Presidenciável tucano disse ontem
que “quem agiu com irresponsabilidade, quem utilizou o mandato, o poder
público para benefícios pessoais ou partidários, deve pagar”. Na lista
do mensalão mineiro, ele aparece como receptor de R$ 110 mil pagos por
Claudio Mourão, tesoureiro do ex-governador Eduardo Azeredo, para sua
campanha
247 – O julgamento da Ação Penal
470, conhecida como mensalão, pelo Supremo Tribunal Federal, está
firmando jurisprudência no Brasil. Não importa se quem recebeu recursos
do chamado “valerioduto” utilizou o montante para pagar dívidas de
campanha ou se vendeu seu apoio parlamentar a quem pagou. Qualquer que
seja a destinação, como disse a ministra Rosa Weber, trata-se de crime.
Ontem, em Belo Horizonte, o senador mineiro Aécio
Neves, que está engajado na campanha à reeleição em Belo Horizonte de
Marcio Lacerda (um dos maiores sacadores do esquema, mas esquecido na
Ação Penal), falou sobre o mensalão. Disse ele que “quem agiu com
irresponsabilidade, quem utilizou o mandato, o poder público para
benefícios pessoais ou partidários, deve pagar”.
Quando foi perguntado sobre as acusações de Marcos
Valério ao ex-presidente Lula, numa “entrevista” já negada pelo próprio
entrevistado, Aécio sugeriu “cautela”. Talvez porque a entrevista não
seja propriamente uma entrevista. Mas talvez porque seu nome também
apareça na lista dos beneficiários do mensalão mineiro, que, mais cedo
ou mais tarde, terá que ser julgado.
Em 1998, quando Eduardo Azeredo concorreu à reeleição e
foi derrotado por Itamar Franco, sua campanha foi coordenada por
Walfrido dos Mares Guia, ex-ministro de Lula, e hoje presidente do PSB
em Minas Gerais. Naquela eleição, o valerioduto foi montado para apoiar
candidatos do PSDB não apenas de Minas, mas também de outros estados. Na
lista do tesoureiro Cláudio Mourão, que tocou a parte financeira da
campanha de Azeredo, aparece o nome de Aécio Neves, que teria recebido
R$ 110 mil para sua campanha a deputado federal. Depois disso, Aécio foi
presidente da Câmara dos Deputados, assim como o réu João Paulo Cunha,
que está prestes a ser condenado e preso na Ação Penal 470.
Ao discursar diante de intelectuais na tarde de ontem, o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pediu votos para José Serra
afirmou que o mensalão marca o reencontro da política com a moralidade,
mas a lista de heróis morais no campo político brasileiro é
relativamente pequena. A sede de sangue da oposição poderá, em breve,
atingir suas próprias estrelas.
(Leia aqui matéria da revista Istoé que aponta o nome de Aécio Neves na lista do mensalão mineiro, como receptor de R$ 110 mil)