by bloglimpinhoecheiroso |
Imaginem
uma jovem filha de um senador, deputado ou político, sem muitas
credenciais nos meios jurídicos, entrar na lista de indicações da OAB
para ser desembargadora do Rio de Janeiro. Iriam crucificar o político
no noticiário, não é?
Pois
a jovem Marianna Fux, filha do ministro do STF Luiz Fux, concorre a uma
vaga de desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Se
tivesse feito carreira por concurso público, nada haveria a questionar,
mas ela se candidata por intermédio da vaga reservada para indicação
pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), onde vale muito o prestígio e a
rede de relacionamentos com os poderosos ou com a própria classe.
Seu currículo,
mostrado no “site” do escritório de advocacia Sérgio Bermudes, onde
trabalha, diz que bacharelou-se em Direito pela Universidade Cândido
Mendes (Ucam), no Rio de Janeiro, é pós-graduada em Teoria das
Obrigações e Prática Contratual pelo programa de educação continuada da
Fundação Getulio Vargas (FGV), indica seu número de inscrição na OAB e
só. Um currículo modesto para quem aspira ser desembargadora.
A
família Fux não é a única nesta situação. A filha do ministro Marco
Aurélio de Mello também concorre também via vaga da OAB, mas uma não
atrapalha a outra, pois é em outro tribunal, o Tribunal Regional
Federal.
Não
é nada proibido pela lei e, de certa forma, é mais ou menos assim que a
banda toca no preenchimento desse tipo de vaga, mas é o que costuma se
chamar de “peixada”, “pistolão”, não é mesmo?
Se
a advogada deseja ingressar na carreira pública, por que não fazer um
concurso para juíza, para procuradora ou para defensora pública? E, se
se destacar no cargo, aí sim almejar os postos mais altos.
Se
fosse filha de político, diriam que não é republicano, apareceriam os
indignados vociferando nas redes sociais. Pois o vício de querer passar o
poder de pai para filho no Judiciário é o mesmo de oligarquias
políticas que se perpetuam no poder ao longo de gerações. Os políticos,
pelo menos, bem ou mal, têm de passar pela prova das urnas de quatro em
quatro anos.