Lá estão os dois
celulares do diretor de Veja em Brasília e os telefones também do seu
escritório. Apesar da estreita ligação entre o jornalista e o
contraventor preso na Operação Monte Carlo, o PT, que assiste à
condenação de suas lideranças e ao ataque explícito ao ex-presidente
Lula, não conseguiu convocá-lo a depor na CPI do caso Cachoeira
247 – (061) 9982-7631 e (061) 8226-9904. São
esses os dois celulares do jornalista Policarpo Júnior, que fazem parte
da agenda pessoal do contraventor Carlos Cachoeira. Lá estão também os
telefones (061) 3315-7502 e (061) 3315-7575, do escritório de Veja em
Brasília, dirigido por Policarpo.
Como se sabe, Policarpo e Cachoeira têm relações estreitas, que vêm
de longa data. Foi o bicheiro quem providenciou a fita sobre Maurício
Marinho, que deu origem a uma cadeia de acontecimentos que levou ao
escândalo do Mensalão. Foi também Cachoeira quem obteve as imagens do
Hotel Naoum, em Brasília, que mereceram uma capa recente de Veja sobre
José Dirceu. E foi também Cachoeira quem tramou a queda do ministro dos
Transportes, Alfredo Nascimento, com denúncias em Veja, para favorecer a
construtora Delta.
Na direção contrária, Policarpo pediu ao bicheiro que providenciasse
ligações sobre Jovair Arantes, atual candidato a prefeitura de Goiânia
pelo PTB - tarefa que foi repassada pelo contraventor ao araponga Dadá.
E não se deve esquecer que Andressa Mendonça, mulher de Cachoeira,
quase foi presa quando ameaçou um juiz, em Goiânia, com um dossiê que
seria publicado em Veja, pelas mãos de Policarpo. Só não passou uma
temporada na prisão porque pagou fiança de R$ 100 mil.
O bicheiro e o jornalista são íntimos e é, portanto, natural que a
agenda de Cachoeira tenha os dois celulares de Policarpo Júnior.
O que não é natural, no entanto, é que o PT não tenha tido força
política para convocar o jornalista na CPI que investiga os
desdobramentos da Operação Monte Carlo –uma CPI, aliás, adiada para
depois das eleições. Na Inglaterra, que ao que se sabe é um dos berços
da democracia, Rupert Murdoch foi convocado e, além de depor, se viu
forçado a fechar um jornal centenário envolvido em grampos ilegais.