Povo vai continuar sem saber quem é Pezão!

Justiça proíbe PMDB de fazer campanha por Pezão em suas inserções partidárias 

 Igor Mello
O Tribunal Superior Eleitoral, em decisão liminar, proibiu que o PMDB siga usando suas inserções partidárias em rádio e TV para dar visibilidade ao nome do vice-governador e pré-candidato ao governo do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão. A decisão da ministra Nancy Andrighi veio em resposta a pedido do diretório nacional do Partido da República (PR).

Pezão é o pré-candidato do PMDB à sucessão de Sérgio Cabral e conta com o apoio dos principais caciques do partido, como o próprio governador, o presidente estadual da legenda, Jorge Picciani, o presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Paulo Melo e o prefeito do Rio, Eduardo Paes. Contudo, informações de bastidores dão conta de que o nome de Pezão derrapa nas pesquisas de intenção de voto, sendo superado pelo ex-governador Anthony Garotinho, nome do PR, e do senador petista Lindbergh Farias.
Propaganda do PMDB veiculou campanha "Quem é Pezão"
Propaganda do PMDB veiculou campanha "Quem é Pezão"
Interessado em tornar o seu candidato mais conhecido, o PMDB usou as inserções nacionais do partido no Rio de Janeiro para lançar a campanha "Quem é Pezão?", onde seus supostos feitos eram exaltados. 

A ofensiva também ocorre nas redes sociais e através de gravações telefônicas para eleitores. O procurador regional eleitoral do Rio de Janeiro, Maurício da Rocha Ribeiro, vai apurar ainda a possível propaganda eleitoral antecipada por parte do PMDB e de Pezão. Segundo ele, as fitas já foram solicitadas às TVs e, caso as irregularidades sejam confirmadas, será aberto processo no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ), para que ambos sofram punições. Ribeiro diz que o sentido da propaganda partidária foi deturpado:

"Horário partidário deve servir para mostrar questões programáticas do partido, e não para exaltar um determinado político. Pode até dar mais destaque a uma figura de relevância, mas não pode ser voltada exclusivamente para ela", explica.

O procurador regional eleitoral também vai investigar conduta semelhante nas propagandas partidárias do PT, que expôs Lindbergh, e do PR, na qual Garotinho exaltou suas realizações enquanto governador.

Adversários pedem punição

O PMDB-RJ diz que não irá comentar a decisão do TSE. Entretanto, confirma que tem realizado ligações para as residências de eleitores como forma de fazer conhecer o nome de Pezão. Nas ligações, uma gravação realiza uma enquente na qual se pergunta quem é Pezão. Como respostas, o cidadão pode escolher opções como "é o braço direito do governador Sérgio Cabral" e, apertando a tecla indicada, ouvir mais sobre as realizações do peemedebista. O partido defende-se, alegando que "Trata-se de uma ação legal e devidamente autorizada pela Justiça Eleitoral" e ressalta que "ao fim de cada ligação, é dada ao entrevistado a opção de não receber mais telefonemas desse tipo".

Os partidos de oposição, no entanto, enxergam irregularidades na postura do Pezão e dos demais pré-candidatos ao governo do estado que apareceram nas propagandas de rádio e TV. O deputado estadual Luiz Paulo, presidente estadual do PSDB, crê que há uma antecipação geral da campanha de 2014:

"Acho que ninguém deve precipitar as campanhas, mas, na medida em que a própria presidente antecipa, vai todo mundo no mesmo rastro. São programas partidários e não devem ser usados para propaganda de candidatos", critica o tucano, lembrando que é o TRE-RJ quem deve julgar as denúncias.

O também deputado estadual Marcelo Freixo, maior nome do PSOL no estado, revela que o partido também entrará com uma representação contra o PMDB, desta vez em âmbito estadual:

"O PSOL está entrando com uma representação contra o PMDB. É evidente que o que estamos vendo é propaganda antecipada e promoção pessoal. Essas inserções são partidárias, de prestação de contas do partido. Dizer quem é o Pezão vai caracterizar propaganda antecipada, uma vez que o nome dele fatalmente vai ser confirmado como candidato. Eles estão em uma campanha aberta e fugiram do propósito da propaganda partidária", acusa.

Em seu blog, Garotinho, que também pode ser punido por propaganda antecipada, fez duras críticas a Pezão e Lindbergh Farias, seus principais adversários:

"Está na hora do TRE-RJ fazer alguma coisa, ou então libera todo mundo para fazer campanha antecipada. Sim, porque Lindbergh e Pezão estão claramente em campanha ignorando solenemente a legislação eleitoral", acusou.
O senador Lindbergh Farias foi procurado pela reportagem do Jornal do Brasil, mas não foi encontrado até o fechamento desta reportagem.

Penas brandas

O desrespeito à legislação eleitoral tem a ver com a falta de uma punição mais dura, na opinião do procurador regional eleitoral Maurício da Rocha Ribeiro:

"A punição para esse tipo de violação é de multa ao político entre R$ 5 mil e R$ 25 mil e perda de tempo equivalente na propaganda do semestre ao partido. E os juízes geralmente dão a pena mínima na primeira denúncia, o que abranda ainda mais. Os partidos não veem isso como uma transgressão grave", conclui Ribeiro.