O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, chamou de
"retaliação" o pedido do relatório da CPI do Cachoeira, redigido pelo
deputado Odair Cunha (PT-MG), para que o Conselho Nacional do Ministério Públicoinvestigue sua conduta. "Se (o pedido) vier a se materializar, acho que seria, sim, uma retaliação."
Para
Gurgel, o motivo seria sua atuação na denúncia do processo do mensalão
em julgamento no Supremo Tribunal Federal. "Há aqueles inconformados com
os resultados (da atuação do Ministério Público) e que promovem
retaliações, mas é algo ao qual todos nós, membros da Procuradoria-Geral
da República, estamos habituados", disse.
O relator da CPI acusa
o procurador-geral de deixar de investigar o senador cassado Demóstenes
Torres (sem partido-GO) após a Operação Vegas, da Polícia Federa],
apontar indícios da relação do parlamentar com o contraventor Carlos
Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Gurgel disse ter ouvido,
informalmente, que seu nome poderia ser excluído do documento. Apesar de
o conteúdo do relatório já ter sido divulgado na imprensa, o documento
só terá valor formal quando for lido no plenário da CPI. Por causa das
discordâncias dentro da comissão, a leitura foi adiada duas vezes e
remarcada para quarta-feira.
Se for para votação como está, o
texto sugere que Gurgel tenha cometido crime de prevaricação. "Curioso é
notar que, em 2009, o dr. Roberto Gurgel utilizou-se de rigores máximos
para não pedir a instauração de inquérito contra os parlamentares mas,
em 2012, pediu a instauração de inquérito contra os deputados federais
sem sequer fundamentar por quais indícios de crimes eles teriam
incorrido", diz o texto.
O procurador alegou ter adotado "uma
opção estratégica de investigação e que foi muito bem sucedida". "Houve
aquele 'sobrestamento' (paralisação) no sentido de permitir que as
investigações pudessem ser aprofundadas (...) e foi o que se verificou
com a deflagração da segunda operação (Monte Cario) e com os indícios de
crimes de uma amplitude maior." (O Estado de S. Paulo)