Em SP, 85% querem ações 'diferentes' do novo prefeito
RICARDO MENDONÇA
EDITOR-ASSISTENTE DE PODER
EDITOR-ASSISTENTE DE PODER
A pesquisa Datafolha finalizada anteontem detectou uma tendência que
ajuda a explicar as dificuldades enfrentadas pelo candidato do PSDB,
José Serra. Segundo o instituto, 85% dos eleitores preferem que as ações
do próximo prefeito sejam diferentes das ações do atual, Gilberto
Kassab (PSD).
Com intenções de voto em queda e rejeição em alta, Serra é o único dos candidatos que defende a gestão Kassab.
Os dois estão unidos desde 2004, quando Kassab foi vice de Serra na
chapa pela prefeitura. Em 2006, Kassab virou prefeito após a renúncia de
Serra para disputar o governo estadual. Em 2008, com o apoio de Serra,
Kassab foi reeleito. Agora, apoia a volta do tucano à prefeitura.
O anseio por mudança sempre próximo de 85% ocorre em todas as regiões e
faixas de renda, idade e escolaridade. É majoritária até entre os que
aprovam Kassab (24% dos paulistanos). Nesse grupo, 59% querem ações
diferentes do próximo prefeito.
REJEIÇÃO DE SERRA
O crescimento mais recente da rejeição de Serra (de 38% para 43% em nove
dias) foi puxado pelos eleitores da zona norte, tradicionalmente tida
como conservadora.
Em 20 de agosto, 32% dos eleitores dessa área diziam que não votariam em
Serra de jeito nenhum. Agora, esse índice subiu para 45%. A região
concentra 19% dos eleitores.
Os recordes da rejeição ao tucano estão entre eleitores de 16 a 34 anos
(50%), renda de 2 e 5 salários mínimos (49%) e ensino médio (46%). Na
região sul 2, subdivisão da sul com 21% dos eleitores, a rejeição é de
48%.
São Paulo nunca elegeu um candidato com mais de 32% de rejeição. Na
cúpula da campanha tucana, avalia-se que o atual índice de Serra é
grave, mas pode ser revertido. O entendimento comum é que Serra recupera
sua imagem com até dez programas de TV.
Há, porém, divergências sobre o que fazer. Um grupo entende que Serra
deve "partir para o olho por olho": explicar na TV, explicitamente,
porque renunciou em 2006 e porque defende Kassab.
Outro grupo, este mais próximo de Serra, insiste em fazer uma abordagem
mais sutil desses assuntos. Prefere dar ênfase às propostas para uma
próxima gestão.
Ainda que não digam isso em reuniões e avaliações internas, há gente
dentro do PSDB que atribui o alto índice de rejeição a um cansaço do
eleitorado com a imagem de Serra. Avaliam que o partido falhou ao não
notar a tempo que o clima geral da eleição seria por mudança.
Na pesquisa de anteontem, o Datafolha também investigou os atributos de
cada candidato. Em parte por ser o mais conhecido, Serra lidera em
critérios positivos e negativos. É tido como o mais inteligente e
realizador, por exemplo, mas também como o mais autoritário e o que mais
faz promessas que não poderá cumprir.
Colaborou DANIELA LIMA, de São Paulo.
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