A busca do motivo desse ódio tem me levado a pesquisas sem fim.
Confesso que não tem sido fácil encontrar a motivação para esse sentimento.
Entendo, inclusive que esse sentimento se voltou contra os trabalhadores e
contra, principalmente, os mais pobres.
Nessa procura me deparo com um livro que entendi que podia me
ajudar. O principio de Noé, é o nome do livro de Michel Lacroix, 1997. Nele descubro uma palavra que é o ponto de
partida para essa análise, que estou fazendo agora, que me parece é um caminho
para essa compreensão.
Vamos lá.
Promovido pelos governos de LULA e DILMA e por vários governos
estaduais de esquerda, as pessoas de classe mais pobre e classe média baixa,
obtiveram acesso a bens e serviços que antes eram acessados, apenas, pelos mais
abastados. Passagens aérea, alguns acepipes, acesso a escolarização, indo de
alfabetização até ao acesso à universidade.
No quesito moradia, então, foi mais contundente. Ao promover
minha casa minha vida (essa expressão era brilho nos olhos das pessoas) fez com
que essas classes menos abastadas conseguissem que o sonho da casa própria
deixasse de ser um sonho. Além de tudo isso os vários projetos permitiam as
pessoas alcançar acesso a coisas que antes eram impensáveis.
Empréstimo consignado, a juros baixos, poder de compra
aumentado a ponto de comprar carro, acesso a luz elétrica em rincões onde antes
nada chegava, o projeto das cisternas para o nordeste mais sofrido, culminando
com a Transposição do Rio São Francisco, obra desejada a séculos e finalmente
realizada. Não pretendo citar aqui todos os benefícios, pois são conhecidos,
principalmente pelos opositores que odiaram tudo isso. E aí passo aqui a
relatar o porquê desse ódio.
Tudo isso provocou a “ISOTIMIA”. A isotimia na morte é
completa, ninguém pode se sentir superior ao outro. (do dicionário). Ou
seja, promoveu uma sensação de igualdade que somente era encontrada pelos mais
pobres, na morte. Ah, na morte todos somos iguais dizemos todos, o tempo todo.
Não, isso passou a ser sentido na vida, no dia-a-dia dos brasileiros. Todos se
lembram da expressão de uma pessoa: “aeroporto virou rodoviária”. A Danuza Leão
foi clara quanto a isso; “não tem mais graça ir a Paris, chego lá e encontro a
empregada”.
Isso despertou nas
classes mais altas o ódio enrustido, e numa classe média raivosa, que não
consegue mais se identificar com a classes menores, e sonha ser da elite. A
empregada usa, hoje ainda, o mesmo perfume de sua patroa.
Esse ódio tem
nome. MEGALOTIMIA. Vejamos o que dizem os dicionários: As pessoas têm mania
de grandeza e isso as leva a todos tipos de comportamento exagerado. Elas se
sentem superiores aos outros, mentem sobre sua própria realidade
e manipulam aqueles que se encontram ao seu redor. Este tipo de comportamento é
um transtorno de personalidade conhecido como megalomania. O termo
vem do grego, mais particularmente do prefixo mega, que significa grande; e de
mania que equivale à loucura. Em resumo, a megalomania é uma condição
psicopatológica caracterizada por fantasias delirantes e autoestima
desproporcional.
Foi isso que o
PT e os governos de esquerda despertaram nas elites e naqueles que se achavam
da elite. Esse ódio é patológico. Imaginem esse “pobres” serem iguais a nós. O
pior disso tudo é que, grande parte de classes inferiores, também foram
atingidas por essa “doença”. Grande parte por não conseguiram alcançar todas as
benesses. Eles também se sentiram “inferiorizados”, ou na verdade, IGUALADOS. Daí
muitas categorias de trabalhadores ao perceberem os IGUAIS a eles não suportaram.
Seria o “ponha-se no seu lugar” que tantos conhecemos.
Essa sensação de
igualdade total, alcançada pelo menos abastados, fez com que aflorasse todos os
ódios enrustidos durante todos esses anos. Ao invés de celebrarmos que “somos
todos iguais e todos podemos ter acesso a tudo”, entramos no processo da
MEGALOTIMIA, que é patológico. Pode parecer simplório, mas essa explicação me
contempla para entender tudo o que está acontecendo.
A alegria de
pessoas ao constatar a perda de direitos. A votação expressiva de pessoas que
faziam apologia a essa “diferença” (pobre é pobre, rico é rico – não podem ser
iguais nunca). Estamos vendo a destruição de tudo o que foi construído. Uma
pessoa que obteve da maioria de quem votou nele, o respaldo para destruir mesmo
todas essas IGUALDADES. Ou seja, ressaltar a MEGALOTIMIA, a cada dia, é o
objetivo.
Com a estratégia
de dizer que tudo foi feito, roubando, hoje eles destroem tudo o que se
conquistou, roubando e corrompendo de forma até mais agressiva. Mas como é
patológico, as pessoas ainda não se deram conta, pois elas estão atingidas por
esse ódio que foi desenvolvido anos e anos, por quem nunca aceitou essa igualdade.
A classe dominante
reagiu a essa igualdade, batendo forte e usando de todas as estratégias para
convencer que essa igualdade era irreal. Que essas pessoas mais pobres deviam
se contentar em ser o que são. Que ascensão social era balela. Filho da
empregada não pode estudar na mesma universidade de filho do patrão. E, pior,
filho de empregada não pode tirar a vaga do filho do patrão.
Esse ódio de
classes foi canalizado e usado para conquistar a população de mais baixa renda,
que no fundo, não se sentia tão igual assim. Enfim, todo esse ódio foi
canalizado por uma classe política, que também não aceitava essa igualdade.
Estão promovendo a destruição de tudo o que foi feito de bom. Apenas no Nordeste
ainda se cultiva a ISOTIMIA, mas mesmo lá, ainda a uma forte manifestação da
patologia MEGALOTIMIA.
Precisamos
encarar essa situação como uma doença, e que tem como representante no poder,
um ser totalmente despreparado e DOENTE. Um MAGALOTIMIO declarado. Portanto
olhar essa patologia seriamente e começar a tratá-la assim nos levará a conversar
com as pessoas de um modo diferente. É claro que precisamos difundir isso para
que se tome consciência que é uma patologia.
O mais perigoso
disso tudo é que essa patologia é uma ameaça, concreta, a DEMOCRACIA. Vejam com
age o mandatário eleito. O tempo todo agredindo as pessoas e agredindo a democracia.
A democracia nasce, exatamente a partir da ISOTIMIA, onde todos são iguais
perante a TUDO. A destruição disso, é o que vem sendo construído já a algum tempo,
sem que pudéssemos perceber. Então o que
vemos hoje é a volta do “ponha-no seu lugar”.
Paulo Morani
03/08/2019