Kevin, o menino atingido pelo sinalizador! |
Um assunto difícil de tocar, mas
necessário.
Tenho 59 anos. A primeira vez que fui
assistir a um jogo do Mengão, eu tinha 7 anos. Meu pai me levou. No meio do 2º
tempo, o Mengo perdia de 4x1 e pedi meu pai para ir embora. Ele entendeu e saímos.
O Mengo fez mais dois gols, perdeu o jogo.
Nunca mais deixei de ir ao estádio. Sou
do tempo em que as torcidas se misturavam na arquibancada na direção do meio do
campo. Era a “zona mista”. Nada de brigas. Apenas um gozando o outro, mesmo num
Flamengo e Vasco ou Fla x Flu.
Aos poucos isso foi se complicando e as
torcidas se separando. A hegemonia no futebol carioca fica entre Fla x Flu. Tanto
Vasco como Botafogo ficam longo tempo sem ganhar o Carioca. Talvez por isso, as
brigas, e gozações.
Com a ditadura, e a miséria se
espalhando, a violência geral alcançou os campos de futebol e até fora dele.
Na Europa assistimos babando os jogos
com campos sem fosso ou grades, e torcidas misturadas. Sem brigas sérias. Umas
rusgas aqui e ali que os próprios torcedores resolvem, pelo respeito ao acordo
feito de se comportarem em campo, e pela sábia forma de repressão usada na
Inglaterra e copiada pelo resto da Europa.
Filmava-se os baderneiros e, em dias de
jogos eles têm que se apresentar em uma delegacia mais perto de sua casa.
Pronto. Ninguém mais foi a estádios para brigar.
O ocorrido na Bolivia retrata oque
acontece, hoje, em muitos estádios brasileiros e até fora deles. Uma pessoa com
a camisa de um time que não o meu “é inimigo mortal”. Aqui no Rio, em São Paulo,
algumas pessoas já foram assassinadas. Infelizmente torcedores do Corinthians estão quase sempre envolvidos,
em qualquer lugar do Brasil.
Ir para um estádio de futebol “armado”
(esse sinalizador equivale a uma arma) é uma total subversão do que significa
torcer para seu time. Assassinar alguém, mesmo que sem intenção, é crime. E como
tal deve ser punido.
Estamos as vésperas de uma copa e de uma
Olimpíada. Está na hora de levarmos para os estádios todo o desenvolvimento
alcançado pelo Brasil nos últimos anos para dentro dos estádios. E infelizmente,
punir exemplarmante esse acontecimento.
Houve uma morte estúpida em um campo de
futebol. Não podemos compactuar com isso!