Com próximas eleições, Trump pressiona Brasil a
aumentar as importações de etanol americano. Com setor em crise devido à corona
vírus, americanos querem acabar com barreiras para vender mais combustível ao
país
Ricardo
Della Coletta
Brasília
O governo Donald Trump quer que o Brasil concorde
em aumentar a cota de importação de etanol no país porque o gesto aumentará as
chances de reeleição do americano nos Estados produtores de milho.
Segundo relatos feitos à Folha, os americanos estão
trabalhando para o fim de uma cota anual de importação sem tarifa de 750
milhões de litros de etanol - que excede esse volume, paga uma taxa de 20%.
A cota atual já é resultado de um pedido americano.
Até o ano passado, era limitado a 600 milhões de litros por ano, mas o Brasil
aumentou para o valor atual para agradar ao governo Trump.
Trump e Bolsonaro - EPA
Os EUA produzem etanol a partir do milho, e o
produto é mais barato que o similar brasileiro, feito com cana-de-açúcar.
Segundo dados do governo compilados pela UNICA
(União da Indústria de Cana-de-Açúcar), os americanos são os maiores vendedores
da substância para o Brasil. O país importou 142,5 milhões de litros, dos quais
127,6 milhões vieram dos EUA.
A entrada de álcool estrangeiro no país afeta
principalmente pequenas usinas do Nordeste, que no ano passado tentaram, sem
sucesso, impedir o aumento da cota de importação.
Acabar com as barreiras de importação é um apelo de
longa data dos EUA, mas os americanos voltaram ao fardo nas últimas semanas com
novos argumentos.
A principal delas, apresentada em conversas com
autoridades brasileiras, é que desta vez a questão é politicamente sensível porque
Trump deve se beneficiar eleitoralmente do aumento das vendas de etanol nos
estados do Centro-Oeste que fazem parte do Cinturão do Milho.