Dissidentes fazem ato contra apoio do PT à reeleição de Paes

Petistas descontentes com a presença do partido na ampla coligação que apoiará a reeleição do prefeito Eduardo Paes (PMDB) se reuniram na noite de ontem, no Centro do Rio, para um ato de repúdio contra a aliança. O PT indicou o vereador Adilson Pires para vice na chapa de Paes para o desgosto dos dissidentes, que defendem a candidatura própria da legenda.
- Vai custar muito caro ao futuro do PT essa aliança com o PMDB. Esmaece a identidade política do partido no Rio e afasta o PT dos movimentos sociais, que sempre foram sua base natural – disse o deputado federal Alessandro Molon (PT-RJ), organizador do ato.
O ato reuniu membros de seis tendências do partido, o ex-senador Saturnino Braga e 15 representantes sindicais. A economista Maria da Conceição Tavares não compareceu, mas enviou mensagem de apoio ao movimento. O grupo vai reunir as ideias discutidas na reunião em um documento, para entregá-lo às direções municipal, estadual e federal.
Entre outras reclamações, o movimento protesta contra a presença de secretários de Paes em cursos de formação política dados a pré-candidatos do PT a vereador.
- Nós defendemos que o candidato do PT seja formado por quadros historicamente ligados ao partido. Não há razão para terceirizar ao PMDB essa função. Não queremos que o PT seja “peemizado” – afirmou Molon.
O presidente estadual do PT no Rio, Jorge Florêncio, disse que não estava sabendo do ato de repúdio e defendeu a aliança do partido com o PMDB:
- Nós participamos de um governo de coalizão, de parceria. Temos duas secretarias no governo (de Paes). Sobre esta questão de chamar pessoas de outros partidos (para dar palestra em curso de pré-candidatos) já é uma coisa que está sendo feita no plano nacional.

Esta é a segunda vez que o grupo se reúne em um evento para tecer críticas contra a atual direção da sigla no Rio e a gestão de Paes à frente da prefeitura. Em dezembro, o movimento petista Coragem para Mudar já havia realizado um ato de repúdio à coligação do PT com o PMDB.
Em novembro do ano passado, quando os dois partidos selaram a aliança e oficializaram a indicação de Adilson para compor a chapa, o mal-estar foi geral no momento em que Molon falou contrariamente à dobradinha.
Por Juliana Castro
FONTE: O Globo