Dilma escolheu sozinha novo juiz para STF

Indicação de Barroso foi decisão solitária de Dilma e na contramão de lobbies e pressões

A indicação do advogado constitucionalista Luís Roberto Barroso para o Supremo Tribunal Federal (STF), a quarta e última feita neste mandato de Dilma Rousseff, foi uma decisão solitária da presidenta, feita à margem das pressões e lobbies -- inclusive do PT --, mas registra uma preocupação que, num eventual segundo mandato, pode dar outro perfil ao atual Supremo Tribunal Federal: a de dotá-lo de pessoas com formação sólida, capaz de mantê-las afastadas das injunções políticas das questões colocadas para a mais alta Corte, porém discretas, pouco seduzidas pela excessiva exposição que o tribunal ganhou na mídia, principalmente a partir do episódio do “mensalão”. De 2015 a 2018, cinco ministros do Supremo, inclusive Teori Zavascki e Rosa Weber, indicados por ela no primeiro, também entrarão em aposentadoria compulsória.

Segundo fonte que acompanhou o longo processo de seis meses que levou à indicação de Barroso, Dilma ouviu muitas pessoas ligadas à área do direito e ouviu indicações do próprio partido, mas a escolha foi sua e recaiu sobre uma pessoa com a mesma sólida formação constitucional do indicado anterior, Teori Zavascki; e ambos, com a mesma discrição da segunda nomeada neste governo, Rosa Weber.

A escolha de Luiz Fux, em fevereiro de 2011, logo depois do início de seu mandato, foi o aprendizado: Dilma acabou se decidindo por um ministro que tinha pouco reconhecimento técnico, pressionada, de um lado, pelos petistas que caíram no lobby montado por ele, e de outro, por reiteradas posturas políticas do colegiado do Supremo, estimuladas pela mídia especialmente nas vésperas do julgamento do mensalão, o que a fez privilegiar alguém que parecia um contraponto a uma militância oposicionista de parte dos ministros do STF.

Fux mostrou que tinha tanto deslumbre pelo jogo midiático no julgamento do mensalão do que a parcela do Supremo considerada oposicionista, e aderiu a ele sem qualquer apuro técnico. De todas as 11 indicações feitas pelos governos petistas de Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva em dez anos de governo, a de Fux foi a que trouxe, efetivamente, arrependimentos – embora Dilma tenha feito a indicação, o processo de escolha já havia andado bastante no governo de seu antecessor: os dois dividem essa culpa.

De 2015 a 2018, entrarão em aposentadoria compulsória cinco ministros do Supremo que completam 70 anos no período. São eles: o decano Celso de Mello (que completa 70 anos em 2015), Marco Aurélio Mello (em 2016), Ricardo Lewandowski (em 2018) e também os indicados pela própria Dilma, Zavascki (2018) e Rosa Weber (2018). 

Apenas sobreviverão no STF ao segundo mandato de Dilma, se ela se reeleger, Joaquim Barbosa (que se aposenta em 2024), Gilmar Mendes (2025), Carmen Lúcia (2024), Dias Toffoli (2037), Luiz Fux  (2023) e o próprio Luís Roberto Barroso (2028) – isto, se não anteciparem suas aposentadorias. Se for eleita para um segundo mandato, a indicação de cinco ministros para o STF, mantendo os critérios de notório saber jurídico e discrição, é uma segunda chance de mudar o perfil do Supremo. Lula indicou oito e a maioria deles foi engolida pela lógica corporativista e conservadora da instituição.

No PT, a movimentação em torno da escolha do novo ministro do Supremo foi política. Para pessoas mais ligadas ao PT, o exemplo Fux remetia para a ideia de que a garantia de um STF mais neutro – menos antipetista – era a escolha de pessoas minimamente comprometidas com a esquerda, com o partido ou mesmo que tivessem simplesmente relações de lealdade com o governo – era o caso de Benedito Gonçalves, nomeado ministro do STJ por Lula; de Maria Elizabeth Guimarães, ministra do Supremo Tribunal Militar, que trabalhou na Casa Civil no governo Lula; o desembargador Pedro Feu Rosa, do Espírito Santo, que era apoiado pela igreja e pelo governador do seu Estado; Heleno Torres, indicado pelo advogado-geral da União, Luís Inácio Adams; Luiz Edson Fachin, que tinha a ministra Gleisi Hoffmann como madrinha e o apoio de movimentos sociais. Eugênio Aragão era indicação do presidente do STF, Joaquim Barbosa.

Dilma trilhou outro caminho. Está apostando que o reencontro do STF com o bom senso será dado pela qualidade do conhecimento jurídico e pela capacidade do indicado de resistir à tentação dos holofotes.

Nota do Broguero
Tudo bem, posso até concordar, mas quero aqui lembrar o que disse Rosa Weber, que de tão vergonhoso, foi apagado, editado, dos vídeos do STF sobre o "mentirão".
“é certo que não há provas contra José Dirceu, mas a literatura jurídica me autoriza a condená-lo mesmo assim”!

O Ponto positivo é a afirmação do novo juiz, dizendo que "o STF não pode judicializar a política" 
Aguardemos para ver como se comporta no "mentirão"