16/11/2017 16:58
Da Fundação Perseu Abramo
O
governo ilegítimo de Temer anunciou um corte de 92% no orçamento do
Programa Cisternas do Ministério de Desenvolvimento Social para o
próximo ano.
A seca no Nordeste é historicamente um problema social que
atinge 23 milhões de brasileiros, muitos dos quais compartilham de
histórias de fome, sede e migração devido à impossibilidade de continuar
em suas comunidades em épocas de seca no passado.
O Programa
Cisternas, iniciado pela Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA) no
começo dos anos 2000, é o resultado de uma tecnologia social que surgiu
de experiências locais com a participação da sociedade civil e se tornou
um programa de governo devido ao seu maior êxito, que foi possibilitar à
população do semiárido a convivência com a seca.
Na prática, as
cisternas são construções de cimento ao lado de casas de famílias que
moram em zonas rurais do semiárido e tinham dificuldade de acesso à água
devido à característica de municípios pequenos e domicílios difusos,
dificultando soluções tradicionais de abastecimento público de água.
Essas
construções armazenam a água da chuva e possibilitam que uma família de
até cinco pessoas possa utilizar a água para consumo humano durante
oito meses em período de seca.
Também existe a modalidade de cisternas
para a agricultura familiar e criação de animais para possibilitar que
as famílias rurais mantenham as condições básicas de alimentação para o
sustento no período da seca.
A importância do programa foi
reconhecida na COP 13 (Conferência das Partes da Convenção-Quadro das
Nações Unidas sobre a Mudança do Clima) como uma política de sucesso,
sobretudo no contexto das mudanças climáticas previstas para o futuro. O
programa foi contemplado com o segundo lugar no Prêmio Internacional de
Política para o Futuro 2017 (World Future Council).
Desde o seu
início, o Programa Cisternas possibilitou a cinco milhões de pessoas o
acesso a água potável por meio da construção de mais de um milhão de
cisternas entre tecnologias voltadas para o consumo humano, produção de
alimentos e cisternas escolares.
Segundo a ASA, ainda há a necessidade
da construção de 350 mil novas cisternas, no entanto com o corte
previsto só seriam possível construir cinco mil cisternas, bem no
momento em que o semiárido vive a maior seca dos últimos cem anos.