Na realidade, tudo separa os dois livros, pelo menos no que diz respeito a autores e objetivos. Algumas poucas “curiosidades” que o “Livro do Boni” encerra cedem espaço maior para escancaradas doses de autoendeusamento e, em muitos momentos, para a deliberada superficialidade que deixou de fora, por exemplo, esclarecimentos mais concretos sobre parcerias, explícitas ou veladas, com o Grupo Time-LIfe nos anos 60, ou com os governos militares, nos anos de chumbo, e manteve escondida ou minimizada a verdadeira postura da Globo em episódios como os da Proconsult na eleição do Brizola, da omissão na campanha das “Diretas Já”, ou da edição antijornalística e antidemocrática do debate Collor x Lula.
Se esse livro nada acrescenta, não se diga o mesmo da “Privataria Tucana”, que, convenientemente ignorado pela mídia neoliberal, não só é leitura obrigatória de todos os brasileiros como merece ter cada uma de suas páginas examinadas a fundo, porque, das duas uma: ou elas contêm mentiras , invenções ou deturpações que devem levar o jornalista às barras dos tribunais, ou as figuras ali denunciadas devem pagar pelos crimes de lesa-pátria descritos, saindo da vida pública para entrar no cotidiano carcerário.
Esses quatro cenários de reflexão, que vão do futebol ao poder judiciário, passando pela política e pela economia, são, acredito, um bom mosaico da realidade brasileira, suas virtudes, suas mazelas, suas contradições. E, por certo, terão desdobramentos no ano que se inicia. Estejamos atentos.