Grande mídia tupiniquim esconde decisão da ONU pela reestruturação da dívida argentina



 
 
Ignorado pela mídia monopolista patrocinada pelo mercado financeiro especulativo, o dia 10 de setembro foi marcado por decisão histórica da ONU em apoio à resolução encaminhada pela Argentina favorável à reestruturação das dívidas públicas, aprovada por 136 países. Tal iniciativa abre espaço para a ampla discussão política segundo a qual os deficits públicos atuais de todos os países, especialmente os emergentes, são determinados pelo excessivo endividamento público, e não a previdência social, os salários dos servidores, os gastos com saúde, educação, segurança ou os desembolsos com programas sociais. Analistas com olhos voltados para o mercado financeiro pregam cortes sobre essas despesas que geram receitas ao caixa do governo para que possa investir enquanto isola discussão sobre a culpa dos juros altos como formadores do déficit, para não incomodar os credores, anunciantes principais da grande mídia conservadora. 
 
Os comentaristas econômicos da Globo por exemplo ficam enganando a população fugindo do tema principal. Buscam pêlo em ovo.
 
Acusam, é isso, mesmo, acusam, pois deixaram de fazer jornalismo, para serem torcedores de arquibancada dos banqueiros, que a fonte do déficit é a previdência social, são os gastos do governo com salários, são os desembolsos com gastos que se transformam em receitas porque o governo precisa gastar para arrecadar.
 
Não, tudo isso é déficit público que precisa ser combatido tenazmente com aumento de juros porque para eles gasto público é inflacionário e não o juro alto que não apenas eleva os custos mas atrai capital especulativo internacional produzido por guerras cambiais tocadas pelos países ricos como saída para a crise que eles mesmos produziram, especulativamente etc.
 
Enquanto isso, graças aos especuladores, a dívida não apenas cresce sem parar como evidentemente cria dificuldades para a industrialização nacional.
 
Resumo da ópera: o excessivo endividamento se transforma aos olhos dos credores em risco que requer mais juros, mais especulação e, claro, mais déficit público, produzido pela própria dívida.
 
É esse o SISTEMA DA DÍVIDA que ganha autonomia a partir do próprio mecanismo de endividamento transformado em instrumento de extração de riqueza dos mais ricos sobre os mais pobres.
 
Trata-se de tema fundamental a requerer ampla discussão política, como acabou de se verificar na ONU sem que a mídia tupiniquim, sem vergonha, tomasse qualquer providência. Ela, ao contrário, esconde esse fato fundamental.
 
Não interessa aos que financiam o poder midiático conservador, reacionário, que tal assunto seja pauta para o debate público.
 
Onde estão os programas de debates da Globo que não encaram a principal fonte do déficit? Não estão. Não existem.
 
Fogem do problema central que afeta a vida nacional.
 
A reestruturação da dívida é o ponto central da luta política.
 
Os credores proíbem a grande mídia, sobre a qual tem poder de veto, seja investigativa nesse ponto porque justificaria a luta que cresce nos países capitalistas em crise favoráveis à auditoria da dívida.
 
Os debates em torno da auditagem demonstram existência de processos ilegais, promotores de corrupção sem fim, cujas consequências óbvias são promoção e crescimento da própria dívida, tocada por juros sobre juros, juros compostos, prática do anatocismo, já condenada pelo Supremo Tribunal Federal.
 
Essa é a essência da moderna economia capitalista, impulsionada pela financeirização econômica especulativa global, responsável pelo crônico endividamento dos governos, sobre o qual multiplicam os lucros especulativos ao largo da produção e do consumo, incapazes de garantir reprodução ampliada do sistema capitalista.
 
Nesse contexto, a dívida ganha vida própria, incorpora procedimentos dos credores que ferem legislações, tanto que a própria Constituição determina a auditoria delas, sempre barrada por forças ocultas nos parlamentos dominados por eles por meio de legislações eleitorais permissivas, corruptas etc.
 
Nada mais necessário à saúde da democracia que a auditagem das dívidas.
 
Investigar o processo da dívida é fator de aglutinação das classes trabalhadores de todo o mundo, ou seja, a vanguarda da luta política dos que estão se empobrecendo para que uma minoria cada vez mais escassa amplie o seu poder, esmagando a humanidade.
 
A crise econômica global de 2008, cujos efeitos deletérios continuam, inviabilizando normalização das relações internacionais, é isso aí.
 
A ONU, ao aprovar critérios para reestruturação das dívidas públicas, abre espaço à grande batalha política que dá conteúdo à luta de classes que irá se desenvolver mais intensamente ao longo do século 21.
 
Cadê a grande mídia nessa discussão? Simplesmente, fugiu.
 
Por isso, se continuar como está, como avestruz, fugindo da realidade, se autocondena ao desaparecimento.
 
"La pinguina, hermoza, audaz, encantadora como sempre...Amo essa mulher"