Confira, abaixo, a transcrição do discurso histórico: De O cafezinho!
Em 1979, esse sindicato fez uma das greves mais extraordinárias. E
nós conseguimos fazer um acordo com a indústria automobilística que foi
talvez o melhor. E eu tinha uma comissão de Fábrica com 300
trabalhadores.
E o acordo era bom. E eu resolvi levar o acordo para
Assembleia. E resolvi pedir pra comissão de fábrica ir mais cedo para
conversar com a peãozada. E eu fazia assembleia de manhã pra evitar que o
pessoal bebesse um pouquinho a tarde, porque quando a gente bebe um
pouquinho a gente fica mais ousado.
Mesmo assim não evitava porque o cara levava litro de conhaque dentro
da mala e quando eu passava tomava uma ‘dosinha’ para a garganta ficar
melhor – coisa que não aconteceu hoje. Pois bem, nós começamos a colocar
o acordo em votação e 100 mil pessoas no Estádio da Vila Euclides não
aceitavam o acordo. Era o melhor possível. A gente não perdia dia de
férias, não perdia décimo terceiro e tinha quinze por cento de aumento.
Mas a peãozada tava tão radicalizada que queria 83 ou nada. E nós
conseguimos.
E passamos um ano sendo chamado de pelego pelos
trabalhadores. A gente, Guilherme, ia na porta de fábrica… [Lula começa a
fazer saudações diversas]. Então companheiros e companheiras, nós
conseguimos… os trabalhadores não aprovaram o acordo… [interrupção para
atendimento médico à pessoa na multidão].
Eu ia dizendo pra vocês que
nós não conseguimos aprovar a proposta que eu considerava boa e o
pessoal então passou a desrespeitar a diretoria do Sindicato. Eu ia na
porta da fábrica ninguém parava. E a imprensa escrevia: “Lula fala para
os ouvidos moucos dos trabalhadores”.
Nós levamos um ano para recuperar o
nosso prestígio na categoria. E eu fiquei ṕensando com ar de vingança:
“Os trabalhadores pensam que eles podem fazer 100 dias de greve, 400
dias de greve, que eles vão até o fim. Pois eu vou testá-los em 1980”. E
fizemos a maior greve da nossa história.
A maior greve. 41 dias de
greve. Com 17 dias de greve fui preso e os trabalhadores começaram
depois de alguns dias a furar greve e nós então – eu sei que Tuma, eu
sei que o doutor Almir eu sei que Teotônio Vilela ia dentro da cadeia e
falava assim pra mim: “Ô Lula cê precisa acabar com a greve, cê precisa
dar um conselho para acabar com a greve”. E eu dizia: “Eu não vou acabar
com a greve. Os trabalhadores vão decidir por conta própria”.
O dado concreto é que ninguém aguentou 41 dias porque na prática o
companheiro tinha que pagar leite, tinha que pagar a conta de luz, tinha
que pagar gás, a mulher começou a cobrar o dinheiro do pão, ele então
começou a sofrer pressão e não aguentou.
Mas é engraçado porque na
derrota a gente ganhou muito mais sem ganhar economicamente do que
quando a gente ganhou economicante. Significa que não é dinheiro que
resolve o problema de uma greve, não é 5%, não é 10%, é o que está
embutido de teoria política de conhecimento político e de tese política
numa greve.
Agora, nós estamos quase que na mesma situação. Quase que na mesma
situação. Eu tô sendo processado e eu tenho dito claramente: “O processo
do meu apartamento, eu sou o único ser humano que sou processado por um
apartamento que não é meu”.
E ele sabe que o Globo mentiu quando disse
que era meu. A Polícia Federal da Lava Jato quando fez o inquérito
mentiu que era meu, o Ministério Público quando fez a acusação mentiu
dizendo que era meu e eu pensei que o Moro ia resolver e ele mentiu
dizendo que era meu e me condenou a nove anos de cadeia. É por isso que
eu sou um cidadão indignado, porque eu já fiz muita coisa com meus 72
anos. Mas eu não os perdoo por ter passado para a sociedade a ideia de
que eu sou um ladrão.
Deram a primazia dos bandidos fazer um pixuleco
pelo Brasil inteiro. Deram a primazia dos bandidos chamarem a gente de
petralha. Deram a primazia de criar quase um clima de guerra negando a
política nesse país. E eu digo todo dia: nenhum deles, nenhum deles, tem
coragem ou dorme com a consciência tranquila da honestidade, da
inocência que eu durmo. Nenhum deles. [aplausos].
Eu não estou acima da justiça. Se eu não acreditasse na justiça eu
não tinha feito partido político. Eu tinha proposto uma revolução nesse
país.
Mas eu acredito na justiça, numa justiça justa, numa justiça que
vota um processo baseado nos autos do processo, baseado nas informações
das acusações, das defesas, na prova concreta que tem a arma do crimeo
que eu não posso admitir é um procurador que fez um powerpoint e foi pra
televisão dizer que o PT é uma organização criminosa que nasceu para
roubar o Brasil e que o Lula, por ser a figura mais importante desse
partido, o Lula é o chefe, e portanto, se o Lula é o chefe, diz o
procurador, “eu não preciso de provas, eu tenho convicção”.
Eu quero que
ele guarde a convicção deles para os comparsas deles, para os asseclas
deles e não para mim. Certamente um ladrão não estaria exigindo prova.
Estaria de rabo preso com a boca fechada torcendo para a imprensa não
falar o nome dele.
Eu tenho mais de 70 horas de Jornal Nacional me
triturando. Eu tenho mais de 70 capas de revista me atacando. Eu tenho
mais de milhares de páginas de jornais e matérias me atacando. Eu tenho
mais a Record me atacando. Eu tenho mais a Bandeirantes me atacando, eu
tenho a rádio do interior me atacando. E o que eles não se dão conta é
que quanto mais eles me atacam mais cresce a minha relação com o povo
brasileiro.
Eu não tenho medo deles. Eu até já falei que gostaria de fazer um
debate com o Moro sobre a denúncia que ele fez contra mim. Eu gostaria
que ele me mostrasse alguma coisa de prova. Eu já desafiei os juízes do
TRF-4 que eles fossem prum debate na universidade que ele quiser, no
curso que ele quiser, provar qual é o crime que eu cometi nesse país. E
eu as vezes tenho a impressão e tenho a impressão porque eu sou um
construtor de sonhos.
Eu há muito tempo atrás sonhei que era possível
governar esse país envolvendo milhões e milhões de pessoas pobres na
economia, envolvendo milhões de pessoas nas universidades, criando
milhões e milhões de empregos nesse país, eu sonhei, eu sonhei que era
possível um metalúrgico, sem diploma universitário, cuidar mais da
educação que os diplomados e concursados que governaram esse país e
cuidaram da educação. Eu sonhei que era possível a gente diminuir a
mortalidade infantil levando leite feijão e arroz para que as crianças
pudessem comer todo dia.
Eu sonhei que era possível pegar os estudantes
da periferia e colocá-los nas melhores universidades desse país para que
a gente não tenha juíz e procuradores só da elite, daqui a pouco vamos
ter juízes e procuradores nascidos na favela de Heliopólis, nascidos em
Itaquera, nascidos na periferia. Nós vamos ter muita gente dos Sem
Terra, do MTST, da CUT formados.
Esse crime eu cometi.
Eu cometi esse crime que eles não querem que eu cometa mais. É por
conta desse crime que já tem uns dez processos contra mim.
E se for por
esses crimes, de colocar pobre na universidade, negro na universidade,
pobre comer carne, pobre comprar carro, pobre viajar de avião, pobre
fazer sua pequena agricultura, ser microempreendedor, ter sua casa
própria. Se esse é o crime que eu cometi eu quero dizer que vou
continuar sendo criminoso nesse país porque vou fazer muito mais. Vou
fazer muito mais.
[Povo começa a gritar “Lula, guerreiro do povo brasileiros]
Companheiros e companheiras, eu em 1990, em 1986 eu fui o deputado
constituinte mais votado na história do país. E nós, ficamos
descobrindo, que dentro do PT, Manuela, companheiros, o Ivan era do PT
na época, havia uma desconfiança que só tinha poder no PT quem tinha
mandato.. Quem não tivesse mandato era tido… [começa a fazer saudações].
Então companheiros, quando eu percebi que o povo desconfiava que só
tinha valor no PT quem era deputado, Manoela e Guilherme sabe o que eu
fiz?
Deixei de ser deputado. Porque eu queria provar ao PT que ia
continuar sendo a figura mais importante do PT sem ter mandato porque se
alguém quiser ganhar de mim no PT só tem um jeito: é trabalhar mais do
que eu e gostar do povo mais do que eu, porque se não gostar não vai
ganhar. Pois bem: nós agora estamos num trabalho delicado.
Eu talvez
viva o momento de maior indignação que um ser humano vive. Não é fácil o
que sofre a minha família. Não é fácil o que sofrem meus filhos. Não é
fácil o que sofreu a Marisa e eu quero dizer que a antecipação da morte
da Marisa foi a safadeza e a sacanagem que a imprensa e o Ministério
Público fizeram contra ela. Eu tenho certeza.
Essa gente eu acho que não
tem filho, não tem alma e não tem noção do que sente uma mãe ou um pai
quando vê um filho massacrado, quando vê um filho sendo atacado. Eu
então, companheiros, resolvi levantar a cabeça. Não pense que eu sou
contra a Lava Jato não. A Lava Jato, se pegar bandido, tem que pegar
bandido mesmo que roubou e prender. Todos nós queremos isso. Todos nós a
vida inteira dizíamos: “Só prende pobre, não prende rico”. Todos nós
dizíamos. E eu quero que continue prendendo rico.
Eu quero. Agora qual é
o problema? É que você não pode fazer julgamento, subordinado à
imprensa. Porque no fundo, no fundo, você destrói as pessoas na
sociedade, na imagem da pessoas e depois os juízes vão julgar e vão
dizer “eu não posso ir contra a opinião pública tá pedindo pra caçar”.
Quem quiser votar com base na opinião pública largue a toga e vá ser
candidato a deputado, escolha um partido político e vá ser candidato.
Ora, a toga ela é o emprego vitalício. O cidadão tem que votar apenas
com base nos autos do processo, aliás eu acho que ministro da Suprema
Corte não deveria dar declaração de como vai votar. Nos EUA termina a
votação e você não sabe em quem o cidadão votou exatamente para que ele
não seja vítima de pressão.
Imagina um cara sendo acusado de suícidio e não tenha sido ele o
assassino. O que a família do morto quer? Que ele seja morto, que ele
seja condenado. Então o juíz tem que ter, diferentemente de nós, a
cabeça mais fria, mais responsabilidade de fazer a acusação ou de
condenar.
O Ministério Público é uma instituição muito forte. Por isso
esses meninos que entram muito novo fazem um curso direito e depois faz
três anos de concurso porque o pai pode pagar, esses meninos precisavam
conhecer um pouco da vida, um pouco de política para fazer o que eles
fazem na sociedade brasileira.
Tem uma coisa chamada responsabilidade. E
não pense que quando eu falo assim eu sou contra. Eu fui presidente e
indiquei quatro procuradores e fiz discurso em todas as posses e eu
dizia: “Quanto mais forte for a instituição mais responsável os seus
membros tem que ser”.
Você não pode condenar a pessoa pela imprensa para
depois julgá-la. Vocês estão lembrados de que quando eu fui prestar
depoimento lá em Curitiba, eu disse para o Moro: “Você não tem condições
de me absolver porque a globo tá exigindo que você me condene e você
vai me condenar.
Pois bem, eu acho que tanto o TRF-4, quanto o Moro, a Lava Jato e a
Globo, eles têm um sonho de consumo. O sonho de consumo é que primeiro, o
Golpe, não terminou com a Dilma. O golpe só vai concluir quando eles
conseguirem convencer que o Lula não possa ser candidato a presidência
da república em 2018.
Não é que eu não vou ser, eles não querem que eu
participe porque existe a possibilidade de cada um se eleger, eles não
querem o Lula de volta porque pobre na cabeça deles não ṕode ter
direito. Não pode comer carne de primeira. Pobre não pode andar de
avião. Pobre não pode fazer universidade. Pobre nasceu, segundo a lógica
deles, para comer e ter coisas de segunda categoria.
Então, companheiros e companheiras, o outro sonho de consumo deles é a
fotografia do Lula preso. Ah, eu fico imaginando o tesão da Veja
colocando a capa comigo preso. Eu fico imaginando o tesão da Globo
colocando a minha fotografia preso. Eles vão ter orgasmos múltiplos.
“Eles decretaram a minha prisão. E deixa eu contar uma coisa pra
vocês: eu vou atender o mandado deles. E vou atender porque eu quero
fazer a transferência de responsabilidade. Eles acham que tudo que
acontece neste país acontece por minha causa.
Eu já fui condenado a 3
anos de cadeia porque um juiz de Manaus entendeu que eu não preciso de
arma, eu tenho uma língua ferina, então precisa me calar, porque se não
me calar, ele vai continuar falando frases como eu falei, tá chegando a
hora da onça beber água, e os camponeses mataram um fazendeiro e eles
achavam que era a senha.
Eles já tentaram me prender por obstrução de justiça, não deu certo.
Eles agora querem me pegar numa prisão preventiva, que é uma coisa mais
grave, porque não tem habeas corpus. O Vaccari já tá preso há três anos.
O Marcelo Odebrecht gastou R$ 400 milhões e não teve habeas corpus. Eu
não vou gastar um tostão. Mas vou lá com a seguinte crença: eles vão
descobrir pela primeira vez o que eu tenho dito todo dia.
Eles não sabem
que o problema deste país não chama-se Lula, o problema deste país
chama-se vocês, a consciência do povo, o partido dos trabalhadores, o
PCdoB, o MST, o MTST, eles sabem que tem muita gente. E aquilo que a
nossa pastora disse, e eu tenho dito em todo discurso, não adianta
tentar de me impedir de andar por este país, porque tem milhões e
milhões de Boulos, de Manuelas, de Dilmas Rousseffs neste país para
andar por mim.
Não adianta tentar acabar com as minhas idéias, elas já
estão pairando no ar e não tem como prendê-las. Não adianta parar o meu
sonho, porque quando eu parar de sonhar, eu sonharei pela cabeça de
vocês e pelos sonhos de vocês. Não adianta achar que tudo vai parar o
dia que o Lula tiver um enfarte, é bobagem, porque o meu coração baterá
pelos corações de vocês, e são milhões de corações.
Não adianta eles
acharem que vão fazer com que eu pare, eu não pararei porque eu não sou
um ser humano, sou uma idéia, uma idéia misturada com a idéia de vocês, e
eu tenho certeza que companheiros como os sem-terra, o MTST, os
companheiros da CUT e do movimento sindical sabem, e esta é uma prova,
esta é uma prova, eu vou cumprir o mandado e vocês vão ter de se
transformar, cada um de vocês, vocês não vão se chamar chiquinho,
zezinho, joãozinho, albertinho…
Todos vocês, daqui pra frente, vão virar
Lula e vão andar por este país fazendo o que você tem que fazer, e é
todo dia! Todo dia! Eles tem de saber que a morte de um combatente não
para a revolução. Eles tem de saber. Eles tem de saber que nós vamos
fazer definitivamente uma regulação dos meios de comunicação para que o
povo não seja vítima das mentiras todo santo dia.
Eles têm de saber que
vocês, quem sabe, são até mais inteligentes que eu, e queimar os pneus
que vocês tanto queimam, fazer as passeatas, as ocupações no campo e na
cidade; parecia difícil a ocupação de São Bernardo, e amanhã vocês vão
receber a notícia que vocês ganharam o terreno que vocês invadiram.
Companheiros, eu tive chance, agora, eu estava no Uruguai, entre
Livramento e Vera, e as pessoas diziam assim, ô, Lula, você finge que
vai comprar um “uisquizinho”, e você vai para o Uruguai com o Pepe
Mujica e vai embora e não volta mais, pede asilo político. Você pode ir
na embaixada da Bolívia, do Uruguai, da Rússia, e de lá você fica
falando…
Eu não tenho mais idade. Minha idade é de enfrentá-los com olho
no olho e eu vou enfrentá-los aceitando cumprir o mandado. Eu quero
saber quantos dias eles vão pensar que tão me prendendo e quantos mais
dias eles me deixarem lá mais lulas vão nascer neste país e mais gente
vai querer brigar neste país, porque numa democracia, não tem limite,
não tem hora para a gente brigar.
Eu falei para os meus companheiros: se
dependesse da minha vontade eu não ia, mas eu vou porque eles vão dizer
a partir de amanhã que o Lula tá foragido, que o Lula tá escondido, e
não! Eu não to escondido, eu vou lá na barba deles pra eles saberem que
eu não tenho medo, que eu não vou correr, e para eles saberem que eu vou
provar minha inocência. Eles têm de saber isso. E façam o que quiserem.
Façam o que quiserem.
Eu vou pegar uma frase que eu peguei em 1982 de
uma menina de 10 anos em Catanduva, e essa frase não tem autor. Os
poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais poderão deter a
chegada da primavera. E a nossa luta é em busca da primavera. Eles tem
de saber que nós queremos mais casa, mais escola, nós queremos menos
mortalidade, nós não queremos repetir a barbaridade que fizeram com a
marielle no rio de janeiro. Não queremos repetir a barbaridade que se
faz comm meninos negros neste país. Não queremos mais a mortalidade por
desnutrição neste país.
Não queremos mais que um jovem não tenha
esperança de entrar numa universidade, porque este país é tão cretino,
que foi o ultimo país do mundo a ter uma universidade. O último! Todos
os países mais pobres tiveram, porque eles não queriam que a juventude
brasileira estudasse. E falavam que custava muito; é de se perguntar
quanto custou não fazer há 50 anos atrás.
Eu quero que vocês saibam que eu tenho orgulho, profundo orgulho, de
ter sido o único presidente da república sem ter um diploma
universitário, mas sou o presidente da república que mais fiz
universidade na história deste país para mostrar para essa gente que não
confunda inteligência com a quantidade de anos na escolaridade, isso
não e inteligência, é conhecimento. Inteligência é quando você tem lado,
inteligência é quando você não tem medo de discutir com os companheiros
aquilo que é prioridade, e a prioridade é garantir que este país volte a
ter cidadania. Não vão vender a petrobras!
Vamos fazer uma nova
constituinte! Vamos revogar a lei do petróleo que eles tão fazendo! Não
vamos deixar vender o BNDES, não vamos deixar vender a Caixa, não vamos
deixar destruir o Banco do Brasil! E vamos fortalecer a agricultura
familiar, que é responsável por 70% do alimento que nós comemos neste
país.
E com essa crença, companheiros, de cabeça erguida, como eu to
falando com vocês, que eu quero chegar lá e dizer ao delegado: estou à
disposição. E a história, daqui a alguns dias, vai provar que quem
cometeu crime foi o delegado que me acusou, foi o juiz que me julgou e
foi o Ministério Público que foi leviano comigo.
Por isso companheiros,
eu não tenho lugar no meu coração pra todo mundo, mas eu quero que vocês
saibam que se tem uma coisa que eu aprendi a gostar neste mundo é da
minha relação com o povo. Quando eu pego na mão de um de vocês, quando
eu abraço um de vocês… porque agora eu beijo homem e mulher igualzinho,
não mistura mais…
Quando eu beijo um de vocês, eu não to beijando com
segundas intenções, eu to beijando porque quando eu era presidente, eu
dizia: eu vou voltar pra onde eu vim. E eu sei quem são meus amigos
eternos e quem são os eventuais. Os de gravatinha, que iam atrás de mim,
agora desapareceram.
E quem está comigo são aqueles companheiros que
eram meus amigos antes de eu ser presidente da república. É aquele que
comia rabada no Zelão, que comia frango com polenta no Demarchi, é
aquele que tomava caldo de mocotó no Zelão, esses continuam sendo nossos
amigos.
São que tem coragem de invadir terreno pra fazer casa, são
aqueles que têm coragem de fazer uma greve contra a previdência, são
aqueles que ocupam no campo pra fazer uma fazenda produtiva, são aqueles
que na verdade precisam do estado.
Companheiros, eu vou dizer uma coisa pra vocês. Vocês vão perceber
que eu vou sair desta maior, mais forte, mais verdadeiro, e inocente,
porque eu quero provar que eles é que cometeram um crime, um crime
político de perseguir um homem que tem 50 anos de história política, e
por isso eu sou muito grato.
Eu não tenho como pagar a gratidão, o
carinho e o respeito que vocês tem dedicado a mim nesses anos todos.
E
quero dizer a vocês Guilherme, e à Manuela, a vocês dois, que para mim é
motivo de orgulho pertencer a uma geração, que está no final dela, ver
nascer dois jovens disputando o direito de ser presidente da república
neste país.
Por isso, grande abraço, e podem ficar certos: esse pescoço
aqui não baixa, minha mãe já fez o pescoço curto pra ele não baixar, e
não vai baixar, porque eu vou sair de lá de cabeça erguida e de peito
estufado porque eu vou provar a minha inocência.
Um abraço companheiros,
obrigado, mas muito obrigado, pelo que vocês me ajudaram, um beijo,
querido, muito obrigado!
Edição: Diego Sartorato e Pedro Nogueira