Roberto Jefferson teria inventado a história para se vingar de Dirceu |
Corrêa Barbosa adiantou a sua linha de defesa do cliente em uma
entrevista publicada neste domingo em um portal da internet. O advogado
confessa que a tal mesada, supostamente paga a parlamentares, foi
“objeto de coação”. Jefferson, que se dizia pressionado pelo
partido, criou a palavra como figura retórica para se vingar de seus
algozes. O segundo conceito é o caixa 2, como já admitido por réus, como
Delúbio Soares. Com essa confissão pública, Jefferson derruba a tese
central da peça de acusação do procurador-geral da República, Roberto
Gurgel, estruturada em mais de cinco horas de leitura, no início do
julgamento, sobre as mentiras do ex-parlamentar petebista.
Barbosa criticou, ainda, as falhas na denúncia de Gurgel. Segundo
ele, a defesa do operador do ‘mensalão’, Marcos Valério, feita pelo
advogado Marcelo Leonardo conseguiu desconstruir a tese do
procurador-geral.
– A casa caiu! – exclamou, em entrevista ao portal iG.
Corrêa Barbosa, seguirá linha da defesa de Delúbio Soares: esquema não passava de caixa 2 |
Segundo o advogado, “ele (Leonardo) indicou provas em juízo, ao crivo
do contraditório, que não são aquelas que indicou o procurador-geral
(da fase pré-processual e em tese sem validade, conforme a defesa dos
réus no processo). Essa ação penal vai terminar com um festival de
absolvições porque não tem provas contra quase ninguém”. Barbosa também
ratificou que Roberto Jefferson de fato recebeu R$ 4 milhões do PT. Na
época, o PTB negociou com o PT a concessão de R$ 20 milhões. Segundo a
defesa do petebista, esse dinheiro serviu para o custeio das campanhas
municipais de 2004. A defesa de Jefferson nega que o depósito de R$ 4
milhões foi utilizado para a compra de apoio político do partido visando
a aprovação da reforma da previdência.
– Não há um elemento de prova no processo a não ser a palavra dele
(Roberto Jefferson) de que ele recebeu esses R$ 4 milhões – revela.
Na entrevista em vídeo concedida ao iG, Barbosa confirma que
também vai defender, em favor de Jefferson, a mesma tese apresentada
pela defesa do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, entre outros, segundo
a qual o pagamento de congressistas denunciado pela Procuradoria Geral
da República (PGR) não passou de um mero esquema de Caixa 2 (pagamento
de despesas de campanha não declaradas à Justiça Eleitoral).
Na semana passada, o presidente do PTB já fez essa revelação ao dizer
“José Dirceu me derrubou, mas livrei o Brasil dele”. Essa “vingança”
mobiliza o debate político no Brasil há sete anos e boa parte da
acusação de compra de votos está ancorada no testemunho de um personagem
que, agora, desdiz tudo o que havia dito.