Comitê critica "cadeirinhas acolchoadas" que irão reduzir capacidade do estádio (Foto: © Ricardo Moraes/Reuters)
São Paulo – O estádio Jornalista Mário Filho, o Maracanã, receberá um abraço simbólico neste sábado (3) por um grupo de torcedores no Rio de Janeiro. O Comitê Popular da Copa e das Olimpíadas na capital fluminense protesta contra o que consideram a privatização da arena, anunciada pelo governo do estado. Com o lema "O Maraca é nosso!", eles prometem reunir-se a partir das 10h.
O governo de Sérgio Cabral (PMDB) defende promover um leilão de concessão do estádio à iniciativa privada. Assim, as obras e a administração seriam transferidos. A exploração de atividades ligadas ou não ao futebol seria a forma de recuperar o investimento.
Outra crítica ao projeto diz respeito à remoção de famílias pobres de locais próximos às obras para "dar lugar a estacionamentos gigantescos". "A habitação para pessoas (deveria ser) um legado (da Copa) mais importante do que vagas para carros."
A concentração será separada por times de preferência dos manifestantes. Torcedores do Flamento e do Fluminense encontram-se diante da estátua de Bellini, enquanto botafoguenses e vascaínos reúnem-se no Esqueleto, em frente à Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Ambos os pontos de referência ficam de lados diferentes do estádio.
Os ativistas enumeram cinco pontos centrais para as críticas. As reformas atuais são orçadas em R$ 1 bilhão, mas de 1999 a 2006, foram contratadas despesas da ordem de R$ 400 milhões que prometiam deixar o Maracanã pronto para uma competição internacional. Os investimentos anteriores são um dos argumentos para criticar a concessão.
O comitê ainda teme a "elitização" e "europeização" do Maracanã, com risco de elevação de preços de ingressos e perda da "cultura de torcedor" brasileira. Eles criticam a redução da capacidade do estádio de 100 mil lugares "com segurança" até recentemente, para a metade disso com "cadeirinhas acolchoadas", nas palavras da convocação do protesto. Eles defendem a adoção de preços populares e um projeto que preveja mais gente dentro do estádio.
A descaracterização arquitetônica do Maracanã – que, de acordo com o comitê, "não pode virar shopping center" – também é criticada.