DE SÃO PAULO
A presidente Dilma Rousseff fez, na noite desta quinta-feira (6), um
pronunciamento em rede nacional de televisão por ocasião do Dia da
Independência, comemorado nesta sexta-feira (7). Leia a seguir a íntegra
do pronunciamento:
Queridas brasileiras e queridos brasileiros,
Com especial alegria, escolhi esta véspera do 7 de Setembro para dar uma
excelente notícia a todos vocês. Estou aqui esta noite para dizer que o
Brasil, depois de conseguir retirar 40 milhões de brasileiros da
pobreza e se transformar na sexta maior economia do mundo, prepara-se
para dar um novo salto - e para crescer mais e melhor.
Não se surpreendam que esta nova arrancada se dê no mesmo momento em que
o mundo se debate em um mar de incertezas. Isso não ocorre por acaso.
Ao contrário de outros países, o Brasil criou, nos últimos anos, um
modelo de desenvolvimento inédito, baseado no crescimento com
estabilidade, no equilíbrio fiscal e na distribuição de renda.
Este modelo produziu efeitos tão poderosos na economia - e na vida das
pessoas - que nem mesmo a maior crise financeira da história conseguiu
nos abalar fortemente.
Como a maioria dos países, tivemos uma redução temporária no índice de
crescimento. Mas já temos as condições objetivas, agora, para iniciar
este novo e decisivo salto, cujos primeiros efeitos já serão percebidos
no próximo ano e que vão se ampliar fortemente nos anos seguintes.
Uma coincidência me deixa feliz: ser justamente em setembro, mês da
primavera e da Independência, o momento em que estamos a plantar as
novas bases desse ciclo de desenvolvimento. Porque ele vai alargar
bastante o caminho de afirmação e independência que nosso país vem
construindo, com muita garra, nos últimos dez anos.
Minhas amigas e meus amigos,
O nosso bem-sucedido modelo de desenvolvimento tem se apoiado em três palavrinhas mágicas: estabilidade, crescimento e inclusão.
Com elas, o Brasil tem conseguido crescer e, ao mesmo tempo, distribuir
renda. Tem conseguido, como poucos países no mundo, reduzir a
desigualdade entre as pessoas e entre as regiões.
Para tornar nosso modelo mais vigoroso e abrir este novo ciclo de
desenvolvimento, vamos, a partir de agora, incorporar uma nova palavra a
este tripé. A palavra é competitividade.
Na verdade, é mais que uma nova palavra: é um novo conceito, uma nova
atitude. Uma forma simples de definir competitividade é dizer que ela
significa baixar custos de produção e baixar preços de produtos para
gerar emprego e gerar renda.
Mas para chegar aí é preciso melhorar a infraestrutura, avançar na
produção de tecnologia e aprimorar os vários níveis de educação, saber e
conhecimento.
Portanto, para ser competitivo, um país precisa de tudo isso.
É deste conjunto de atributos que o Brasil necessita para aperfeiçoar e consolidar nosso modelo de desenvolvimento.
Por isso, estamos lançando um conjunto de medidas que irão baixar o
custo da nossa energia e do nosso transporte, e reforçar, com vigor, a
capacidade de investimento do nosso país.
De forma simultânea, criamos --e estamos a ampliar-- as condições para baixar juros, diminuir impostos e equilibrar o câmbio.
Este novo ciclo que agora se inicia não é fruto de nenhuma mágica. É a
evolução dos bons resultados que conseguimos até aqui e uma necessidade
imperiosa para podermos continuar crescendo e distribuindo renda.
Já somos o país que tem a melhor tecnologia social do mundo e nossos
instrumentos de política social são copiados em dezenas de países.
Estamos, agora, lançando as bases concretas para sermos, no médio e no
longo prazo, um dos países com melhor infraestrutura, com melhor
tecnologia industrial, melhor eficiência produtiva e menor custo de
produção.
Minhas amigas e meus amigos,
Na próxima terça-feira vamos dar um importante passo nesta direção. Vou
ter o prazer de anunciar a mais forte redução de que se tem notícia,
neste país, nas tarifas de energia elétrica das indústrias e dos
consumidores domésticos. A medida vai entrar em vigor no início de 2013.
A partir daí todos os consumidores terão sua tarifa de energia elétrica
reduzida, ou seja, sua conta de luz vai ficar mais barata. Os
consumidores residenciais terão uma redução média de 16,2%. A redução
para o setor produtivo vai chegar a 28%, porque neste setor os custos de
distribuição são menores, já que opera na alta tensão.
Esta queda no custo da energia elétrica tornará o setor produtivo ainda mais competitivo.
Os ganhos, sem dúvida, serão usados tanto para redução de preços para o
consumidor brasileiro, como para os produtos de exportação, o que vai
abrir mais mercados, dentro e fora do país.
A redução da tarifa de energia elétrica vai ajudar também, de forma
especial, as indústrias que estejam em dificuldades, evitando as
demissões de empregados.
Minhas amigas e meus amigos,
A redução do custo da energia elétrica não é a única importante decisão
que estamos tomando para baixar o custo de produção e, por consequência,
aumentar o emprego e diminuir o preço dos produtos brasileiros.
Também acabamos de assinar um conjunto de medidas que vai provocar, no
médio e no longo prazo, uma verdadeira revolução no setor de transportes
no nosso país.
Criamos a Empresa de Planejamento e Logística que, em parceria com a
iniciativa privada, vai promover uma completa reformulação no setor de
rodovias, ferrovias, portos e aeroportos.
Além de restabelecer a capacidade de planejamento do sistema de
transporte, o novo modelo vai promover a integração e acelerar a
construção e modernização de ferrovias, rodovias, portos e aeroportos.
Para que vocês tenham uma ideia, vamos investir 133 bilhões de reais em
rodovias e ferrovias. Isso significa ampliação e melhorias em 10 mil
quilômetros de ferrovias e quase 8 mil quilômetros de rodovias.
Este plano significa, também, um novo tipo de parceria entre o poder
público e a iniciativa privada, que trará benefícios para todos os
setores da economia e para todo o povo brasileiro.
Ao contrário do antigo e questionável modelo de privatização de
ferrovias, que torrou patrimônio público para pagar dívida, e ainda
terminou por gerar monopólios, privilégios, frete elevado e baixa
eficiência, o nosso sistema de concessão vai reforçar o poder regulador
do Estado para garantir qualidade, acabar com os monopólios, e assegurar
o mais baixo custo de frete possível.
Queridas brasileiras e queridos brasileiros,
Um novo ciclo de desenvolvimento só se inicia com mudanças na economia e
na forma de gestão, e fazendo avançar a inclusão social. É isso que
temos feito nos últimos tempos.
Revigoramos os fundamentos da nossa política econômica exitosa, mas, ao
mesmo tempo, iniciamos uma mudança estrutural que tem, como sustentação,
uma taxa de juros baixa, o câmbio competitivo e a redução da carga
tributária.
Estamos conseguindo, por exemplo, uma marcha inédita de redução
constante e vigorosa nos juros, que fez a Selic baixar para cerca de 2%
ao ano, em termos reais. E fez a taxa de juros de longo prazo cair para
menos de 1% ao ano, também em termos reais. Isso me alegra, mas confesso
que ainda não estou satisfeita. Porque os bancos, as financeiras e, de
forma muito especial, os cartões de crédito podem reduzir, ainda mais,
as taxas cobradas ao consumidor final, diminuindo para níveis
civilizados seus ganhos.
Sei que não é uma luta fácil. Mas garanto a vocês que não descansarei
enquanto não vir isso se tornar realidade. Como também não descansarei
na busca de novas formas para diminuir impostos e tarifas sem causar
desequilíbrio às contas públicas, e, notadamente, sem trazer prejuízos a
nossa política social.
E quero ressaltar que estou disposta a abrir um amplo diálogo com todas
as forças políticas e produtivas para aprimorarmos o nosso sistema
tributário.
Queridas brasileiras e queridos brasileiros,
O Brasil, mais que nunca, tem um presente próspero e excelentes
perspectivas para o futuro. Estamos conseguindo isso graças ao talento,
ao esforço e à coragem de todos vocês. Também porque o governo tem agido
certo e na hora certa.
O nosso governo está preocupado, mais que nunca, com a garantia do
emprego e o ganho salarial do trabalhador. A prova disso é que, ao
contrário da maioria dos países do mundo, aqui não houve desemprego nem
perda de direitos dos trabalhadores. E somos um dos países, um dos
poucos países do mundo, onde houve ganho real de salários.
Entre outras medidas, estamos incentivando o emprego por meio da
diminuição dos impostos sobre a folha de pagamento das empresas.
Existe uma coisa mais importante que tudo: aumentamos, a cada dia, a fé e o orgulho no nosso querido Brasil.
Somos, cada vez mais, um país que olha para o presente e para o futuro com um mesmo olhar de alegria, conforto e esperança.
Viva o Sete de Setembro!
Viva o Brasil!
Viva o povo brasileiro!
Obrigada e boa noite.