Série: Os 45 escândalos de FHC. 3º....

3 – A farra do Proer


O Proer demonstrou, já em 1996, como seriam as relações do governo FHC com o sistema financeiro. Para FHC, o custo do programa ao Tesouro Nacional foi de 1% do PIB. 
Para os ex-presidentes do BC, Gustavo Loyola e Gustavo Franco, atingiu 3% do PIB. 
Mas para economistas da Cepal, os gastos chegaram a 12,3% do PIB, ou R$ 111,3 bilhões, incluindo a recapitalização do Banco do Brasil, da CEF e o socorro aos bancos estaduais.
Noticias da época  
 São Paulo, terça, 20 de janeiro de 1998.

SISTEMA FINANCEIRO
Apesar do retorno baixo, governo defende o programa
Proer só recupera 5,71% do dinheiro que emprestou
da Sucursal de Brasília

Do total de R$ 21 bilhões que o Proer (programa de socorro aos bancos privados em dificuldades) liberou desde que foi criado, em novembro de 1995, apenas R$ 1,2 bilhão foi recuperado, em dinheiro, pelo governo federal.

Essa parcela, que representa 5,71% do total emprestado aos bancos, corresponde basicamente aos recursos recebidos pelo Banco Central com a venda das ações do Banco Nacional, adquirido pelo Unibanco.


O Proer também já se apropriou de R$ 13,2 bilhões (em títulos da dívida federal, na maior parte dos casos) entregues como garantia dos empréstimos. Isso significa abatimento da dívida da União.


Como o Proer aceita títulos "podres" -de pouca aceitação no mercado e negociados com des conto sobre seu valor nominal- em garantia dos empréstimos, é natural que os pagamentos em di nheiro sejam minoria.
O Proer ainda tem a receber R$ 9,7 bilhões. Esse valor corresponde a R$ 6,6 bilhões restantes em prestados e ainda não pagos mais R$ 3,1 bilhões de juros.
Descontando-se os juros, o total emprestado pelo Proer soma R$ 21 bilhões.


O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, José Roberto Mendonça de Barros, afirmou ontem que a crise asiática confirmou que o Proer foi "decisivo" na redução dos riscos do sistema financeiro nacional.


Segundo Mendonça de Barros, este ano o principal instrumento do programa de reestruturação do setor financeiro em curso será o Proes (programa de socorro aos bancos estaduais).


Os acordos de renegociação das dívidas estaduais que serão fecha dos este ano implicarão a privati zação e reestruturação dos bancos, ou sua transformação em agências de desenvolvimento.


Mendonça de Barros afirmou que, para viabilizar esses proces sos, o Proes liberará recursos "consideráveis".
O secretário afirmou que, com a melhora do perfil dos créditos pú blicos, aliada à estabilização, o go verno está esperando que o siste ma bancário aumente o seu volu me de financiamentos.


Com isso, a expectativa é que os custos dos empréstimos caiam. As linhas que devem ser mais facilita das, segundo o secretário, são as imobiliárias e ao consumidor.


Desde a implantação do Plano Real em 94, o total de instituições financeiras operantes no país pas sou de 271 para 248. Essa redução tem sido acompanhada de uma queda da participação dos setor fi nanceiro no PIB (Produto Interno Bruto, a soma das riquezas produ zidas no país).
Em 1994, essa participação cor respondia a 12,37% do PIB. Em 1995, a participação baixou para 6,94% do PIB. Este ano, segundo Mendonça de Barros, a participa ção deverá ficar entre 3% e 5%.