Entre 150 países, Brasil tem o maior ganho de bem-estar nos últimos 5 anos
by bloglimpinhoecheiroso
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Via Valor Econômico e lido no Vermelho
O
Brasil foi o país que melhor utilizou o crescimento econômico alcançado
nos últimos cinco anos para elevar o padrão de vida e o bem-estar da
população. Se o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu a um
ritmo médio anual de 5,1% entre 2006 e 2011, os ganhos sociais obtidos
no período são equivalentes aos de um país que tivesse registrado
expansão anual de 13% da economia.
A
conclusão é de levantamento feito pela empresa internacional de
consultoria Boston Consulting Group (BCG), que comparou indicadores
econômicos e sociais de 150 países e criou o Índice de Desenvolvimento
Econômico Sustentável (Seda, na sigla em inglês), com base em 51
indicadores coletados em diversas fontes, como Banco Mundial, FMI, ONU e
OCDE.
O
desempenho brasileiro nos últimos anos em relação à melhoria da
qualidade de vida da população é devido principalmente à distribuição de
renda. “O Brasil diminuiu consideravelmente as diferenças de rendimento
entre ricos e pobres na década passada, o que permitiu reduzir a
pobreza extrema pela metade. Ao mesmo tempo, o número de crianças na
escola subiu de 90% para 97% desde os anos 1990”, diz o texto do
relatório “Da riqueza para o bem-estar”, que será oficialmente divulgado
hoje. O estudo também faz referência ao programa Bolsa-Família,
destacando que a ajuda do governo às famílias pobres está ligada à
permanência da criança na escola.
Nessa
comparação de progressos recentes alcançados, o Brasil lidera o índice
com 100 pontos, pontuação atribuída ao país que melhor se saiu nesse
critério de avaliação. Aparecem a seguir Angola (98), Albânia (97,9),
Camboja (97,5) e Uruguai (96,9). A Argentina ficou na 26ª colocação, com
80,4 pontos. Chile (48º) e México (127º) ficaram ainda mais atrás.
Foram
usados dados disponíveis para todos os 150 países e que fossem capazes
de traçar um panorama abrangente de dez diferentes áreas: renda,
estabilidade econômica, emprego, distribuição de renda, sociedade civil,
governança (estabilidade política, liberdade de expressão, direito de
propriedade, baixo nível de corrupção, entre outros itens), educação,
saúde, ambiente e infraestrutura.
O
ranking-base gerou a elaboração de mais três indicadores, para permitir
a comparação do desempenho, efetivo ou potencial, dos países em
momentos diferentes: 1) atual nível socioeconômico do país; 2)
progressos feitos nos últimos cinco anos; e 3) sustentabilidade no longo
prazo das melhorias atingidas.
Como
seria de se esperar, os países mais ricos estão entre os que pontuam
mais alto no ranking que mostra o estágio atual de desenvolvimento.
Nessa base de comparação, que dá conta do “estoque de bem-estar”
existente, a lista é liderada por Suíça e Noruega, com 100 pontos, e
inclui Austrália, Nova Zelândia, Canadá, EUA e Cingapura. Aí o Brasil
aparece em posição intermediária, com 47,8 pontos.
Para
Christian Orglmeister, diretor do escritório do BCG em São Paulo, o
desempenho alcançado pelo Brasil é elogiável, mas deve ser visto com
cautela. “Quando se parte de uma base mais baixa, é mais fácil registrar
progresso. O Brasil está muito melhor do que há cinco anos em várias
áreas, até mesmo em infraestrutura, mas é preciso ainda avançar muito
mais.”
Entre
os países que ocupam os primeiros lugares nesse ranking de melhoria
relativa dos padrões de vida da população nos últimos cinco anos, a
renda per capita anual é muito diversificada, indo desde menos de US$1
mil em alguns países da África até os US$80 mil verificados na Suíça.
Além do Brasil, mais dois países sul-americanos – Peru e Uruguai –
aparecem na lista dos 20 primeiros. Também estão nela três países
africanos que em décadas passadas estiveram envolvidos em guerras civis –
Angola, Etiópia e Ruanda – e que nos anos recentes mostram fortes
ganhos em relação ao padrão de vida. Da Ásia, aparecem na relação
Camboja, Indonésia e Vietnã.
Nova
Zelândia e Polônia também integram esse grupo. O crescimento médio do
PIB neozelandês foi de 1,5%, mas a melhora do bem-estar foi semelhante à
de uma economia que estivesse crescendo 6% ao ano. Na Polônia e na
Indonésia, que atingiram crescimento médio do PIB de 6,5% ano, o padrão
de vida teve elevação digna de uma economia em expansão de 11%.
O
estudo também compara o desempenho recente dos Brics – Brasil, Rússia,
Índia, China e África do Sul – na geração de mais bem-estar para os
cidadãos. Se em relação à expansão da economia, o Brasil ficou atrás dos
seus parceiros entre 2006 e 2011, o país superou a média obtida pelo
bloco em áreas como ambiente, governança, renda, distribuição de renda,
emprego e infraestrutura, diz Orglmeister. China, Rússia, Índia e África
do Sul aparecem apenas em 55º, 77º, 78º e 130º, respectivamente, nessa
base de comparação, que é liderada pelo Brasil.
O
desafio brasileiro, agora, é manter esse ritmo no futuro, afirma o
diretor do BCG. “O Brasil precisa avançar em quatro áreas
principalmente”, diz. “Na melhora da qualidade da educação, na
infraestrutura, na flexibilização do mercado de trabalho e nas
dificuldades burocráticas que ainda existem para fazer negócios no
país.”
Para
Douglas Beal, um dos autores do trabalho e diretor do escritório do BCG
em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, embora os indicadores reunidos
para produzir o Seda pudessem ser utilizados para produzir um novo
índice, esse não é o objetivo do levantamento. “A meta é criar uma
ferramenta de benchmarking, que possa fornecer um quadro amplo. com base
no qual os governos possam agir.”
Leia a íntegra do relatório em www.cbg.com.