by bloglimpinhoecheiroso
No domingo, dia 31/3, a ombudsman da Folha de S.Paulo Suzana Singer
revela que cada edição diária do jornal traz, em média, 99 erros de
informação. Mas podem ser até mais. Ela salienta que apenas 3% dos erros
cometidos são corrigidos e informados para o leitor. Até o Dudu tá
lendo e a Folha ainda comete erros primários de checagem e informação.
Não
era Leonardo Medeiros, era Leonardo Moreira. César Maia nunca foi
governador do Rio. O investimento para a Expo-2020 é de R$24 bilhões, e
não de R$24 milhões. O Parque Ibirapuera é cem vezes maior do que se
disse.
Quem lê a Folha
está habituado a encontrar correções como essas, publicadas nas últimas
semanas. Diariamente, saem três ou quatro “erramos”, ao pé do “Painel
do Leitor”, mas, sabemos bem, isso é apenas a ponta do iceberg.
Para descobrir o tamanho da montanha diária de erros, a Folha reuniu uma equipe que refez a apuração de todos os textos publicados em três edições do ano passado.
Os
jornalistas conversaram com entrevistados, consultaram dados de sites
oficiais, revisaram traduções, refizeram contas e até assistiram a
partidas de futebol para conferir as descrições em “Esporte”.
Como o foco eram os erros de informação, foram ignorados os problemas de português e de padronização. Resultado: a Folha publica 99 informações erradas por edição. Dá, em média, dois erros por página editorial (sem anúncio).
Por
ser trabalhoso e caro, o estudo, apelidado internamente de “autópsia de
uma edição”, só havia sido feito uma vez, entre 1997 e 1998. Naquela
época, foram encontrados 105 erros por edição. Em 15 anos, pouca coisa
mudou. Uma queda de 6% não é motivo de comemoração, já que hoje, com a
internet, é mais fácil checar dados.
A
maior parcela dos erros, no passado e agora, está nos “serviços”:
roteiro de cinema, programação de tevê, preços de passagem aérea etc. É o
que mais irrita o leitor, porque o faz perder tempo.
Na quinta-feira passada [28/3],
quem consultou o “Acontece” e tentou ligar para o Cine Segall ouviu uma
gravação avisando que o número mudou. Quem foi ao cinema no Shopping JK
Iguatemi pagou pelo ingresso mais do que estava no jornal.
Uma
checagem mais rígida diminuiria esses erros, mas parte da
responsabilidade pelas informações desatualizadas é dos próprios
cinemas, que mudam a programação depois que as edições da “Ilustrada” e
do “Guia” estão concluídas.
Grafia
de nomes, confusão entre números e problemas de edição são outros
mananciais de erros que poderiam ser combatidos com apuração e revisão
mais cuidadosas.
Cabe
ao jornal estabelecer metas de diminuição de erros, mas não adianta
sonhar com o “erro zero”, porque a quantidade de informação publicada é
enorme. Uma edição de quarta-feira da Folha tem praticamente o mesmo número de caracteres que Os Lusíadas. Aos domingos, a Redação produz 30% a mais que a obra de Luís de Camões.
Se
não há perfeição, a transparência na correção é a garantia de qualidade
do produto. O estudo mostra que, em média, os “erramos” correspondem a
apenas 3% dos erros cometidos.
É
preciso estimular os leitores e as fontes de informação a apontar
incorreções e, assim que forem detectadas, corrigi-las sem eufemismo.
Dos grandes órgãos de comunicação do País, a Folha é o que mais se corrige, o que é sinal de saúde, não de doença.
Como notou Arthur Brisbane, ex-ombudsman do New York Times, “por mais paradoxal que pareça, quanto mais correções você vir no jornal, melhor”.