Jornal GGN - O
novo ministro do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, disse
nesta sexta (7) que o país precisa superar a discussão sobre a Ação
Penal 470, popularmente conhecida como “mensalão”.
De acordo com ele, há causas mais importantes que aguardam julgamento
da Corte. “Eu não estou indo para o Supremo para julgar o mensalão. Se
pudesse escolher, escolheria ir logo depois do julgamento.
O STF discute
inúmeras questões mais importantes para a vida das pessoas. Gostaria
que o país virasse rapidamente essa página”, relatou, em conversa com
jornalistas em seu escritório em Brasília.
Fazendo referência ao comentário que fez durante sua sabatina no
Senado - julgamento do mensalão foi um “ponto fora da curva”, ele
esclarece que o comentário não foi uma critica a postura do tribunal.
“Foi um comentário descritivo que, ao meu ver, é observável a olho nu”,
disse. Ele também relatou que outros ministros compartilham essa
opinião.
Barroso, que participará do julgamento dos embargos de declaração no
segundo semestre, e para isso, passará o mês de julho estudando os
processos. Ele ainda garantiu que não chegou a tocar no tema do mensalão
em conversas que teve com a presidente Dilma Rousseff anteriores à sua
indicação.
Em sua conversa com os jornalistas, Barroso falou sobre dois grandes
defeitos da justiça: a morosidade e a massificação. “a massificação
diminui o tempo que o juiz poderia dedicar aos processos, dificultando
decisões “mais artesanais, que possam analisar o caso concreto”,
analisa. “O Fato real é que somos punitivos seletivamente. Na justiça
penal, a estratificação de classes é muito evidente.”
Em matéria divulgada pela Agência Brasil, Barroso disse que não se
sente impedido de julgar processos sobre os quais tenha se manifestado,
exceto os em que atuou como advogado.
“Sou de uma geração que enfrentou
censura e tem opinião sobre quase tudo. Teria que me dar por impedido em
milhares de processos”, relata. E conclui: “Não me sinto impedido de
julgar qualquer coisa da qual eu tenha falado. A não ser em casos em que
atuei como advogado”.
Barroso ocupará a vaga deixada pelo ex-ministro Carlos Ayres Britto,
que se aposentou em novembro de 2012 e deve assumir seu novo cargo no
dia 26 de junho.