Lendo o artigo do
Prof. Wanderley
Guilherme dos Santos no "O Cafezinho" http://bit.ly/10NVtPj , temo
que tenha que constatar não haver nada de revolucionário no
governo Dilma. Pelo
menos não até agora, e que seja originariamente seu. Se avanços e
revoluções se
fazem notar é por pura força da inércia, resultado do espetacular
embalo
oriundo do governo Lula após 8 anos de “pé no acelerador”. Ali, a
revolução!
Diferentemente do
artigo do prof.
Wanderley, o que se revela com o passar do tempo é um retrocesso
do atual
governo em relação a políticas caras ao PT e ao povo, tais como o
tratamento
com a mídia, a questão do petróleo, a política de juros, a reforma
agrária,
dentre outros.
Pode soar
conspiratório, mas
pense comigo: e se a solução da oposição não estiver nas eleições?
(o que,
aliás, já sabemos TODOS, não será possível que ganhem no voto). E
se a solução
para os ideais da oposição for simplesmente ir se infiltrando no
governo,
ampliando a base aliada, ocupando ministérios, ir comendo pelas
beiradas,
impondo a pauta da direita e, aos poucos, ficar do jeito que o PIG
- ou o
diabo, tanto faz - gosta? Um governo possuído, feito um médium
incorporado: o
corpo e o vestido vermelho da Dilma estão lá, mas a alma é do Ali
Kamel! Por
que diabos, enfim, ACM neto iria pousar no PDT, aquele de onde
veio Dilma?! Um triller,
não é?
Enquanto isso,
grande parte da
chamada “militância nas redes sociais" age feito um cartório,
simplesmente
carimbando de acertada toda e qualquer atitude do governo, por
mais descabida
que possa parecer, sem exercer um mínimo de crítica. A militância,
na verdade,
deveria estar atenta e forte para exigir eventuais correções de
rumo, como
deixou claro Maurício Caleiro, em imperdível post no Cinema & Outras Artes
http://migre.me/eNyyj .
Com exceção dos
“fanáticos da
seita” muita gente já está “atenta e forte”, mas muita gente ainda
não entendeu
o enredo desse samba, confundindo, talvez inocentemente, o
alerta à
militância com terceiras e ocultas intenções de partidos
emergentes por trás
dessa visão crítica. Muitos acabam perguntando: "sim, mas e 2014?"
Ora, não tem pra onde correr. É Dilma de novo e quanto a isso não
se discute. E
nem é esse o ponto! (pelo menos, não até aqui…) Não se trata de
mudar de
partido nem de candidato e sim de postura. Parar de só justificar
o governo e
passar a exercer o direito à crítica ao governo, coisa que os
chamados
“fanáticos da seita” nem sequer permitem que se sonhe.
No texto do Caleiro,
que mencionei
acima, existe a remissão ao post
do
Matheus Machado http://bit.ly/136JCis que começa assim: “Conta uma anedota da política norte-americana que o
ex-presidente
Franklin Delano Roosevelt certa vez recebeu o sindicalista e
ativista negro A.
Philip Randolph, ouviu a todas as suas demandas e, por fim,
respondeu: ‘eu
concordo com tudo que você disse. Agora, obrigue-me a fazê-lo.’”
É isso! É possível
(e provável)
que Dilma concorde com todas as criticas, mas a militância, o PT,
o povo enfim,
têm que "obrigá-la"! É o que se vê do final da anedota americana,
segundo o mesmo Matheus. O resultado do encontro teria sido uma
longa campanha
por direitos civis, que culminaria com a organização de uma marcha
que, segundo
os organizadores, colocaria cem mil negros nas ruas de Washington
em 1941. Esse
é o recado, principalmente à militância: nós somos povo, estamos
com Lula e
todos os ideais de liberdade, solidariedade, crescimento e
bem-estar para
todos, mas estamos atentos e fortes para apontar falhas no
processo e exigir
correção de rumo, quando necessário. Ignorando eventuais
diversionismos, é
disso que se trata: a revolução no governo Dilma ainda poderá
acontecer, mas
não dependerá somente dela.