Os comentários são do Di Afonso - Terra Brasilis
A acusação do presidente da República de que a Imprensa “se comporta como um partido político” é obviamente extensiva a este jornal (que é isso?!?!... impressão de vocês). Lula, que tem o mau hábito de perder a compostura quando é contrariado, tem também todo o direito de não estar gostando da cobertura que o Estado, como quase todos os órgãos de imprensa, tem dado à escandalosa deterioração moral do governo que preside.
A acusação do presidente da República de que a Imprensa “se comporta como um partido político” é obviamente extensiva a este jornal (que é isso?!?!... impressão de vocês). Lula, que tem o mau hábito de perder a compostura quando é contrariado, tem também todo o direito de não estar gostando da cobertura que o Estado, como quase todos os órgãos de imprensa, tem dado à escandalosa deterioração moral do governo que preside.
E
muito menos lhe serão agradáveis as opiniões sobre esse assunto
diariamente manifestadas nesta página editorial. Mas ele está enganado.
Há uma enorme diferença entre “se comportar como um partido político” e
tomar partido numa disputa eleitoral em que estão em jogo valores
essenciais ao aprimoramento se não à própria sobrevivência da democracia neste país (engraçado, um jornal que sempre trabalhou em favor de Golpes de Estado querer falar em democracia)
Com todo o peso da responsabilidade à qual nunca se subtraiu em 135 anos de lutas, o
Estado apoia a candidatura de José Serra à Presidência da República, e
não apenas pelos méritos do candidato, por seu currículo exemplar de
homem público e pelo que ele pode representar para a recondução do País
ao desenvolvimento econômico e social pautado por valores éticos. (já entraram com o pedido de canonização???) O apoio deve-se também à convicção de que o candidato Serra é o que tem melhor possibilidade de evitar um grande mal para o País (claro, como fez FHC nos anos 90)
Efetivamente, não bastasse o embuste do “nunca antes”,
agora o dono do PT passou a investir pesado na empulhação de que a
Imprensa denuncia a corrupção que degrada seu governo por motivos
partidários. O presidente Lula tem, como se vê, outro mau hábito: julgar
os outros por si. Quem age em função de interesse partidário é quem se transformou de presidente de todos os brasileiros em chefe de uma facção (quem andou tirando foto com capo do PCC outro dia foi o Alckmin, mas o Estadão não tá muito preocupado com isso ao que parece) que tanto mais sectária se torna quanto mais se apaixona pelo poder.
É
quem é o responsável pela invenção de uma candidata para representá-lo
no pleito presidencial e, se eleita, segurar o lugar do chefão e
garantir o bem-estar da companheirada. É sobre essa perspectiva tão grave e ameaçadora que os eleitores precisam refletir. (ameaçadora para quem? Para os moradores do Morumbi, dos Jardins, do Leblon?)
Estará
em jogo, no dia 3 de outubro, não é apenas a continuidade de um
projeto de crescimento econômico com a distribuição de dividendos
sociais. Isso todos os candidatos prometem e têm condições de fazer. O
que o eleitor decidirá de mais importante é se deixará a máquina do
Estado nas mãos de quem trata o governo e o seu partido como se fossem
uma coisa só, submetendo o interesse coletivo aos interesses de sua
facção (claro, nos governos tucanos só são contratados como secretários e assessores militantes do PSTU e do PCO).
Não
precisava ser assim. Luiz Inácio Lula da Silva está chegando ao final
de seus dois mandatos com níveis de popularidade sem precedentes,
alavancados por realizações das quais ele e todos os brasileiros podem
se orgulhar, tanto no prosseguimento e aceleração da ingente tarefa –
iniciada nos governos de Itamar Franco e Fernando Henrique (ai que saudade...) –
de promover o desenvolvimento econômico quanto na ampliação dos
programas que têm permitido a incorporação de milhões de brasileiros a
condições materiais de vida minimamente compatíveis com as exigências da
dignidade humana.(coisa que os fazendeiros quatrocentões escravocratas de São Paulo nunca tiveram)
Sob
esses aspectos o Brasil evoluiu e é hoje, sem sombra de dúvida, um
país melhor. Mas essa é uma obra incompleta. Pior, uma construção que
se desenvolveu paralelamente a tentativas quase sempre bem-sucedidas de
desconstrução de um edifício institucional democrático historicamente
frágil no Brasil, mas indispensável para a consolidação, em qualquer
parte, de qualquer processo de desenvolvimento de que o homem seja
sujeito e não mero objeto.
Se
a política é a arte de aliar meios a fins, Lula e seu entorno primam
pela escolha dos piores meios para atingir seu fim precípuo: manter-se
no poder. ( há quanto tempo os tucanos mandam em São Paulo? Há quantas gestões? Ninguém fala em continuísmo por aqui, por que será?) Para
isso vale tudo: alianças espúrias, corrupção dos agentes políticos,
tráfico de influência, mistificação e, inclusive, o solapamento das
instituições sobre as quais repousa a democracia – a começar pelo
Congresso.
E
o que dizer da postura nada edificante de um chefe de Estado que
despreza a liturgia que sua investidura exige e se entrega
descontroladamente ao desmando e à autoglorificação? Este é o “cara”. Esta é a mentalidade que hipnotiza os brasileiros (povinho burro né, bom mesmo era no tempo em que o presidente era eleito por uma junta de generais)
bom mesmo era nos tempos Este é o grande mau exemplo que permite a
qualquer um se perguntar: “Se ele pode ignorar as instituições e
atropelar as leis, por que não eu?”
Este é o mal a evitar. (Há
oito anos o povo brasileiro sabe qual é o mal que deve ser evitado, e
não será diferente em 3 de outubro. O grande mal deste país é a
imprensa corrupta, venal, suja, fascista, entreguista, racista e
anti-povo que controla a mídia nacional).