Supresa para quem?

Quarta-feira, 15 de abril de 2020




Um editorial publicado no "The Washington Post" ontem foi um dos assuntos do dia por aqui. O texto apontou o presidente Jair Bolsonaro como o pior líder mundial em ação durante a crise do coronavírus. 


O jornal, antes de definir Bolsonaro como o pior, lista outros três líderes ao seu lado: os presidentes do Turcomenistão, Belarus e Nicarágua. Para que se tenha uma ideia do que estamos falando, vale lembrar que o chefe de Estado da Belarus disse que frequentar saunas poderia ser eficaz no combate ao vírus; o ditador do Turcomenistão proibiu o uso da palavra coronavírus e o presidente da Nicarágua não aparece em público há mais de um mês. É ao lado dessa gente que Bolsonaro é visto ao redor do mundo. 

Isso pode surpreender os grandes jornais brasileiros ou quem ainda insiste em toda semana dizer que "Bolsonaro ultrapassou todos os limites". Não, ele não ultrapassou todos os limites semana passada quando foi a uma padaria ou mês passado quando chamou a doença de "gripezinha". Os limites de Bolsonaro nunca existiram. Com coronavírus ou não, a presidência dele sempre significou risco para milhões de brasileiros. 

Desde o início da pandemia nossa cobertura tem mostrado tudo aquilo que o governo deseja esconder sem meias palavras, sem medo de quem quer que seja. E sem aliviar para figuras como o Ministro da Saúde, aquele que comprou máscaras superfaturadas de empresário bolsonarista, como já mostramos. Sim, Mandetta só parece razoável porque qualquer um é razoável ao lado do pior líder de Estado do mundo. 

O editorial do Post surpreende quem está disposto a fechar os olhos para a realidade em nome de migalhas econômicas ou das tais reformas que só favorecem grandes empresários. Quem lê o Intercept sabe exatamente onde estamos e para aonde vamos. 

Você pode confiar que continuaremos reportando com firmeza e um tanto de ousadia nesse momento crítico. Estamos trabalhando bem acima da nossa capacidade. Não parar, não se ajoelhar e não temer é nossa maneira de executar a mudança que queremos: desejamos cada vez mais revelar o que eles querem esconder da população.

Por isso eu te pergunto: o que você quer mudar na sociedade? Se a sua luta também é por verdade, você pode fazer algo hoje. O jornalismo livre e rebelde depende diretamente de pessoas como você.

Um abraço,


Amanda Audi
Repórter