Rodrigo Baptista
"Meta é avançar em média 2% ao mês", afirmou Francisco Teixeira
O ministro da Integração, Francisco
Teixeira, disse nesta quarta-feira (12) que 75% das obras do Projeto de
Integração do rio São Francisco serão concluídos até dezembro. Segundo o
governo, 55,5% do total previsto já estão concluídos. O balanço das
obras de transposição do rio São Francisco foi apresentado em audiência
pública da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR), que
promove ciclo de debates sobre o tema.
O ministério prevê a entrega de 100
quilômetros de canais em cada eixo em dezembro de 2014. A expectativa é
de que todas as obras, que integram o Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC), sejam concluídas até dezembro de 2015.
— A meta é avançar em média 2% ao mês
para que possamos chegar com 75% dessas obras concluídas até o final
deste ano e ficar os 25% [restantes] para o ano seguinte – disse.
Estão em construção canais, aquedutos e
barragens naquela que vem sem classificada pelo governo de “maior obra
de infraestrutura hídrica do país”. O objetivo principal é garantir água
para 12 milhões de pessoas em 390 municípios de Ceará, Pernambuco,
Paraíba e Rio Grande do Norte.
Orçado em cerca de R$ 8 bilhões, o
projeto contempla 477 quilômetros de canais (mais do que a distância
entre Rio de Janeiro e São Paulo), formando os eixos Norte, que vai de
Cabrobó (PE) a Cajazeiras (PB), e Leste, com início em Floresta (PE) e
término em Monteiro (PB) que conduzirão a água no semiárido nordestino.
Atualmente, as obras, que incluem a
recuperação de 23 açudes, construção de 27 reservatórios, além de nove
estações de bombeamento, 14 aquedutos e quatro túneis exclusivos para a
passagem de água, empregam mais de 9.200 trabalhadores, segundo o
ministro.
Revitalização
O senador Inácio Arruda (PCdoB-CE)
elogiou o projeto, que contempla ainda 38 ações socioambientais, como o
resgate de bens arqueológicos e o monitoramento da fauna e da flora
regionais. José Pimentel (PT-CE) e Humberto Costa (PT-PE) avaliaram como
positiva a expectativa de entrega de 100 quilômetros de canais em cada
eixo em dezembro de 2014.
— Vejo com animação o fato de que essas
duas primeiras metas, tanto do Eixo Norte, quanto do Eixo Leste,
poderão talvez ter o seu cronograma de preenchimento com a água e
atendimento aos municípios antecipada – assinalou Humberto.
Atrasos
Mas nem todos os senadores estão
otimistas com os prazos assumidos pelo governo. Eduardo Amorim (PSC-SE) e
Cícero Lucena (PSDB-PB), por exemplo, lamentaram os sucessivos atrasos
nas obras. Quando foram iniciadas em 2007, previa-se que a transposição
do rio São Francisco seria concluída em 2012. Eles também avaliaram que
o novo cronograma não será cumprido se for mantido o atual ritmo das
obras.
— Em dezembro, [a obra] tinha 52% e em
março temos 55%. Isso corresponde a um acréscimo de 3% em três meses.
Fico animado com a afirmativa do ministro de que vai tentar atingir 2%
[de execução ao mês]. Mas, para mim, esse cronograma não será cumprido
da forma como estão afirmando — afirmou o parlamentar paraibano.
Sobre os atrasos, o ministro avaliou
que a demora na obra ocorreu devido às novas licitações necessárias após
algumas companhias abandonarem trechos. Segundo ele, com a conclusão de
trechos das obras a água deve ser liberada para a população antes mesmo
da conclusão da transposição.
— O ano de 2012 foi um ano difícil, e
uma parte de 2011 também, no sentido de reverter o processo, concluir
alguns detalhes de projeto, preparar novos editais, negociar com
empresas, relicitar. E já entramos em processo de remobilização
praticamente no nível que estava lá atrás — apontou Teixeira.
Para o presidente do colegiado, senador
Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), ficou evidente na exposição de
Teixeira que o ministério tem se esforçado para dar celeridade ao
processo.
— Realmente é um projeto complexo e há um controle rígido dos órgãos ambientais na execução das obras – assinalou Valadares.
Próxima audiência
A segunda audiência pública do ciclo,
com data ainda a ser definida, deverá contar com a presença do
diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu
Guillo. Requerimento com esse objetivo foi aprovado nesta quarta-feira.
Agência Senado
(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)