Lucio Gregori - Tarifa zero é possível |
O
engenheiro Lúcio Gregori, secretário de Transportes na cidade de São
Paulo no governo Luíza Erundina (1989 a 1992 - eleita pelo PT), argumenta que a política
tributária no Brasil impede a aplicação da gratuidade no transporte
coletivo, tão viável quanto o SUS (Sistema Único de Saúde), escolas
públicas e coleta de lixo.
Gregori avalia que uma das formas de pressionar por um transporte
mais barato é fazer justamente o que os jovens paulistanos estão
fazendo: ocupar as ruas e cobrar a redução da tarifa.
Em sua opinião, transporte não é uma questão técnica, mas um debate em que está colocada a disputa pelos recursos públicos.
Gregori diz que no Brasil a tradição é “transformar o transporte
coletivo numa atividade econômica atraente para o setor privado e que
acaba sendo prejudicial para as pessoas que usam o transporte e para a
cidade como um todo”.
Três fatores contribuem para isso, segundo ele.
“O primeiro é o sistema de concessão de serviço público por tempo
muito prolongado, podendo chegar a 25 anos, o que vai contra a dinâmica
das cidades e causa contradições de interesses futuramente.
O segundo é o
modelo de vincular o transporte coletivo ao pagamento da tarifa e
tratá-lo como um negócio qualquer, sendo que é um serviço de utilidade
pública.
O terceiro ponto é a priorização do transporte individual
motorizado.”
“O resultado é um transporte coletivo ruim e caro, e o grande sonho
de todos é ter um carro para se libertar, levando a congestionamentos,
estresse, poluição e mau funcionamento das cidades como um todo.
O
cidadão tem o direito de ir e vir, mas não tem como exercê-lo, sendo
sonegado o acesso da população a vários serviços básicos, culturais
etc.”