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Ernani de Paula, dono da Universidade São Marcos, denunciou ao Ministério Público de São Paulo esquema para distribuição de bolsas a alunos fantasmas; de lá vem, segundo ele, o caixa dois do PSDB nas eleições; esquema foi implantado, segundo ele, na gestão de Serra na prefeitura e levado ao estado
247 – José Serra, candidato do PSDB à prefeitura de São
Paulo, foi o primeiro candidato a utilizar o mensalão na campanha
municipal de 2012. Segundo ele, o “STF está mandando para a cadeia um
jeito nefasto de fazer política”. Depois dele, o ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso reforçou a crítica, ao dizer que a Justiça está
despertando no Brasil, também no programa de Serra.
Agora, em pleno processo eleitoral, um empresário da área de
educação, Ernani de Paula, que é proprietário da Universidade São
Marcos, sob intervenção do Ministério da Educação, denuncia que o
“mensalão” do PSDB vem da área de ensino superior. O esquema consistiria
em conceder bolsas de ensino a alunos-fantasma, a instituições pouco
conhecidas no mercado.
Em 2009, Ernani de Paula fez uma denúncia ao promotor Sílvio Marques,
do Ministério Público de São Paulo – o mesmo que investigou o caso
Maluf. À época, ele falava em repasses de R$ 80 milhões. Hoje, ele tem a
informação de que, desde a chegada de José Serra ao Palácio dos
Bandeirantes, em 2006, mais de R$ 800 milhões foram transferidos a essas
instituições de ensino.
O caso mais sintomático, diz ele, é a da faculdade Sumaré, que
liderou os repasses, embora seja pouco conhecida no mercado. “É o
mensalão universitário”, diz Ernani de Paula. “Essa universidade, que
ninguém sabe o que faz ou quem é o dono já recebeu mais de R$ 70
milhões”, afirma. Outra, a Uniesp, também lidera o ranking. Juntas, as
duas teriam levado quase R$ 140 milhões.
Ernani de Paula, coincidentemente, tem uma história de vida ligada a
outro mensalão: o do PT. Em 2000, ele se elegeu prefeito de Anápolis
(GO), cidade do bicheiro Carlos Cachoeira, e depois acompanhou de perto
as primeiras articulações do contraventor para plantar denúncias contra o
PT na revista Veja – a ex-mulher de Ernani era suplente do senador
Demóstenes Torres.
Segundo ele, no caso da educação superior, o esquema foi bolado pelo
ex-secretário de Educação de Serra e ex-ministro de FHC, Paulo Renato de
Souza, já falecido. Sua universidade, a São Marcos, não recebeu as
bolsas de ensino do governo paulista, e passou a enfrentar dificuldades
financeiras até sofrer a intervenção do MEC.
Depois disso, diz Ernani, ele foi procurado pelo filho de Paulo
Renato de Souza, Renato Souza Neto, que dizia ter interessados na compra
da instituição – se tivesse vendido, afirma o empresário, estaria à
frente dos repasses das bolsas de ensino superior em São Paulo.
Ernani de Paula se diz disposto a colaborar com o Ministério Público
de São Paulo para ajudar a desvendar o esquema de desvio de recursos
públicos na educação superior.