Por Ana Flor BRASÍLIA, (Reuters) - Após receber empresários na primeira
semana de volta ao trabalho em 2013, a presidente Dilma Rousseff
reúne-se com ministros na próxima semana para planejar novas ações do
governo de estímulo à competitividade e ampliar o financiamento e
investimentos em infraestrutura, informaram à Reuters duas fontes do
governo.
Nesta quinta e sexta, a presidente ouviu as perspectivas dos
empresários sobre o crescimento da economia brasileira para este ano,
diante do desempenho ruim em 2012.
Ouviu deles, segundo uma das fontes, a garantia de que
participarão em leilões em portos e aeroportos, vão estender
investimentos em produção e, atendendo uma das maiores preocupações do
governo, manter estáveis os índices de emprego --a marca próxima do
pleno emprego tem sido um dos principais ingredientes da alta aprovação
do governo Dilma.
"Nossa preocupação muito grande é a necessidade que se tem de
ampliar investimentos. Esse país nunca teve o volume de obras que está
tendo, nunca teve o volume de obras que está programado e é preciso que
você amplie o financiamento do setor privado", disse a jornalistas
Rodolpho Tourinho, presidente do Sindicato Nacional da Indústria Pesada
(Sinicon).
A presidente havia afirmado, em conversa com jornalistas no final
de dezembro, que era preciso que bancos privados participassem mais de
financiamentos de longo prazo para complementar o que o Banco Nacional
de Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES) já oferece ao setor
produtivo.
Nesta sexta, o presidente do Bradesco, Luiz Trabuco, estava entre
os que mantiveram reuniões com a presidente. Ela também se reuniu com o
presidente do Grupo Lafarge, Bruno Lafont. Na quinta, recebeu os
presidentes da Vale, Murilo Ferreira, da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e
Rubens Ometto, presidente do Conselho de Administração da Cosan.
De uma forma geral, os empresários demonstraram acreditar em uma
maior recuperação da economia neste ano. Para o governo, é essencial
crescer já no primeiro trimestre do ano, sinalizando a perspectiva
econômica mais positiva para este início da segunda metade do mandato de
Dilma, que deve enfrentar uma campanha para reeleição no ano que vem.
"Muita coisa já está sendo feita. A gente precisa colocar agora
em prática, acho, apontar o direcionamento", disse a jornalistas
Odebrecht.
Em 2012, apesar dos inúmeros incentivos dados pelo governo e de a
Selic ter sido reduzida para a mínima histórica de 7,25 por cento ao
ano, a economia brasileira não decolou e deve ter expansão de cerca de 1
por cento. Entre as medidas tomadas pelo governo, estão a redução do
Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para produtos da chamada
linha branca e automóveis e a desoneração de folha de pagamento em
diversos setores.
A crise internacional é um dos fatores apontados pela equipe
econômica para o mau desempenho, que defende que a recuperação já está
em curso. Para o mercado, o Produto Interno Bruto (PIB) do país deve ter
crescimento de 3,5 por cento neste ano, segundo pesquisa da Reuters.
Além do desafio de fazer o país crescer, a presidente Dilma
enfrentou ainda no início deste ano desconfiança em torno da garantia do
abastecimento de energia, em meio aos menores níveis dos reservatórios
das hidrelétricas do país em dez anos.
Tanto na quinta quanto nesta sexta, os empresários afirmaram que é
muito positivo ter uma relação estreita com a presidente. Dilma tem
ouvido com frequência representantes de vários setores, e já fez pelo
menos duas reuniões ampliadas com empresários.
Segundo assessores, a presidente ainda está definindo o formato
das reuniões na próxima semana com ministros, muitos de férias até
segunda-feira. Ela poderá intercalar encontros individuais com reuniões
setoriais.
(Reportagem adicional de Hugo Bachega)