Uma revolução se faz assim? Pode ser!

Somos todos nós, sessentões, setentões, oitentões, de uma geração que iniciou muitas mudanças nesse mundo. Vimos, de repente, muitos dos nossos ideais se esfumaçarem e se perderem no ar. Ficamos órfãos de um socialismo que acreditávamos ser a saída para um mundo de injustiças e com tantas diferenças entre as classes sociais. Perdemos algumas causas, ganhamos outras.

Mas temos que reconhecer que o capitalismo nos pegou de jeito. Ele tem a capacidade de se reinventar e foi assim que, com a ajuda de forças conservadoras, religiosas, e organizadas, não prosperou o "tudo para todos".

Acabamos arrumando um jeito de "conviver" com um sistema que acaba priorizando o capital. Encontramos uma forma de, dentro desse sistema, ir mudando a "correlação de forças" da sociedade. Achamos uma maneira de tirar das mãos dos poderosos, todo o poder. Estamos aos poucos transferindo renda para os mais pobres, reduzindo a diferença entre as classes, mas, tudo isso visando muito, e somente isso, a condição econômica. Pelo menos acreditamos nisso.

Que modelo apresentamos aos mais jovens?

Os conservadores os chamam de "alienados" ao mesmo tempo que lhes ensinam a respeitar o status quo, dizem que eles não querem nada, que só querem saber de "baladas e festas". Por outro lado os progressistas dizem que eles precisam se engajar, estar atentos as mudanças globais, mas em casa, só cuidam do economico, da "distribuição de renda" etc.

Tudo isso para tentar entender - não quero analisar de forma crítica, somente - o que está acontecendo.

Quando ganhamos o direito de organizar a Copa e as Olimpíadas, foi uma vibração geral. Nossos sentimentos de brasilidade afloraram e o que mais se disse:" serão eventos para serem realizados pela iniciativa privada". Sabemos, TODOS NÓS, como pensam os "capetalistas". É só lucro fácil. Queriam, sim, a iniciativa privada ganhando, mas, em nenhuma momento, se propuseram a assumir nada.

Se o dinheiro público não tivesse entrado, não haveria Copa, Olimpíada ou o que quer que seja. O discurso é sempre o mesmo. O estado tem que ser mínimo, até que seja preciso INVESTIR. Aí é estado máximo, dinheiro máximo, mas, empresário máximo também, a "mamar nas tetas". Sempre foi assim. E, disso se aproveitou a imprensa golpista para mostrar o tempo todo "o fracasso" das obras, da organização, etc.

A Copa, por exemplo, é da FIFA - história de corrupção -, da CBF - um presidente renuncia para não ser processado, o que assume foi "boneco da ditadura" - da GLOBO - que claramente é contra o governo, só não assume - DAS CERVEJARIAS - que mudaram as leis de proibir bebidas nos estádios. Enfim, a Copa não é do povão, não é, e não vem sendo, motivo de orgulho. A imprensa golpista vivia a dizer que os estádios não ficariam prontos.  

O povo ficou de fora. Não soubemos, nesses últimos três anos, comprometer o povo, e principalmente os mais jovens - os maiores beneficiados de todo esse desenvolvimento - comprometidos. A imprensa golpista bate TODO DIA, e os "seus aliados" - na verdade seus dependentes - da oposição fazendo o mesmo. Não houve compromisso. A Copa, as Olimpiadas não são nossas, são "do governo". E do governo gastador, corrupto, que não sabe administrar - imagina isso tudo na mão dessa oposição que está aí -. Essa imgem foi divulgada TODO DIA, desde o primeiro dia de Governo DILMA.

 E, se não estou dentro, se não participo, não é meu. Não tenho "nada a ver com isso". Nesse momento quem compra o ingresso não é o jovem nem o que protesta nas ruas. Ele não tem dinheiro para isso. Mas ele vai aos hospitais, as escolas, e vê que lá nada se fez. Claro, a "iniciativa privada" é quem ia organizar tudo, desde a Copa até as Olimpíadas. E cadê eles? Esperando pacientemente para "administrar" o que o dinheiro público fez.

O MPL, que está nas ruas, nos faz pensar. A insatisfação que demonstram é resultado desses anos todos de "o governo, os políticos, vão resolver". Nós, os sessentões, e os outros "ões" também entramos nessa. Todo o nosso esforço pode ir por água abaixo, se não conseguirmos entender o que está acontecendo. Se entrarmos no discurso de "vândalos e baderneiros", se acharmos que a policia está certa, se ficarmos a fazer discursos de "conservadores" vamos deixar na mão de gente desorganizada e revoltada, nossos ideais.

É preciso tentar entender que, a juventude que está aí, está nos propondo algo que nós defendemos a muito tempo. Um transporte de qualidade e PÚBLICO. Assim como é PÚBLICO o dinheiro que construiu a Copa e vai construir as Olimpíadas. E se é público É DE TODOS. Chamá-los para conversar. Dizer que não tem lideranças é o maior dos absurdos. Pode não ter "chefia" mas liderança óbvio que tem. Pode não ser o modelo de liderança que nós enxergamos, mas uma nova forma de liderar sim! Nada existe nada sem que haja alguém que lidere. Nem que seja por um momento. As redes sociais estão mostrando isso, de uma outra maneira. Acabou a ditadura dos meios de comunicações "formais". Viva a internet!

Entrar nas rede sociais e identificar. Ouvir o que tem a dizer. Respeitar os seus ideais. Acreditar no que dizem, e com humildade, segui-los se for preciso.  Não podemos entrar no jogo da imprensa golpista, que está desde o inicio do ano, fabricando inflação, dizendo que o modelo está errado. Vamos ouvir essa gente e ter a coragem de escutar a "voz rouca da rua" que, nós, os "ões" achávamos que estava satisfeita com "transferência de renda" e "tirar o povo da miséria". Não é só mais isso. Temos que construir algo mais. Oferecer algo mais. Chamá-los a participar dessa construção.

Eles estão gritando. Querem ser ouvidos. Querem ser, também, sujeitos dessa história.

Paulo Morani
O Broguero