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Deputado que subiu à tribuna para evitar a convocação de Policarpo Júnior pela CPI do caso Cachoeira mereceu espaço de destaque na revista deste fim de semana: foi retratado como um dos principais defensores da liberdade de expressão no País; isso é que é gratidão
247 – No cálculo político do deputado Miro
Teixeira (PDT-RJ), deve ter valido a pena. Na terça-feira passada,
quando a CPI do caso Cachoeira discutia se deveria convocar ou não o
jornalista Policarpo Júnior, editor de Veja, ele subiu à tribuna e foi o
único a condenar o requerimento apresentado pelo deputado Doutor
Rosinha (PT-PR) – amparado na evidência de que o jornalista solicitara
ao bicheiro Carlos Cachoeira, especialista em grampos ilegais, que
levantasse ligações do deputado Jovair Arantes (PTB/GO).
Os que pretendiam ver Policarpo na CPI perderam. Miro, além de ter
ganho a disputa, também recebeu uma retribuição da revista Veja neste
fim de semana. Na seção de frases da publicação, as três com maior
destaque, com direito a foto bem editada no alto de página, são do
deputado carioca. A elas:
“Quando vejo o líder do PT assumindo um discurso de restrição, de
coação ao exercício da profissão de jornalista, me sinto no dever de
falar. Estamos falando de um grande partido. É assim que começam os
estados policiais.”
“É assim que começa um movimento, não é uma questão pessoal. Esse
seria o primeiro, e outros virão atrás. A intimidação, a coação poderá
ir até o plano estadual, ao plano municipal. A imprensa é a única
entidade que investiga o poder. O resto é tudo chapa-branca.”
“O Brasil está se preparando para ser um estado policial como a
Argentina. Querem correr atrás de quem grita ´pega ladrão´ao invés de
pegar o ladrão”.
Miro Teixeira, que já era amigo das Organizações Globo, como foi na
época em que esteve ministro das Comunicações, agora é também amici da Editora Abril.
O Brasil, na sua visão, estava prestes a se transformar numa ditadura
apenas porque um jornalista, que mantinha relações íntimas com um
contraventor especializado em grampos ilegais, falaria diante de uma
CPI. Na Inglaterra, berço da liberdade, a editora Rebekah Brooks, uma
das principais jornalistas do país, se tornou ré porque seu jornal, o já
fechado News of the World, se envolveu em grampos ilegais. O dono,
Rupert Murdoch, foi convocado e não escalou lobistas para evitar seu
depoimento.
Lá, o parlamentar carioca não teria vez.
No Brasil, a imprensa deve ser livre até para grampear deputados como Miro Teixeira. (leia aqui reportagem anterior do 247 a respeito do caso)