Marco Aurélio teme que julgamento do mensalão não termine neste ano
SÃO PAULO, (Reuters) - O ministro Marco Aurélio Mello, do
Supremo Tribunal Federal (STF), expressou nesta sexta-feira preocupação
de que o julgamento da ação penal sobre o chamado mensalão não termine
neste ano.
Marco Aurélio pediu racionalização dos trabalhos da Corte e que a
palavra seja passada aos demais ministros após os votos do relator,
Joaquim Barbosa, e do revisor, Ricardo Lewandowski, sobre o primeiro
item da denúncia analisado pelos magistrados.
Lewandowski concluiu na quinta-feira seu voto sobre o capítulo da
denúncia que trata sobre o suposto desvio de recursos do Banco do
Brasil e da Câmara dos Deputados.
Ele divergiu do relator ao absolver os quatro réus acusados de
desviar recursos da Câmara, entre eles o deputado João Paulo Cunha
(PT-SP) e o empresário Marcos Valério, acusado de ser o operador do
suposto esquema.
Ao término do voto do revisor, Barbosa disse que começaria a
sessão de segunda-feira pedindo a palavra para rebater os pontos
levantados pelo colega, que pediu então que também tivesse a palavra
para contrapor o relator.
"Pelo visto as discussões tomarão um tempo substancial. Elas se
mostram praticamente sem baliza. Precisamos, como eu disse, racionalizar
os trabalhos e deixar que os demais integrantes se pronunciem. Vence,
num colegiado... a maioria", disse Marco Aurélio a jornalistas.
"Já receio que ele (o julgamento) não termine até o final do ano."
O ministro comentou sobre o voto divergente de Lewandowski e sobre uma possível disputa entre o relator e o revisor do processo.
"Se eu pudesse dar um peso maior a um pronunciamento no Supremo,
daria àquele formalizado por maioria de votos, não a uma só voz. Mesmo
porque, já dizia Nelson Rodrigues, toda unanimidade é burra", disse.
(Reportagem de Eduardo Simões)