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Leia comunicado, divulgado nesta quarta-feira (28/01), sobre a divulgação dos resultados do terceiro trimestre de 2014 não revisados pelos auditores independentes:
Petrobras divulga seus resultados consolidados não revisados pelos
auditores independentes, expressos em milhões de reais, de acordo com o
IAS 34 exceto pela existência de erros nos valores de determinados
ativos imobilizados.
A divulgação das demonstrações contábeis não revisadas pelos auditores
independentes do terceiro trimestre de 2014 tem o objetivo de atender
obrigações da Companhia (covenants) em contratos de dívida e facultar o
acesso às informações aos seus públicos de interesse, cumprindo com o
dever de informar ao mercado e agindo com transparência com relação aos
eventos recentes que vieram a público no âmbito da “Operação Lava
Jato”.
A Companhia entende que será necessário realizar ajustes nas
demonstrações contábeis para a correção dos valores dos ativos
imobilizados que foram impactados por valores relacionados aos atos
ilícitos perpetrados por empresas fornecedoras, agentes políticos,
funcionários da Petrobras e outras pessoas no âmbito da “Operação Lava
Jato”.
No entanto, em face da impraticabilidade de quantificar de forma correta, completa e definitiva tais valores que foram capitalizados em seu ativo imobilizado, a Companhia considerou a adoção de abordagens alternativas para correção desses valores:
No entanto, em face da impraticabilidade de quantificar de forma correta, completa e definitiva tais valores que foram capitalizados em seu ativo imobilizado, a Companhia considerou a adoção de abordagens alternativas para correção desses valores:
I) uso de um percentual médio
de pagamentos indevidos, citados em depoimentos;
II) avaliação a valor
justo dos ativos cuja constituição se deu por meio de contratos de
fornecimento de bens e serviços firmados com empresas citadas na
“Operação Lava Jato”.
Essas alternativas se mostraram inapropriadas para
substituir a impraticável determinação do sobrepreço relacionado a
esses pagamentos indevidos.
Com objetivo de divulgar as demonstrações contábeis do terceiro
trimestre de 2014 revisadas pelos auditores independentes, a Companhia
está avaliando outras metodologias que atendam às exigências dos órgãos
reguladores (CVM e SEC).
A Companhia apresentou lucro líquido de R$ 3.087 milhões no 3T-2014, tendo como principais fatores:
• Maior produção de petróleo e LGN no país (6%, 118 mil barris/dia)
decorrente da entrada em operação e do ramp-up das Unidades
Estacionárias de Produção (UEPs) e FPSOs Cidade de São Paulo, Cidade de
Itajaí, Cidade de Paraty, P-63, P-55, P-62 e P-58, além do início dos
Testes de Longa Duração de Iara Oeste e Tartaruga Verde.
• Maior exportação de óleo (134%, 185 mil barris/dia), em função da
maior produção e da realização de exportações que estavam em andamento
em 30 de junho no país.
• Maior produção de derivados (1%, 24 mil barris/dia) decorrente da
maior utilização do parque de refino (FUT de 100%) e da maior utilização
de produtos intermediários.
• Reconhecimento da contingência ativa (R$ 820 milhões), além de sua
respectiva atualização monetária (R$ 1.357 milhões), referentes ao
recolhimento indevido de PIS e COFINS sobre receitas financeiras no
período de fevereiro de 1999 a dezembro de 2002.
• Aumento da estimativa da vida útil econômica dos equipamentos e
outros bens devido à revisão realizada pela Companhia, reduzindo a
depreciação em R$ 1.688 milhões.
• Baixa dos valores relacionados à construção das refinarias Premium I
(R$ 2.111 milhões) e Premium II (R$ 596 milhões), em razão da
descontinuidade desses projetos.
• Depreciação de 11,3% do Real em relação ao Dólar sobre a exposição
passiva líquida em dólar, parcialmente compensada pela apreciação de
7,7% do Dólar em relação ao Euro e de 5,2% do Dólar em relação à Libra,
sobre as exposições passivas líquidas nessas moedas.
Confira os resultados completos na nossa página de Relacionamento com Investidores.
Leia abaixo a nota com os comentários da presidente Maria das Graças Silva Foster aos acionistas e investidores:
Como é de notório conhecimento, a Petrobras enfrenta um momento único
em sua história. Em março de 2014, a “Operação LavaJato”, deflagrada
pela Polícia Federal com o objetivo de investigar suspeitas de lavagem
de dinheiro, alcançou a Petrobras com a prisão do ex-diretor de
Abastecimento da Companhia Paulo Roberto Costa, que está sendo investigado pelos crimes de corrupção, peculato, dentre outros.
No dia 13/11/14, em consequência dos fatos e provas produzidos no
âmbito da Operação Lava Jato, a Petrobras postergou a divulgação dos
resultados do 3T-2014.
Em suma, os depoimentos aos quais a Petrobras
teve acesso revelaram a existência de atos ilícitos, como cartelização
de fornecedores e recebimentos de propinas por ex-empregados, indicando
que pagamentos a tais fornecedores foram indevidamente reconhecidos como
parte do custo de nossos ativos imobilizados, demandando, portanto,
ajustes.
Entretanto, concluímos ser impraticável a exata quantificação destes
valores indevidamente reconhecidos, dado que os pagamentos foram
efetuados por fornecedores externos e não podem ser rastreados nos
registros contábeis da Companhia.
Em face da impraticabilidade de identificar os pagamentos indevidos de
forma correta, completa e definitiva, e da necessidade de corrigir esse
erro, a Companhia decidiu lançar mão de duas abordagens:
(I) diferença
entre o valor justo (fair value) de cada ativo e seu valor contábil e
(II) quantificação do sobrepreço decorrente de atos ilícitos usando
informações, números e datas revelados nos depoimentos e termos de
colaboração premiada no âmbito da Operação Lava Jato.
Os ativos selecionados para avaliação do valor justo somam R$ 188,4
bilhões, praticamente 1/3 do ativo imobilizado total da Petrobras (R$
600,1 bilhões) e tiveram, como referência, os contratos firmados entre a
Petrobras e as empresas citadas na “Operação Lava Jato” entre 2004 e
abril de 2012.
A avaliação foi realizada por firmas globais reconhecidas
internacionalmente como avaliadores independentes, abrangendo 81% do
ativo total avaliado. A análise dos outros 19% foi realizada pelas
equipes técnicas da Petrobras, porém com total consistência metodológica
e de premissas com o trabalho realizado pelos avaliadores
independentes.
No entanto, o amadurecimento adquirido no desenvolvimento do trabalho
tornou evidente que essa metodologia não se apresentou como uma
substituta “proxy” adequada para mensuração dos potenciais pagamentos
indevidos, pois o ajuste seria composto de diversas parcelas de
naturezas diferentes, impossível de serem quantificadas individualmente,
quais sejam, mudanças nas variáveis econômicas e financeiras (taxa de
câmbio, taxa de desconto, indicadores de risco e custo de capital),
mudanças nas projeções de preços e margens dos insumos, mudanças nas
projeções de preços, margens e demanda dos produtos comercializados,
mudanças nos preços de equipamentos, insumos, salários e outros custos
correlatos, bem como deficiências no planejamento do projeto (engenharia
e suprimento).
O resultado das avaliações indicou que os ativos com valor justo abaixo
do imobilizado totalizaram R$ 88,6 bilhões de diferença a menor. Os
ativos com valor justo superior totalizaram R$ 27,2 bilhões de diferença
a maior frente ao imobilizado.
Decidimos não utilizar a metodologia da determinação do valor justo
como “proxy” para ajustar os ativos imobilizados da Companhia devido à
corrupção, pois o ajuste seria composto de elementos que não teriam
relação direta com pagamentos indevidos.
Assim, aprofundaremos outra
metodologia que tome por base valores, prazos e informações contidos nos
depoimentos em conformidade com as exigências dos órgãos reguladores
(CVM e SEC), visando a emissão das demonstrações contábeis revisadas.
Quanto aos resultados deste 3º trimestre de 2014, nosso lucro
operacional foi de R$ 4,6 bilhões, 48% abaixo do realizado no 2º
trimestre (R$ 8,8 bilhões).
Essa redução é explicada, principalmente,
por gastos com o Acordo Coletivo de Trabalho (R$ 1,0 bilhão), pelo
pagamento do acordo com a Bolívia para importação do gás natural (R$ 0,9
bilhão) e pelas baixas no ativo referente aos Projetos Premium I e II
(R$ 2,7 bilhões). Por outro lado, a maior produção de petróleo e
consequente exportação agregaram R$ 2,4 bilhões ao resultado operacional
deste 3º trimestre em relação ao trimestre anterior.
O lucro líquido totalizou R$ 3,1 bilhões, 38% abaixo dos R$ 5,0 bilhões no 2º trimestre, refletindo o menor lucro operacional.
Quanto à projeção do fluxo de caixa e liquidez da Companhia, é
importante ressaltar que a posição de caixa da Petrobras e sua
capacidade de geração operacional não será afetada por ajustes
decorrentes da “Operação Lava Jato” ou de qualquer outro relacionado ao
valor dos seus ativos.
Temos sido diligentes na implementação de ações que nos permitem afirmar que não necessitaremos recorrer a novas dívidas no ano de 2015 em função dos fatores que favorecem nosso fluxo de caixa, os quais estão descritos a seguir.
Temos sido diligentes na implementação de ações que nos permitem afirmar que não necessitaremos recorrer a novas dívidas no ano de 2015 em função dos fatores que favorecem nosso fluxo de caixa, os quais estão descritos a seguir.
Em primeiro lugar, a Companhia reafirma a manutenção da política de
preços de diesel e gasolina não repassando a volatilidade do mercado
internacional, o que, na situação atual, favorece excepcionalmente o
caixa.
Nosso patamar atual de produção de petróleo e derivados nos
assegura o mesmo patamar de geração operacional, mesmo com o preço do
barril de petróleo Brent variando entre US$ 50/bbl e US$ 70/bbl.
Quanto à nossa produção de petróleo no Brasil, planejamos crescer 4,5%
(+/- 1 p.p.) no ano de 2015 frente ao ano anterior.
O fato é que 2015 dá
sequência aos eventos de 2014, quando adicionamos quatro novas
plataformas que agora estão em curva de ramp-up e aumentamos nossa frota
de PLSV de 11 para 19 navios.
Assim, a produção será sustentada pela
interligação de 69 poços produtores e injetores e pela entrada em
operação da P-61/TAD (Papa-Terra) no 1º trimestre e do FPSO Cidade de
Itaguaí (campo de Iracema Norte) no 4º trimestre desse ano.
Assim, esperamos ter uma geração operacional (incluindo pagamento de
impostos, antes dos juros, dividendos e amortizações) entre US$ 28
bilhões e US$ 32 bilhões em 2015, considerando patamares de Brent entre
US$ 50/bbl e US$70/bbl e taxa de câmbio entre R$ 2,60/US$ e R$ 2,80/US$.
Também consideramos que teremos à disposição garantias da União Federal
para os recebíveis do Setor Elétrico, que permitirão a negociação
desses créditos no mercado bancário.
No que tange aos investimentos, estamos reduzindo o ritmo de alguns
projetos, principalmente aqueles com baixa contribuição ao caixa nos
próximos dois anos, de forma que nosso orçamento fique no patamar de US$
31 bilhões a US$ 33 bilhões neste ano de 2015.
Nosso portfólio de ativos também indica oportunidades de
desinvestimentos em 2015, com potencial de contribuição ao caixa em
níveis próximos aos realizados em 2014.
A implementação desses
desinvestimentos dependerá, naturalmente, da evolução das condições de
mercado.
Importante ressaltar, nossa posição de Caixa vem sendo favorecida pela
forte redução do preço do Brent nos últimos 3 meses e possui folga em
relação aos valores que julgamos suficientes para manter nossas
operações com a liquidez necessária ao longo do ano.
Continuamos trabalhando para produzir as demonstrações financeiras
revisadas pelo Auditor Externo (PwC) no menor tempo possível, não apenas
em relação aos ajustes nas demonstrações contábeis, mas também à
necessidade de aprimoramento dos nossos controles internos.
Destaco a posse do nosso diretor de Governança, Risco e Conformidade,
João Adalberto Elek Júnior no dia 19 de janeiro passado.
João Elek foi
escolhido entre profissionais de mercado com notório reconhecimento de
competência na área de Governança. Ele passou por processo seletivo
conduzido pela empresa Korn Ferry, especializada em seleção de
executivos, foi eleito de uma lista tríplice apresentada ao Conselho de
Administração da Petrobras e deverá permanecer no cargo por três anos,
período que pode ser renovado.
Assim, quero aqui reafirmar nosso compromisso com a superação desses
desafios. Estamos dando plena condição para que as investigações em
curso, sejam as internas, sejam as externas, caminhem livremente, sem
qualquer barreira.
Somos transparentes com vocês, nossos acionistas e
investidores. Trabalhamos para que, no futuro próximo, nossa companhia
seja reconhecida por seus métodos de governança e controles internos com
a mesma excelência que tem sido reconhecida ao longo dos anos por sua
capacidade técnica e operacional.