Em agosto, PETROBRÁS tira dinheiro de investimento e paga ao governo!

Petrobras sangrará o caixa, 

pagando impostos atrasados.

Notícia Publicada em 06/08/2015 21:15

Acerto de contas com a Receita Federal jogou contra os resultados do primeiro semestre

De olho: Petrobras pode ajudar, sem querer, querendo, as contas do governo (Divulgação/Agência Petrobras)
SÃO PAULO – A Petrobras pagou, no primeiro semestre, R$ 3,1 bilhões em Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para a Receita Federal. Foi o desfecho de um caso que se arrastava há alguns anos, e também a punição por transações realizadas pela empresa com uma controlada no exterior. 

Além de pesar sobre o lucro da companhia, o movimento deixou uma pulga atrás da orelha dos jornalistas, durante a entrevista concedida pela diretoria nesta quinta-feira (6): o bilionário passivo tributário da estatal poderia sangrar o caixa para ajudar a fechar as contas do Tesouro?

Não há nada de errado em estar em dia com o Fisco, mas a empresa chamou a atenção dos jornalistas, ao mencionar que isso foi um dos fatores que mais pesaram para a queda de 43% no lucro semestral. 

De R$ 10,4 bilhões, no ano passado, a última linha do balanço baixou para R$ 5,9 bilhões. O resultado só do segundo trimestre foi ainda mais fraco: apenas R$ 500 milhões, justamente porque foi nele que a Petrobras contabilizou o pagamento do IOF polêmico. 


Os dois principais nomes da nova administração da empresa, o presidente Aldemir Bendine, e o diretor financeiro, Ivan Monteiro, procuraram, em vários instantes, mostrar que a decisão de pagar o IOF e encerrar a briga com a Receita Federal não teve nada a ver com a necessidade do governo, neste instante, de raspar cada centavo a que tem direito, a fim de evitar um rombo maior nas contas.

O termo mais usado (e mais dolorido aos ouvidos) pela dupla foi “vantajosidade”. Segundo Bendine e Monteiro, a Petrobras decidiu encerrar o caso, porque houve mais “vantajosidade”. 

Traduzindo: era melhor pagar a dívida, do que arcar com ela. Pesaram a favor da decisão, segundo os executivos, quanto a empresa ainda poderia gastar, se continuasse com o litígio, e de que forma essa dívida poderia ser revertida a seu favor, no futuro.

"Não é comigo"
No momento mais enfático, Bendine afirmou: “não estamos aqui para fazer superávit para o Tesouro. Fazer superávit é um problema do Tesouro, não nosso”. 

O presidente da estatal evitou, porém, informar o tamanho do passivo tributário da companhia, estimado por alguns em até R$ 60 bilhões. Segundo Bendine, o montante é “expressivo”, mas não deve ser revelado, para não “gerar expectativas”.

É compreensível a dúvida dos jornalistas. Basta lembrar que a Petrobras está sujeita a todo tipo de interferência política – do loteamento de cargos, que culminou no escandaloso esquema de corrupção revelado pela Operação Lava Jato, até seu uso para domar a inflação. 

No primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, por exemplo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que acumulava também a presidência do conselho de administração da estatal, fez o que pôde para evitar que a alta do barril do petróleo, no exterior, fosse repassada pela empresa para os consumidores. 

O motivo: isso pressionaria ainda mais a inflação, que já não andava bem.

Daí a aproveitar um caixa que deve encerrar o ano em US$ 20 bilhões para pôr em dia tributos atrasados e contribuir com o esforço da equipe econômica para gerar um suspiro de superávit primário, não há uma distância muito grande. A última pergunta que fica é: como a maior empresa do país, sendo estatal e tendo o conselho presidido pelo ministro da Fazenda, atrasa o pagamento de impostos?