Dilma ficou atrás apenas do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama que obteve maior nota (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)
São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff é a segunda líder mais popular entre os latino-americanos. Os dados são de uma pesquisa do Latinobarómetro, organização sediada em Santiago, no Chile. A entidade analisa anualmente a opinião pública nos países da região sobre questões relacionadas à política e à democracia. O estudo incluiu chefes de Estado de diferentes partes do mundo e apenas o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, teve nota maior entre os entrevistados de 18 países.
Obama alcançou média de 6,3, em uma escala que vai a 10. Dilma ficou com 6,0. A presidenta brasileira é desconhecida de 69% dos entrevistados. O terceiro colocado é o rei da Espanha, Juan Carlos, com nota 5,9, ao lado do presidente colombiano, Juan Manuel Santos. Eles não são conhecidos por 56% e 74% dos participantes.
Entre as piores notas estão Fidel Castro, ex-líder cubano, com média de 4,1, e o presidente venezuelano Hugo Chávez, com 4,4. Eles são os mais conhecidos da lista, ao lado de Obama – menos de 18% desconhecem cada um deles. Os outros 15 nomes da lista apresentam nível de conhecimento por parte de menos da metade dos entrevistados.
No caso do mandatário dos Estados Unidos, ele chegou a ter nota 7 em 2009 e manteve a média desde o ano passado. Dilma não foi avaliada em 2010, enquanto Fidel e Chávez ganharam notas melhores do que nos dois últimos estudos. As piores notas do venezuelano ocorrem na Costa Rica (2,4), Colômbia (3,4) e Chile (3,4). As melhores, na Nicaragua (6,3) e na própria Venezuela (6,1).
DemocraciaO estudo traz dados a respeito da visão dos latino-americanos sobre diversas questões, incluindo o apreço pela democracia, por exemplo. Do total, 58% dos entrevistados apoiam o sistema de governo como o melhor. O índice apresentou queda de três pontos percentuais em relação a 2010, com redução em 14 nações. Em Guatemala e Honduras, a perda foi de 10 pontos, enquanto Brasil e México assistiram a reduções de nove pontos.
Honduras sofreu um golpe de Estado em 2009, com a deposição de Manoel Zelaya. Na Guatemala, Alvaro Colom, de centro-esquerda, deu lugar a O. P. Molina, de direita. Chile e Peru, que passaram por alternâncias recentes de poder em direções opostas – para a direita no primeiro, com Sebastián Piñera, e à esquerda no segundo, com Humalla Ollanta.
No caso brasileiro, a redução é justificada por causa do ritmo menor de crescimento econômico do ano passado para este – de 7,5% para perto de 4% ou até menos, segundo projeções para 2011. Segundo os autores do estudo, o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB), soma das riquezas produzidas pelo país, e as condições de vida da população são refletidas no apoio à democracia. A onda de violência no México é considerada motivo para o cenário no país.
A Argentina é apontada como exceção porque teve aumento do apoio à democracia em 4%. A morte do presidente Néstor Kirchner, em outubro de 2010, é um dos fatores determinantes para o entusiasmo do país com o sistema. O crescimento econômico nos últimos anos e políticas sociais do governo levaram à reeleição da presidenta Cristina Kirchner no último domingo (23).
Segundo o estudo, a democracia na região tem uma evolução com peculiaridades em cada país. "Não podemos falar em 'América Latina' como um todo sem precisar fazer referência a cada país para entregar uma explicação que faça sentido", analisa o levantamento. O mesmo se aplica para os próximos anos, segundo projeta a ONG.