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Estudo do PT aponta que votações não mudaram com depósitos de Valério


Marcela Rebelo
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Um estudo elaborado pelo Partido dos Trabalhadores (PT) reúne dados para provar que não houve um esquema de compra de votos no Congresso Nacional para aprovar medidas de interesse de governo – chamado de "mensalão". A pedido do deputado Odair Cunha (MG), a assessoria da bancada do partido comparou as votações de projetos de lei com os saques feitos por parlamentares ou seus assessores em contas do empresário Marcos Valério de Souza.
A avaliação final é de que os depósitos não alteraram as votações. Segundo Odair, o resultado reforça a alegação de Valério e do ex-secretário de Finanças do PT, Delúbio Soares, de que os pagamentos eram para cobrir dívidas de campanha eleitoral. "A vinculação dos recursos à compra de votos é uma dedução que não encontra, nos gráficos que fizemos, nenhuma fundamentação sólida", disse o petista.
Confira abaixo os gráficos que mostram o comportamento das bancadas
De acordo com o estudo, foram realizadas 268 votações nominais em 2003 e 2004 – período em que, segundo o ex-deputado Roberto Jefferson, teria ocorrido o esquema. Mas o partido selecionou apenas aquelas em que houve orientação do governo para votação, o que totalizou 238 votações.
O levantamento aponta que os partidos que receberam dinheiro de Valério tiveram indíces de apoio ao governo iguais ou até menores que legendas que nunca receberam, como PDT. O PCdoB foi o partido que mais votou de acordo com o governo, o apoiando em 96,79% das votações. Depois está o PT (96,27%); o PSB (95,31%); o PPS (92,78%); o PL (92,59%); o PTB (88,51%); o PDT (87,37%); o PMDB (85,40%); o PP (80,60%); o PSDB (36,26%); o PFL (32,86%).
"Tivemos um índice de fidelidade sempre acima de 80% e nós tivemos também votos da bancada do PFL e do PSDB acima de 20%", explicou Odair. Segundo o deputado petista, "os partidos da base aliada votaram de acordo com o governo independentemente de repasse". O estudo do PT traz gráficos (ver reprodução acima) que relacionam as quantias recebidas pelo PL, PP, PTB e PMDB, as datas dos repasses feitos por Marcos Valério e a média de apoio ao governo nas 268 votações nominais.
"A tendência dos votos das bancadas indica queda no apoio ao governo justamente em períodos em que há repasses mais elevados", destaca o levantamento – que leva em consideração a relação de sacadores apresentada por Marcos Valério na CPMI da Compra de Votos.
"O PP, por exemplo, só teve recursos a partir de outubro de 2003. Mesmo assim, há um índice de fidelidade do PP ao governo acima de 80% mesmo antes dessa data, quando não havia repasse financeiro", destaca Odair Cunha. Sobre o PTB, o estudo afirma que "o partido teve um comportamento governista, oferecendo mais de 80% dos votos em boa parte das votações, mas houve uma dispersão ao longo do período. Após supostos repasses, no período eleitoral de 2004, a bancada votou ‘contra’ o governo. A tendência de apoio ao governo é de queda".