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O PATO E O CROCODILO

Normando Rodrigues
Nascente 1278
28 de fevereiro de 2023



 

 Até que ponto o quaquarismo e o fascismo podem caminhar juntos, sem que do primeiro restem só plumas?
 
No “Livro dos Mortos” do antigo Egito (sim, existe e, não, não tem nenhum poder místico), a alma do defunto se apresentava perante a deusa da justiça para declamar um decálogo. Lá pela época da Guerra de Troia o tal do Moisés plagiou o decálogo egípcio e o batizou de “Dez Mandamentos”. Mas isso não interessa.
 
Segundo o “Livro”, quem tivesse o coração mais pesado do que uma pluma, durante a leitura do decálogo (quem mentisse para a dona da balança), era imediatamente destroçado pela mordida e giros de um gigantesco crocodilo.
 
Apesar de tornado “pop” pelos contos de Kipling, pelo "Peter Pan" de Barrie, e até pela Cuca de Lobato, o papel do crocodilo na mitologia egípcia deriva de um dado concreto, tão verdadeiro na antiguidade quanto hoje em dia: é o animal “devorador de gente” que mais mata seres humanos.
 
Esse é o crocodilo. Já o pato... é o pato.
 
Mais de mil humanos são mortos, todo ano, por crocodilos. A maioria é de pobres “não-brancos”, o que gera a mesma comoção que a escravização de seres humanos na indústria vitivinicultora gaúcha; a visão de corpos de imigrantes levados pelo mar às praias da Itália; ou a lembrança de 700 mil mortos da Covid. Ou seja, quase nenhuma.
 
Insensibilidade à parte, um único crocodiliano matou muito mais pessoas, na Manaus de janeiro de 2021, do que todos os seus parentes em todo o mundo, naquele ano. E não foi o jacaré-açu.
 
Sob a gestão do robusto Pazuello no Ministério da Saúde, faltou oxigênio para internados e 2.295 pessoas morreram desnecessariamente na capital amazonense, apenas naquele mês. 
 
Inimigo da ciência, das vacinas, das máscaras e da humanidade, o necrarca Pazuello deixou o ministério para ser aspone remunerado do fascista-mor maiamista, e para subir no carro de som da derrotada campanha reeleitoral, em comiciozinho abastecido por cartão corporativo. E, cínico, respondeu que não era um ato “político-partidário”.
 
Pazuello há 2 meses finge ser um civilizado deputado federal, eleito pelas terras de Marlboro do RJ. Não é. É um monstro genocida, devorador de homens, mulheres, idosos ou criancinhas, cujas carnes harmoniza com vinho produzido por escravos.
 
Cedo ou tarde, jantará aqueles que normalizam o genocídio e posam para fotos ao lado do crocodilo.
 
E, como bom crocodilo, talvez até Pazuello chore, enquanto destroça sua vítima. Seja porque as glândulas lacrimais são espremidas com o movimento das mandíbulas, seja porque as penas do pato lhe irritarão.