Ex-presidente aproveitou o discurso para
uma plateia de sindicalistas americanos para mandar recado à presidente
Dilma, que vive relação difícil com a classe no Brasil
247 - Em discurso para uma plateia de
sindicalistas americanos, o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva
afirmou neste domingo, 3, em Washington (EUA), que vai continuar ativo
na política, além de defender enfaticamente o legado de seu governo.
"Eu falo todo dia para a minha mulher: Marisa, não espere que eu
morra dentro de casa. Quando eu morrer um dia, vai ser num palanque, vai
ser em algum lugar falando alguma coisa, brigando com alguém", disse
Lula.
O presidente também aproveitou a ocasião para mandar um recado à sua
sucessora Dilma Rousseff. Ele disse que os governos, incluindo o da
petista, precisam ouvir os sindicatos.
"O presidente Obama têm de ouvir vocês, a Dilma tem de ouvir os
sindicatos, e os argentinos...", disse Lula, na conferência anual da
UAW, a maior central sindical do setor automotivo nos EUA.
A presidente Dilma vive nesse momento uma relação difícil com os
sindicalistas brasileiros, que têm se queixado da pouca atenção por
parte do governo.
Lula defendeu que o movimento sindical americano não pode tolerar a
imposição de empresas, como a Nissan, que rejeitam a sindicalização de
seus funcionários como requisito para realizar seu investimento no país.
Estimulou ainda os sindicalistas a se candidatarem a postos públicos,
assim como ele, e não esperar que políticos da elite os represente no
Congresso.
"Eu nunca pensei em virar sindicalista, e virei presidente do
sindicato; nunca pensei em ser político, e criei um partido; nunca
pensei em ser candidato a vereador, a síndico do meu prédio e virei
presidente. A luta fez com que eu desse passo atrás de passo", afirmou
Lula. "Não há espaço na minha vida para desistir."
A expectativa é que nesta segunda-feira o procurador-geral da
República, Roberto Gurgel, envie ao Ministério Público de São Paulo a
acusação do publicitário Marcos Valério de que Lula teria sido
favorecido por recursos do mensalão. A denúncia foi feita em setembro do
ano passado, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) já julgava o
processo.