Foto: José Cruz/Agência Senado |
O senador refez suas críticas ao procurador-geral da República e à publicação; desta vez, ele acusou Gurgel de ter chantageado o então senador Demóstenes Torres na época em que recebeu a Operação Vegas, da PF; Collor quer Gurgel e toda sucursal de Brasília da Veja na CPI do Cachoeira
Agência Senado - Primeiro a discursar em
Plenário nesta segunda-feira (27), o senador Fernando Collor (PTB-AL)
voltou a dirigir críticas ao desempenho de Roberto Gurgel no cargo de
procurador-geral da República. O senador acusou o chefe do Ministério
Público da União de cometer diversos crimes e irregularidades:
prevaricação, improbidade administrativa, crime de responsabilidade e
chantagem.
Segundo Collor, Roberto Gurgel prevaricou por ter demorado mais de
dois anos para adotar qualquer medida em relação à operação Vegas, da
Polícia Federal, anterior à operação Monte Carlo e também voltada às
ações de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Para o senador, a
falta de ação de Gurgel favoreceu a organização criminosa comandada por
Cachoeira, que continuou em ação, e influenciou o resultado das eleições
gerais de 2010 no estado de Goiás, nas quais Marconi Perillo (PSDB) foi
reeleito governador.
- Conforme reconheceu, em depoimento na CPI no dia 12 de junho deste
ano, o próprio governador Marconi Perillo, ao ser questionado exatamente
sobre essa possibilidade. Ele disse: "Sim, se essa operação tivesse
sido desvelada antes das eleições, o resultado em Goiás das eleições em
2010 teriam sido diferentes" – relatou Collor.
O parlamentar afirmou ser imperiosa a convocação de Gurgel para
prestar depoimento à CPI do Cachoeira, para explicar "todos os fatos,
atos e os não atos que estão vindo à luz e que dizem respeito à sua
conduta como chefe maior do Ministério Público".
Collor informou ainda ter protocolado seis representações contra o
procurador geral e contra a subprocuradora Cláudia Sampaio Marques,
esposa de Gurgel. Segundo ela, disse Collor, a decisão de sobrestar o
inquérito da operação Vegas teria sido tomada por ela e pelo
procurador-geral em conjunto com o delegado da Polícia Federal Raul
Alexandre Marques de Souza, responsável pela operação.
- É lamentável ter que afirmar isto da tribuna do Senado, mas a
subprocuradora-geral da República, doutora Claudia Sampaio Marques,
igualmente ao seu marido, mentiu quando fez essa afirmação – declarou o
senador ao lembrar que o próprio delgado desmentiu essa afirmação em
depoimento à CPI.
Collor afirmou que, depois de receber o inquérito da Vegas, a
obrigação de Gurgel era a arquivar o processo ou pedir novas diligências
ou apresentar denúncia à Justiça. Entretanto, disse o senador, o
procurador não tomou nenhuma dessas atitudes em tempo hábil. Collor
ainda acusou Gurgel de ter chegado a chantagear o então senador
Demóstenes Torres (GO), que acabou cassado por envolvimento com as
atividades de Cachoeira.
Revista Veja
Collor também afirmou que, em depoimento recente à CPI do Cachoeira,
dois procuradores deixaram claro haver indícios do envolvimento de
jornalistas da revista Veja com a organização criminosa de Cachoeira.
- Como atestaram os dois procuradores, essa organização criminosa,
que atua 'armada' e é 'altamente sofisticada, complexa e ousada', vem
atuando à margem da lei há mais de uma década e, vejam,
coincidentemente, o mesmo período de convivência e troca de favores
entre o jornalista da Veja, Policarpo Júnior, e o senhor Carlinhos
Cachoeira, com o claro conhecimento do editor e presidente do Conselho
Editorial da Editora Abril, Roberto Civita – afirmou.
O senador chegou a ler trechos de interceptação telefônica que
comprovaria a troca de favores entre o jornalista Policarpo Júnior e
Cachoeira. Collor defendeu a criação de duas novas CPIs para investigar
essas suspeitas.
- Por tudo isso, tenho certeza: quando o senhor Roberto Gurgel
Santos, sua esposa, Cláudia Sampaio Marques, o senhor Roberto Civita, o
senhor Policarpo Júnior, além dos demais servidores da revista Veja,
como o borrador Lauro Jardim e os rabiscadores Hugo Marques, Rodrigo
Rangel e Gustavo Ribeiro, quando todos eles vierem depor na CPI e
tiverem seus sigilos telefônicos e de mensagens quebrados, teremos,
então, provas mais do que suficientes para, quem sabe até, criarmos
novas CPIs: a CPI do Gurgel e a CPI da Veja – concluiu Collor.