“Se elas perderem
o medo de nós, nunca mais as controlaremos”
Essa frase é da autora da novela “Salve
Jorge” no horário da 21hs. Foi colocada na boca de um personagem – o Russo – ao
se referir as meninas brasileiras, num diálogo com Wanda aliciadora delas, que foram enganadas com promessas mirabolantes, levadas para o exterior
para “ganharem muito dinheiro” e acabam como escravas brancas. Russo é o
principal segurança. Truculento, ameaça as meninas o tempo todo, dizendo que
vai fazer mal a alguém de suas famílias no Brasil. Para contrapor sua imagem
grosseira, é mostrado cuidando de um gato, com muito carinho.
Esse é o tema central do folhetim, da
Globo.
A frase, simples em principio, chama atenção
para o que é, na verdade, o instrumento usado por algozes para controlar
grandes grupos. Com poucas pessoas no comando, manter o medo “nas massas” é a
forma perfeita encontrada por manipuladores do comportamento alheio.
Foi usado por Hitler e seus seguidores,
na Alemanha nazista. Por Mussolini no facismo italiano. É usado até hoje, em países
do oriente onde em alguns casos, associam a motivos religiosos essa forma de
dominação.
No Brasil foi amplamente usada pelas
forças armadas, durante o período da ditadura. Era o medo dos comunistas. Disseminaram isso de tal forma – com a ajuda americana claro – que até hoje a quem
acredite que “comunista come criancinha”.
Collor usou isso contra LULA em 1989,
durante a campanha presidencial. Acusava LULA dizendo que ele iria transformar
o Brasil numa baderna. O líder de um grupo de empresários chegou a dizer na
época, que se LULA se elegesse, “vários empresários iriam deixar o país”. LULA
usou esse tema dizendo que "se empresários queriam deixar o país, não eram
patriotas, e que nós iríamoss pagar as passagens para eles irem embora”. A resposta
calou essa campanha. Mas outras se seguiram, até que conseguissem derrotar a
proposta do PT.
Com o fracasso neoliberal NO MUNDO todo –
e no Brasil não foi diferente – LULA consegue ganhar as eleições de 2002. Mas
todos se lembram de como Cerra usava o medo à LULA em suas propagandas.
Chegaram a usar uma atriz famosa, na época – hoje no ostracismo – que dizia
numa propaganda “eu tenho medo” e desfiava uma série de mentiras em ralação a
que uma possível vitória de LULA, pudesse causar ao Brasil.
No dia de sua posse, LULA usou a
expressão mais forte de sua campanha, usando o mote que era o sem medo de ser
feliz. Disse:
- Hoje, no Brasil, a esperança venceu o
medo, e o povo brasileiro votou sem medo de ser feliz.
Durante esses últimos dez anos TODA a imprensa
e a oposição tentaram, novamente, impor esse medo ao povo brasileiro. Sucessivos
escândalos são “fabricados”, noticias que em qualquer lugar do mundo seria
apenas propagadas como acontecimentos normais de uma sociedade em disputa o
tempo todo, aqui são apontadas com escândalos e tentando colocar sempre o PT e
LULA como os “culpados”.
Talvez nós do PT e o próprio LULA
tenhamos relaxado um pouco, com as vitórias – que continuam, apesar de tudo,
como foi agora nas últimas eleições – e alguns de nós se deixaram levar pelo
deslumbramento. Afinal havíamos provado que governamos melhor, que fazemos
melhor o que eles diziam que não saberíamos fazer. Nos deslumbramos e nos
perdemos em alguns aspectos.
Abrimos mão de nossas convicções. No afã
de mostra que não éramos bichos papões, no unimos a quem não merecia “um rés de
mel coado” e acabamos nos afastando de algumas de nossas bandeiras. Em alguns
casos nos deixamos iludir pela mídia, e seduzidos, acreditamos que eles, agora,
iriam parar de assustar a população, em relação a nós. Pura ingenuidade.
Mas precisamos reagir! Novamente, a partir de acontecimentos
da CPMI dos Correios, encontraram o veio para voltar a tentar assustar a população
contra LULA e o PT. Agora a mídia,
que antes se uniu a militares, se une as “instituições democráticas”. E além de
representar a oposição – que não existe, acabou formalmente – se gaba de serem
os arautos da moralidade e tramam, agora, “um golpe por dentro dessas
instituições” usando de forma descarada e consentida o STF. Juízes pusilânimes,
atendem ao clamor de quem, a 10 anos, nada consegue.
Precisamos “perder o medo e sair desse
controle”. Temos que retomar a bandeira do sem medo de ser feliz. Reconhecer os
nossos erros, e reagir a qualquer tentativa de nos imputarem uma pecha de algo
que não somos. Erros cometidos por TODOS os outros partido, quando são
cometidos por nós, tornam-se exclusivos. Precisamos reagir. Eles são minoria, e
como minoria, historicamente, estão usando o medo para nos controlar.
De novo!
Paulo Morani