(Reuters)
- O Brasil pode mudar as regras para a obrigatoriedade de presença da Petrobras
em todas as áreas do pré-sal, instituindo maior "liberdade", disse o
ministro da Fazenda, Joaquim Levy, ao participar de evento em Marrakech, no
Marrocos, neste sábado.
Críticos
da obrigatoriedade de participação de ao menos 30 por cento da Petrobras nos
campos do pré-sal afirmam que essa exigência engessa a companhia, que tem
achatado seu plano de investimentos e buscado vender ativos em meio à
investigação de um bilionário esquema de corrupção apurado pela operação Lava
Jato.
Questionado
sobre o tema durante sessão de perguntas e respostas da "Atlantic
Dialogues", Levy saudou a iniciativa da estatal de dar foco aos seus
principais negócios, também afirmando que o fato de a Petrobras ser operadora
dos blocos do pré-sal não significa que ela opera sozinha, já que conta com a
participação de outras companhias como Shell e Total.
"Podemos
rever isso, podemos dar mais liberdade a isso. As coisas mudam e o Brasil sabe
como se adaptar", afirmou Levy sobre a política da Petrobras como operadora
única.
Durante
sua participação no evento, o ministro da Fazenda defendeu o ajuste fiscal como
ferramenta essencial para o país voltar a crescer, criando um ambiente em que
as taxas de juros possam cair.
Ele
lembrou que parte do ajuste depende do Legislativo, acrescentando que a votação
de algumas medidas está "tomando um pouco mais de tempo do que as pessoas
pensavam por algumas razões específicas".
"Mas
acho que está seguindo em frente", completou.
Levy
afirmou ainda que é preciso rever benefícios e transferências sociais e a
efetividade de alguns benefícios fiscais.
Perguntado
especificamente sobre o Bolsa Família, contudo, ele defendeu o programa como
ferramenta "valiosa" de inclusão social.
"É uma coisa que não custa muito dinheiro. Cresceu um pouco nos últimos
anos, mas mesmo agora representa cerca de 0,5 por cento do Produto Interno
Bruto (PIB)", disse o ministro.
(Por Marcela Ayres em Brasília)