Foi um dos maiores momentos da história diplomática nacional – se não o maior – o discurso de Dilma hoje na ONU.
A
justa, exata, forte pancada na espionagem americana simboliza um país
que cansou de se colocar de joelhos perante a predação americana.
Os
Estados Unidos abusaram da paciência não apenas do Brasil – mas do
mundo. Se fosse um filme, eles fariam o papel de policial – mas um
policial que, nos bastidores, é um criminoso intensamente perigoso.
A
fala de Dilma consagra, também, o bravo Snowden, o jovem americano que
sacrificou uma vida mansa no Havaí para expor ao mundo um esquema de
espionagem planetário de extrema delinquência.
Não
é de hoje que a política externa americana é um horror. Leia –
recomendo vivamente – “A História do Povo Americano”, de Howard Zinn.
Nas
Filipinas, no México, em Cuba, na Coreia, na Guatemala, no Irã, no
Vietnã, no Iraque, no Afeganistão, em tudo que é lugar em que se meteram
os Estados Unidos levaram praticamente desde sua independência
destruição e exploração. Com sua política predatória sistemática no
Oriente Médio, os americanos acabaram por se tornar uma fábrica de
terroristas: jovens islâmicos em quantidade crescente se revoltam, se
radicalizam e, desesperados, morrem e matam em seu ódio aos Estados
Unidos.
É
tal a raiva que os americanos despertam no mundo árabe que cresceram lá
extraordinariamente, nos últimos meses, atentados de soldados locais
treinados por tropas ocidentais. Teoricamente aliados, tais soldados
simplesmente se viram e atiram contra forças americanas, britânicas etc.
No
próprio Brasil, os americanos tiveram participação expressiva – com a
famigerada CIA -- no golpe militar que acabaria transformando o país no
campeão mundial da iniquidade.
Os horrores americanos apenas se tornaram mais claros hoje graças à disseminação ampla de informações pela internet.
É neste quadro novo que entra o Wikileaks, que mostrou a guerra do Iraque como ela é, e não como os americanos fingiam que era.
E é aí também que brilha Snowden.
Snowden, caçado, ajudou as pessoas a entender melhor o mundo. De quantas pessoas se pode dizer o
mesmo?
Paulo Nogueira