Jornalista diz que os únicos que teriam 
"autoridade" para convencer a saída do presidente são os generais 
"envolvidos na intervenção do Rio"
        
Jair Bolsonaro (Foto: Isac Nóbrega/PR)
Em artigo publicado nesta quinta-feira (26), a jornalista do Valor Econômico
 Maria Cristina Fernandes diz que uma das saídas para a crise política 
que atravessa o país é a renúncia de Jair Bolsonaro, pois o presidente 
“já não governa”. 
Em cenário agravado pela postura do ex-capitão perante
 a pandemia do coronavírus, a jornalista diz que caberia aos militares, 
“PhDs” em milícia, o papel de convencer o presidente a se retirar.
“Vem daí a solução que ganha corpo, até nos meios militares, de uma 
saída do presidente por renúncia. O problema é convencê-lo/ A troco de 
que entregaria um mandato conquistado nas urnas? O bem mais valioso que o
 presidente tem hoje é a liberdade dos filhos. Esta é a moeda em jogo”, 
diz a editorialista.
“Não faltam pedras no caminho (…) Quem teria hoje autoridade para 
convencer o presidente? Cogita-se, à sua revelia, dos generais 
envolvidos na intervenção do Rio, PhDs em milícia”, continuou. Para ela,
 um processo de impeachment contra Bolsonaro é inviável, mesmo que 
motivos não faltem.
“Os parlamentares dizem que Bolsonaro, assim como a ex-presidente 
Dilma Rousseff, já não governa. Se uma caiu sob alegação de que teria 
infringido a Lei de Responsabilidade Fiscal, o outro teria infrações em 
série contra uma ‘lei de responsabilidade social’. Permanece sem 
solução, porém, o déficit de legitimidade de um impeachment em plenário 
virtual”, escreve. 
Fernandes diz ainda que Bolsonaro não tem endosso das Forças Armadas 
“para uma aventura que extrapole a Constituição”, o que foi evidenciado 
depois que o comandante do Exército, Edson Leal Pujol, publicou um vídeo
 em prol da mobilização contra o coronavírus – caminhando, portanto, na 
contramão da política que Bolsonaro tem adotado perante o vírus. 
A jornalista mostra que o distanciamento também alcançou os ministros
 militares do próprio presidente. “O distanciamento contaminou os 
ministros militares com assento no Palácio do Planalto. 
‘Não quero ter 
minha digital nisso’, comentou um deles ao perceber o rumo provocativo 
que o pronunciamento da noite de quarta-feira teria. Deixou o Palácio 
antes da gravação, conduzida sob o comando dos filhos e da milícia 
digital do bolsonarismo”, escreve.