o resto, não está elegendo um ‘catso’”, afirmou.
Em uma crítica aos que se opõem aos programas sociais de sua administração, mencionou que “se orgulha de ser parte de um governo que conseguiu reduzir os níveis de exploração” dos trabalhadores e que sua “política econômica de inclusão incorpora até mesmo os que se queixam da inclusão dos outros, mas [que] não [reclamam] da rentabilidade própria que este projeto de inclusão trouxe”.
Segundo ela, programas como a Asignación Universal por Hijo (AUH), semelhante ao Bolsa Família brasileiro, incomodam algumas pessoas porque antes “era possível contratar uma pessoa como empregada, assistente na casa ou trabalhador temporal por dois ou três trocados, mas quando alguém recebe um subsídio, já tem um piso do qual partir. Não é que não conseguem gente para trabalhar, não conseguem gente para explorar”, provocou. 
Cristina Kirchner também aludiu à intensificação do controle à compra de dólares, um dos motivos que detonaram os primeiros panelaços contra seu governo.  Segundo ela, as medidas tomadas “para evitar esvaziamentos e corridas [bancárias]” e a administração da flutuação cambiária provocaram descontentamento em alguns setores devido à “penetração cultural” da moeda norte-americana.
“No Brasil há seis dólares para cada brasileiro, e é a 5ª maior economia do mundo. O Tesouro calcula que a Argentina é o segundo país onde há mais dólares, depois dos Estados Unidos, com dois mil dólares por habitante”, disse.
Segundo ela, as medidas econômicas de sua gestão permitiram que o Estado quitasse suas dívidas e que a balança comercial de 2012 fosse superavitária.
“Um governante tem que articular e pesar os interesses. Claro que aos que só exportam convêm um dólar muito alto, mas para os que produzem aqui e ainda têm que importar insumos básicos que não são produzidos no país, não lhes convêm um dólar muito alto, porque teriam que aumentar os preços e isso impactaria demais o mercado interno”, pontuou, didática.
No discurso, Cristina também garantiu que o problema político atual se deve à falta de lideranças que apresentem modelos alternativos ao seu. “Mas disso não podemos nos responsabilizar e ninguém nos pode culpar de tomarmos nossas ações”, queixou-se, antes de instar políticos oposicionistas a assumirem um novo papel: “Os que não acreditam no que fazemos, que se encarreguem de gerar o que o resto da sociedade quer com ideias, propostas e projetos”, desafiou.
Antes de encerrar o discurso televisionado, a presidente fez uma declaração que foi considerada como uma ironia ao protesto realizado no dia anterior. Ao mencionar dois eventos relevantes na semana, citou a reeleição de Barack Obama e disse que "ontem ocorreu algo muito importante: o Congresso do Partido comunista Chinês".

O novo idioma da direita na América Latina

Saul Leblon
 
Henrique Capriles lotou ruas de Caracas neste domingo, num gigantesco comício de encerramento da campanha de oposição a Chávez.
Como diz Lula, as elites não brincam em serviço. Na média, os prognósticos dão a Chávez a dianteira no pleito do dia 7, mas um fato é inegável: a reação não fala mais apenas aos trogloditas.

Capriles construiu um discurso para atrair descontentamentos explícitos e difusos; ademais dos endinheirados, ecoa aspirações de setores populares catapultados pelo próprio chavismo. A direita agora adotou o idioma dos que querem mais.

Não é exagero enxergar no 'burguesito', como o denomina Chavez, um drone político sobrevoando os céus da América Latina. Se bem sucedido - e para isso não necessariamente precisa atingir em cheio o alvo do próximo domingo - servirá de referência a outros da mesma cepa que cruzarão os ares; inclusive os do Brasil, em 2014, onde o fenômeno Russomano, em São Paulo, confirmou a receptividade a artefatos do gênero.

Drones, como se sabe, são aqueles aviões teleguiados que permitem cometer atentados e fulminar adversários sem precisar desembarcar tropas ostensivas.

O golpismo cool concentra recursos em ações pontuais de sabotagens e outras façanhas seletivas, ancorando-se em intensa guerra psicológica & midiática e, claro, fluxos de caixa a lideranças com potencial 'caprílico'

É o salto no processo de seleção. Não se pode enfrentar um Chávez, Lula, Cristina, Evo etc com a mão pesada aplicada contra Kadafi ou Assad. Além de consagrados pelo voto, os líderes latinoamericanos promoveram mudanças efetivas e m curvas de distribuição de renda secularmente congeladas como o eletrocardiograma de um morto.

Chávez tirou uns 3 milhões de miséria e permitiu a outros tantos ascenderem na escala da renda. Num país com 29 milhões de habitantes, fez da Venezuela a sociedade menos desigual da América Latina. Quem diz é a ONU.

No Brasil, sob Lula, a renda dos mais pobres cresceu 90%; a dos mais ricos, 17% ( Ipea). O Brasil é hoje o país menos desigual de toda a sua história. Néstor e Cristina Kirchner fizeram o mesmo na Argentina onde o triturador neoliberal havia empurrado mais de 40% da população para a pobreza.

Sem ter como negar tais feitos, o gigantesco aparato intelectual e logístico que guia os drones ensaia uma vacina para enfraquecer essas conquistas.
"É insustentável', dizem os conservadores sobre a ênfase nas ações de transferência de rendas, adotada pelos governos progressistas.

O perigo desse raciocínio é que ele envolve pedaços de verdade apontados por uma parte da própria esquerda. Desses pedaços os Capriles extraem sua credibilidade para desidratar a dos adversários.

A simples transferência de renda não gera dinâmicas autônomas que possibilitem aos excluídos ocupar um espaço de inserção emancipadora para superar padrões estreitos de consumo e bem-estar.

O pulo do gato dos drones está em omitir que as reformas requeridas para esse salto são, ao mesmo tempo, fuziladas no berço pelos seus atiradores de elite.

É o caso, por exemplo, da taxação adicional sobre a riqueza, seja ela de natureza financeira ou patrimonial, assentada em latifúndios rurais e urbanos.

Os Capriles desviam o foco quando se trata de discutir essas rupturas históricos.E iluminam vitrines de acesso rápido ao repertório consumista. Garantem: basta trocar o governante (como se troca o cartão de crédito) e limpar a corrupção da 'financiadora'. Pronto: isso feito, no idioma dos drones, a engrenagem modernizante começa a funcionar ampliando o circuito das gôndolas no acesso ao supermercado global.

A contrapartida dos cidadãos envolve frequentemente outra ardilosa meia verdade: a emancipação social à frio, através da educação.

A idéia é que é possível anistiar o estoque de iniquidade patrimonial e superpor a ele um outro relevo histórico; e que isso se faz sentado nos bancos escolares.

Escola é crucial em qualquer etapa da vida de uma sociedade, mas o truque oculta uma contradição em termos.

Um Estado privado de recursos tributários adicionais seria incapaz de atender às obrigações correntes e, ademais, promover um efetivo salto educacional de qualidade nas periferias conflagradas. Isso, sem falar do caixa necessário para implantar políticas de desenvolvimento que assegurem a absorção dessa nova mão-de-obra tecnificada.

Nem Chávez e tampouco Lula afetaram o estoque ou o fluxo da riqueza dos 20% mais ricos de seus respectivos países. Mesmo assim são caçados implacavelmente.

Chávez que venceu meia dúzia de eleições e plebiscitos é repugnado como um ditador grotesco; Lula é tratado como um meliante por Serra que o acusa de 'poderoso chefão' --da quadrilha do dito 'mensalão'.

Jesse Chacon, ex-ministro das Comunicações venezuelano, um quadro qualificado do país, em recente entrevista ao jornal Valor, admite que o modelo ancorado sobretudo em políticas de transferência de renda flerta com o esgotamento.

O diagnóstico se assemelha ao dos conservadores, mas as conclusões se bifurcam. Chacon evoca o passo seguinte da história. Chama a atenção, por exemplo, para os efeitos políticos de programas de acesso ao consumo que não alteram a lógica do consumismo capitalista.

Dá a entender que drones como Capriles levitam nessa corrente de ar que sopra permanente insatisfação material e psicológica.

Chávez desfruta de uma válvula de escape não reproduzível: a Venezuela tem as maiores reservas de petróleo pesado do mundo (230 bi de barris); o caixa da PDVSA dilata seu horizonte político apesar da ira da elite, que antes ficava com todo o resultado da empresa. Mesmo assim, há limites no bombeamento da estatal,cuja infraestrutura se ressente de investimentos pesados.

Nos demais países o poço é bem mais raso. A inércia da desigualdade não será vencida sem políticas de renda que alterem a posse do estoque da riqueza já existente. Alterar a carga fiscal é o primeiro passo; na América Latina ela não excede a média de 18% do PIB. No Brasil é quase o dobro; mas cai substancialmente se contabilizados incentivos e renúncias fiscais.

Pior que isso: aqui, como na maior parte da AL, a receita disponível provém de uma base que acentua desigualdades em vez de corrigi-las. Na média regional, mais de 50% da receita do Estado é baseada em impostos indiretos, pagos de forma linear por toda população com efeito socialmente nulo ou regressivo.
O ciclo progressista da AL pode estar batendo no teto de suas ferramentas, mas está longe - muito longe - de ter esgotado a sua pertinência histórica.

Para ir além, todavia, talvez necessite renovar o instrumental com uma novafamília de políticas e contrapesos. Os drones está chegando: independente dos resultados dia 7, Capriles antecipa o esquadrão que aprendeu a jogar no campo do adversário.

Câmara do Uruguai aprova lei que despenaliza o aborto


Projeto precisa passar novamente pelo Senado e ser sancionado por Mujica para entrar em vigor

Manifestantes protestam em frente à Câmara dos Deputados a favor da despenalização do aborto; as ativistas carregam cartazes com os escritos "Aborto Legal
Agência Efe
O Parlamento do Uruguai deu um importante passo nessa terça-feira (25/09) para que o país se torne o segundo na América Latina, depois de Cuba, a despenalizar a prática do aborto. O projeto, intitulado Lei de Saúde Reprodutiva e Sexual, foi aprovado pela Câmara dos Deputados com 50 votos contra 49, após sofrer importantes alterações.
Agora, ele deverá passar novamente pelas mãos dos senadores para analisar as alterações da lei – a aprovação é esperada. Depois, bastará receber a sanção do presidente José Mujica, que já afirmou ser favorável à medida, para que entre em vigor.
O projeto original, que foi aprovado em dezembro de 2011 em primeira votação no Senado, previa a legalização do aborto quando realizado nas 12 primeiras semanas de gestação (primeiros três meses) e determinava total liberdade às mulheres na tomada da decisão.
O debate na Câmara de Deputados, no entanto, foi mais acirrado e chegou a durar 14 horas. Os principais apoiadores do projeto, parlamentares ligados à Frente Ampla (coligação governista de orientação de centro-esquerda), encontraram resistência e foram obrigados a fazer algumas alterações no texto, após negociações com o deputado Iván Posada, do partido Independente (centro-esquerda). O recuo aconteceu porque um dos deputados da Frente, Andrés Lima, afirmou que votaria contra o projeto. Com as alterações, Posada garantiu os 50 votos necessários para a aprovação, em uma casa de 99 representantes.  
Mesmo que o projeto encontre a aprovação de grande parte dos uruguaios, contrários à prática também realizaram manifestação
Agora, o projeto somente despenaliza (e não legaliza) a prática do aborto. Em sua nova formulação, prevê-se que a grávida necessitaria comparecer a uma comissão para apresentar sua situação, passaria por cinco dias de reflexão e, ao fim deles, optaria livremente em proceder ou não com a interrupção da gravidez.
O objetivo da lei é diminuir o número de abortos no país. Segundo números não oficiais do Uruguai, cerca de 33 mil abortos são cometidos por ano no país, aproximadamente 90 por dia, uma cifra significativa para uma população de apenas 3,4 milhões de habitantes.
Segundo Posadas, mesmo que esse número seja hipotético, é “deveras alarmante para um país onde 47 mil crianças nascem por dia”. “É importante que a mulher que decida realizar um aborto participe desse processo prévio, em que ela será informada, onde a explicarão todas as opções incluindo alternativas que mostrem que ela é livre para decidir”.

Agência Efe (24/09/12)



Membros da oposição, formada pelos tradicionais partidos Blanco e Colorado, mostraram cenas de um documentário do canal  NatGeo, que utiliza imagens de bebê reais e outras feitas em gráficos de computador, para mostrar um bebê dentro do ventre materno. Para o deputado “Blanco” Javier Garcia, “ninguém tem dúvidas hoje em dia que a vida começa na concepção” e que lhe chama atenção o fato da mídia não tratar do tema “sem mencionar os direitos humanos”.
A oposição, ligada a grupos católicos e conservadores, organizou marchas ao redor do Parlamento, com os tradicionais dizeres “pela vida”. Ao mesmo tempo, a ONG Mysu (Muher e Saúde do Uruguai) convocou uma marcha em frente ao Palácio Legislativo questionando a alteração que “obriga a mulher que queria abortar a participar de um tribunal interdisciplinar”.
A lei vigente, datada de 1938, prevê penas de três a nove meses de prisão para a mulher que permite o aborto, além de seis a 24 meses a quem colabore com o mesmo, e de dois a cinco anos para quem o realize sem o consentimento da mulher. Desde 2008, porém, a mulher tem o direito de obter a informação sobre a melhor maneira de realizar um aborto.
De acordo com o instituto de pesquisas  Cifra, em pesquisa realizada no início do mês, 52% dos entrevistados são favoráveis à despenalização do aborto, enquanto 34% são contra. O levantamento consultou a opinião de 802 pessoas, com uma margem de erro de 3,4 pontos.
Além do aborto, o país sul-americano também debate a aprovação de outro tema polêmico do ponto de vista comportamental: a legalização do consumo de maconha, que busca afastar consumidores do narcotráfico e está na fase de debates no Parlamento.

O PIG não e só aqui!



mais feliz da América do Sul
Paulo Nogueira (Diário do Centro do Mundo)
Me interesso muito pelas listas de felicidade nos países mundo afora. Em geral, elas combinam dados sociais e entrevistas nas quais um grupo representativo de pessoas diz qual é seu grau de felicidade numa escala de 1 a 10.
Foi ao ver uma delas, em que a Dinamarca estava na ponta e seus vizinhos nas primeiras colocações, que acabei conhecendo pessoalmente a Escandinávia.
Era 2009, e fui para Copenhague para entender o que estava por trás da satisfação dos dinamarqueses. Fiz uma reportagem para a Época, da qual era então correspondente.
Bem, de lá para cá, sempre que posso vou à Escandinávia. Agora mesmo, poucos dias atrás, estive na Noruega e na Dinamarca em missões jornalísticas.
O modelo escandinavo é a coisa mais fascinante que encontrei na Europa. Combina as virtudes do capitalismo com as do socialismo de uma maneira extremamente bem sucedida.
Repare. Em todas as listas relativos a avanço social, a Escandinávia domina.
VENEZUELA
Bem, fiz este intróito porque outro dia vi uma lista da Gallup que colocava os venezuelanos como o quinto povo mais entusiasmado do mundo com os rumos do país.
Um levantamento da universidade americana de Columbia e chancelado pela ONU trouxe também os venezuelanos numa situação invejável:
-o povo mais feliz da América do Sul.
Como? Mas não é um inferno a Venezuela? Chávez não é o Satã?
Como curioso que sou, fui pesquisar para tentar entender. Fui dar num estudo feito por um instituto americano chamado CEPR, baseado em Washington:
“A Economia Venezuelana nos anos de Chávez”. O CEPR jamais poderia ser desqualificado como “chavista”.
SURPRESAS
E então fico sabendo coisas como essas:
1) Em 1998, quando Chávez assumiu o poder, havia 1628 médicos para uma população de 23,4 milhões.
Dez anos mais tarde, eram quase 20 000 médicos para uma população de 27 milhões.
2) Os gastos sociais subiram de 8,2% do PIB, em 1998, para quase 14%.
 “Se comparamos a taxa de pobreza pré-Chávez (43,9%) com a registrada dez anos depois (27,5%),
chegamos a uma queda de 37% no número de venezuelanos pobres”, afirma o estudo.
3) O índice de desemprego, que era de 19% em 1998, caiu pela metade.
No trabalho, os autores notam que a percepção entre os americanos sobre a Venezuela de Chávez é ruim.
Motivo:
a cobertura enviesada da mídia. E, com números, desmontam o mito de que o segredo do avanço da Venezuela está no petróleo e apenas nele.
AL JAZEERA
Mas eu queria saber mais. Dei no site do Jazeera, uma emissora árabe bancada pelo Catar que faz jornalismo de primeira qualidade. O Jazeera traz vozes que você não costuma encontrar na imprensa brasileira, e isso ajuda você a entender melhor o mundo.
Vi um programa jornalístico cujo título era:
 “Os venezuelanos estão melhor sob Chávez?” Como sempre, o Jazeera colocou especialistas com visão diferente.
Um comentarista americano criticou o “espírito de mártir” de Chávez.
Mas os dados objetivos ninguém contestou.
A mortalidade infantil diminuiu, a expectativa de vida aumentou, o número de universitários cresceu e as crianças venezuelanas estão indo à escola numa quantidade sem paralelo na história do país.
Um consultor americano de empresas interessadas em investir no exterior disse:
“Quem quer que queira se eleger na Venezuela vai ter que dar prosseguimento aos programas sociais”.
Problemas? Muitos. Criminalidade alta, pobreza e desigualdade ainda elevadas.
Mas atenção: os problemas antes eram muito maiores.
Da imersão em Venezuela, compreendi por que Chávez é tão popular
– e por que seu maior adversário nas eleições futuras é, na verdade, o câncer.