Influenciado por uma “pequena melhoria na educação” e pelo crescimento do emprego
formal, o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea), Marcelo Neri, avaliou hoje (19) que o Brasil está reduzindo “de
maneira brutal” a desigualdade social. Porém, as diferenças entre os
mais ricos e os mais pobres ainda são altas e requerem mais
investimentos em educação e em empreendedorismo.
“A
desigualdade está caindo de uma forma acelerada nos últimos 10 anos. A
metade mais pobre [da população] está crescendo cinco vezes mais rápido
[em termos de renda] que os 10% mais ricos”, afirmou o dirigente, ao
participar, no Rio, do Fórum Nacional, evento organizado pelo Instituto
Nacional de Altos Estudos (Inae) cuja edição debate “novos caminhos para
o desenvolvimento do país”.
Para Neri, a redução da
desigualdade já está mudando o perfil da sociedade brasileira. “A base
da distribuição está com uma taxa de crescimento completamente diferente
em relação à média [da população]. Em certo sentido, isso faz com que o
Brasil se torne um país normal”, completou.
Segundo
Neri, a educação, “que é muito ruim, mas que se tornou menos ruim”, é um
dos motores da queda da desigualdade, assim como o avanço do mercado
formal. De acordo com o economista,
o Brasil gera 2 milhões de emprego por ano, fazendo com que a queda de
diferença de renda entre a população seja “mais sustentada” do que se
tivesse atrelada a programas sociais ou de concessão de crédito, que
podem sofrer alterações conforme as mudanças políticas.
Para
“coroar a mudança” no país, o presidente do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho,
acrescentou que é preciso incluir planejamento de longo prazo dirigido a
setores estruturais. “A logística é um ponto fraco e, por isso, tem
recebido grande investimento”, lembrou. Referindo-se ao pacote lançado
pelo governo federal em agosto, ele disse que “o programa mobilizará o
setor privado e nos dará oportunidade de acelerar investimentos”.
Com
as transformações em curso, o presidente do Ipea conclui que o Brasil
“é uma boa média do mundo”, porque têm diversas situações no mesmo
território. “Os mais pobres são tão pobres quanto os intocáveis indianos
e os mais ricos não são muito distintos dos russos e dos americanos
mais abastados”, comparou.
Segundo Neri, novas informações sobre
as recentes mudanças no país poderão ser conferidas a partir de dados
sobre desigualdade por grupos populacionais da Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílio (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), que será divulgada na próxima sexta-feira (21). “Vai
ser a prova do pudim”, ressaltou.