Reflexões sobre o PT A origem do ódio!



Proposta interna


O PT nasce da necessidade dos trabalhadores do Brasil construírem um partido seu. 

A partir desse partido, não cotaríamos mais em “políticos profissionais” e proporcionaríamos aos trabalhadores mais simples, mais humildes, sem dinheiro, fazer campanha política e mostrar que eram capazes, não somente de criticar, mas de mostrar saídas viáveis através da política.


A proposta era de se fazer política LIMPA, saudável e transformadora. Essa era a política em que ninguém acreditava. 

Era deixar de delegar seus desejos a outro e, você mesmo ser capaz de realizar isso, através de uma candidatura escolhida por maioria, e que atendesse, de verdade, aos anseios das camadas trabalhadores.


Apenas como fato histórico, no início cogitou-se de exigir que, para se filiar ao PT, deveria ter carteira assinada. Logo vimos que seria uma imposição descabida.


Mas, exigia-se engajamento na luta. Foi difícil aceitar, pequenos proprietários, que ajudavam o partido e acreditavam naquela proposta.


Além do mais, aquele momento era momento de fortalecer o PT. Precisávamos de apoio e filiações, porque outra decisão importante, que foi tomada, era a de que não poderíamos ficar na clandestinidade, participando apenas de sindicatos e movimentos populares. 

Muitos afirmavam que essa era a melhor proposta. Um “partido” com viés mais anarquista, que atuaria “por fora” e que não se institucionalizaria. Logo vimos que isso não era possível, e que o momento na sociedade exigia uma intervenção mais contundente, de mudanças e de apresentar uma verdadeira proposta aos trabalhadores. 

Era tempo, e era preciso, de ir às portas de fábrica, ao campo, às lojas e dizer que estávamos construindo um partido “de baixo para cima”.


Claro que as lideranças eram importantes. LULA, Florestan, Tarso, Vladimir, enfim, todos os que conhecemos como históricos.


Mas era a esperança de fazermos políticas, sem os políticos tradicionais. Infelizmente a história mostrou que o PT se afastou dessa verve inicial. Os parlamentares passaram a se perpetuar. 

O dinheiro de salário na política é muito generoso, e foi ficando cada vez mais longe o revezamento entre os nossos políticos, como defendíamos lá na fundação.



Proposta externa



Para a sociedade em geral, se é que podemos nos separar assim da sociedade, como se não vivêssemos dentro dela, o PT começou a fazer o discurso da honestidade e da probidade dos políticos. 

Os nossos eram os melhores. Os do PT NUNCA se metem em falcatruas. Não há um só parlamentar do PT metido com essa turma da antiga.


Isso foi ficando cada vez mais forte. E assim fomos adquirindo o respeito da sociedade “fora da política”. 

Fomos avançando cada vez mais, elegendo vereadores. Deputados estaduais e federais, prefeitos e governadores. Criamos o “modo petista de governar” com gestões participativas e o povo no poder(?). Assim fomos angariando filiados e adquirindo o respeito do povo. 

Uma derrapagem aqui, outro acolá, não nos descredenciava. Pelo contrário, expulsávamos àqueles que não “rezavam pela cartilha do PT”.


Finalmente chegamos a presidência da República. Já aí fazendo concessões à “sociedade organizada” (leiam capital nacional e internacional). LULA assina a “Carta ao Brasileiros” e nela abre mão de muita coisa que nós éramos contra. 

Isso para não “assustar o eleitorado”. Coloca em sua chapa um candidato a vice, nitidamente representante do “capital”. 

Por mais que José Alencar tivesse uma história parecida com a de LULA, vindo de camada mais pobre até ser empresário, era um empresário. Patrão, e capitalista.


Aqui chamo atenção para esse divisor de águas.

Segundo palavras de LULA, “não dava mais para esperar conscientização do povo e mudar”. 

Era urgente se apossar da máquina e fazer as mudanças necessárias. Colocar comida na mesa do pobre, pelo menos três refeições por dia, e distribuir renda.


Mas o PT ficou a reboque disso. Perdeu a oportunidade de realizar um grande trabalho de conscientização de massas. 

Não soubemos capitalizar isso, em prol do partido. Ficou tudo muito sobre LULA e depois DILMA.


Disso se aproveitaram a mídia canalha e a direita. Mas disso vou falar amais adiante para explicar o ódio. 


Sabemos que muita coisa deu certo. Defendemos isso hoje, como petistas que somos. Todas as ações sociais do governo do PT, foram na direção das massas mais pobres. 

Que, a despeito das campanhas sórdidas da mídia canalha e da oposição, ganhou mais três eleições e pode ganhar a quarta. 

É a maior transferência de renda jamais realizada nesse país e talvez no mundo. Obras volumosas. Emprego apara muita gente. Mas.....e aí?



 Começa a onda de ódio, contra o PT!


Isso, na verdade começa, após a queda de Collor de Mello. No dia do início do processo do dito “mensalão”, eu estava em Brasília e, no Bom dia Brasília, o jornalista Alexandro Garcia (notório adversário do PT e o primeiro a disseminar ódio contra o partido) anuncia a denúncia de Roberto Jeferson dizendo” Roberto Jeferson cumpre sua promessa. 

Após a derrubada de Collor ele disse que iria destruir José Dirceu e o PT. Iria provar que o PT era um partido como os outros. Iria acabar com o PT”. (Venho tentado encontrar gravação desse dia, mas não há na internet).


Com o advento do “mensalão”, inicia-se a caça ao PT.


É preciso acabar com aquilo de mais sublime que o partido pregava. 

A honestidade. 

Envolver as pessoas do partido naquilo que eles chamaram de “o maior escândalo de corrupção jamais visto na república”. 

É assim que a mídia canalha se refere até hoje. Uma vergonha. Transmitida pela TV ao vivo, sessões do STF viraram palco para discursos “ptfóbicos” de pseudo juízes. 

Mas, ali começa a se plantar o ódio contra o PT.


E por que?


Porque é a única forma de destruir o patrimônio que todos os nossos políticos amealharam em todos esses anos. 

De tal forma, que, ainda hoje, o PT é a maior bancada federal em Brasília. 

Ainda assim é o partido com o menor número de parlamentares cassados por corrupção. Ainda assim elege governadores no 1º turno, na Bahia e em Minas.


Mas por que tanto ódio do povo em geral?

Esse ódio foi sendo disseminado pela mídia. Alguns jornalistas claramente falam disso. Querem destruir o partido.

“No Brasil, o sucesso é ofensa pessoal”.

Essa frase dita por Tom Jobim, para mim, é o início desse ódio.


Foram anos e anos de cangalha e escravidão.

A educação formal fracassada.


As pessoas desempregadas e com fome.


O PT e LULA, acabam com a “síndrome do vira-lata” como dizia Nelson Rodrigues. Começa a viajar para a Europa e os EUA. 

Os europeus e americanos aprendendo a falara português, para melhor nos receber. Aqui, o salário mínimo crescendo e o empréstimo consignado dando ao aposentado e ao pobre a chance de ter coisa que, antes eram privilégios de uma minoria. Aeroportos transformados em rodoviárias. Restaurantes cheiro de gente que nem saiam de casa. 

Os detentores do capital, do poder da mídia, perdendo espaço. A internet bombando e as pessoas buscando outras mídias para se divertir. 

Uma virada de cabeça para baixo, e sem o controle deles, ou melhor, na mão do PT e de seus parlamentares.


Isso começou a ser encarado como ofensa pessoal.



Como pode essa gente que não é da política, que veio nem sei de onde, fazer melhor que os ricos, os donos da Casa Grande? 

Quando as pessoas ameaçam de morte a Jô Soares por entrevistar DILMA e tentam agredir uma pessoa vestida de vermelho, elas estão extrapolando essa “ofensa pessoal”. 

Esse Brasil não podia dar certo, do jeito que vem dando, na mão de “pretos, pobres, nordestinos e petistas”.



As manifestações de “milhões de pessoas” (não chegam a 2 milhões, contra 54 milhões que votaram em DILMA e no PT) passaram a ser “ a voz do povo”. 

Que povo? 

A classe média abastada, que agora tem que pagar a doméstica na forma da lei. 

Que não pode mais trazer aquela menininha do interior para servir de mucama de seus filhos e homens, na cidade. Essa gente que agora tem valor.



Mas, vejam, muitos esses acabam contaminados pelo que dizem a mídia canalha e seus patrões. Com esse discurso hipócrita de “todo petista é ladrão”, fraudam no seu dia a dia, mas fazem discurso de vestais.



Aqui as igrejas fundamentalistas, tem peso enorme. Povo consciente, não se deixa enganar por pastores do dinheiro. Povo de olho aberto, livre, não se prende a nenhuma religião. 

Religião deveria ser libertadora e, ao contrário, eles escravizam, e agora, incitam o povo mais humilde, contra tudo e todos, insuflando com o discurso de que “só eles têm a verdade”. 

Daí, conscientizar é desalienar. E isso eles não querem. E tome ódio contra o PT, contra LULA e DILMA.




Mas, e o PT, como ficou nessa história?

O PT abriu mão de administrar o trabalho e resolveu administrar o capital. 

As relações sindicais de hoje são as mesmas de ante de LULA. Não conseguimos desafiara os 
trabalhadores a administrar as empresas do governo. 
Ficamos com medo de sermos taxados de comunistas, socialistas e tudo aquilo que, hoje nos atacam.



Deixamos de fazer trabalho REAL de conscientização, com os trabalhadores, nas associações de bairro. 

Fomos para dentro dos governos, parlamentos, e acabamos engolidos por essa máquina devoradora que é o capitalismo.



Deixamos de fazer Administração participativa. Não fizemos isso a nível de governo federal, e, o pior, não soubemos trazer para nós, todas as benfeitorias realizadas pelos nossos governos. 

Até o PMDB e os partido menores, aliados, capitalizam isso. A presidência da câmara era para ser nossa. 

Abrimos mão e por medo, estamos no canto acuados de forma que não conseguimos encontrar saídas para nossa inoperância.



As saídas, onde estão as saídas?

A retomada é tão simples, que confunde. Não é fazer discurso apoplético, nem execrar o passado. É partir para a frente de batalha. 

Como?


Usando a contra-informação saudável. Um jornal com MUITA DIVULGAÇÃO daquilo de bo que acontece no país.


Usar os meios de comunicação mais simples. Panfletos. 
Jornais de bairro.

Retomar as reuniões de núcleo e, acima de tudo, retomar o trabalho de formação com o povo.

Urge isso!

Retomar o trabalho de formação.

Nos sindicatos.

Nos partidos de esquerda.

Nas ruas.

E isso precisa ser retomado AGORA!

JÁ!

Não só visando as eleições de 2016, mas visando uma nova militância, um povo mais alerta e esclarecido.

A hora é agora!

Paulo Morani

25/0/2015