São Paulo – A pressão para que o jornalista Policarpo Júnior, diretor da revista Veja
em Brasília, compareça à CPMI do Cachoeira se amplia no Congresso
Nacional. Hoje (14), o deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR) deve
apresentar um novo pedido de convocação, assunto que será debatido entre
os parlamentares.
Segundo o deputado, as denúncias publicadas no fim de semana pela revista Carta Capital,
com base em levantamento que ele mesmo havia feito, justificam a
convocação. Escutas da PF nas operações Vegas e Monte Carlo mostram que a
quadrilha liderada por Cachoeira, além de servir como fonte
jornalística, recebia de Policarpo encomenda de trabalhos que pudessem
embasar suas matérias.
Os fatos são confirmados, de acordo com Dr. Rosinha, por estudo feito
pela assessoria técnica da CPMI, que envolve equipe multidisciplinar e
diferentes setores do poder público. “É uma organização criminosa
utilizando o jornalista Policarpo Júnior para buscar informação ou ele
faz parte da organização? São questões que devem ser levantadas, porque,
se ele faz parte da organização, ele é um criminoso”, disse Dr.
Rosinha.
De acordo com o deputado, dois fatos revelam mais claramente a
ligação entre Policarpo e Carlinhos Cachoeira. Um se refere à invasão do
quarto de hotel do ex-ministro José Dirceu, no ano passado, e outro a
um pedido de dossiê ou gravações sobre o deputado federal Jovair Arantes
(PTB-GO).
“O primeiro caso demonstra um envolvimento da organização criminosa
na busca de informação, no grampo ilegal e emblemático, porque o próprio
ministro à época fez ocorrência denunciando invasão de privacidade. O
segundo caso, quando Policarpo pede ao grupo qualquer tipo de dossiê
sobre o deputado Jovair, eu entendo – na interceptação telefônica feita –
que o pedido foi de grampo. Mas existem alguns que não interpretam
assim. Por isso também é importante a presença do jornalista para
explicar como se deu essa relação”, afirmou Dr. Rosinha.
Cartas marcadas
A denúncia de corrupção nos Correios feita em 2005 pela mesma Veja
e pelo mesmo Policarpo - origem da crise política que levou o então
deputado Roberto Jefferson a denunciar o suposto "mensalão", que ele
agora nega - também aparece como indícios das atividades ilícitas entre o
bicheiro e o jornalista.
“Se hoje houver uma profunda investigação daquela questão que
originou a CMPI dos Correios, eu creio que haverá uma grande
possibilidade de se provar que foram cartas marcadas entre Policarpo e a
organização criminosa”, afirmou.
Liberdade de imprensa
Dr. Rosinha esclarece que a chamada de Policarpo à CPMI não
representa nenhum atentado à liberdade de imprensa, conforme apontado
por alguns setores da mídia conservadora. Para ele, a imprensa no Brasil
é livre, porém, a revista Veja se incrimina ao permitir que uma organização criminosa indique parte de sua pauta.
“Setores da direta e alguns jornalistas - que talvez temam por uma
investigação futura - começam a dizer que não querem que o Policarpo
Júnior vá até a CPMI, porque é um atentado à liberdade de imprensa.
Penso que qualquer cidadão, independente de sua profissão, tenha
suspeita de ter cometido algum crime, precisa ser investigado”, afirmou o
deputado.
Hoje (14) será também debatida pelos parlamentares na comissão mista,
a criação de sub-relatorias, devido ao grande volume de informações que
chegam à CMPI do Cachoeira.