Aos 41 anos, advogada, professora de direito penal na USP, Janaina é
co-signatária do pedido de impeachment que deve ser arquivado por falta
de provas (o terceiro autor é o jurista Miguel Reale Júnior).
Arquiconservadora, figura conhecida dos movimentos de direita que
foram às ruas — chegou a discursar de cima de um carro de som no
protesto de 16 de agosto —, Janaina ganhou maior visibilidade no Roda
Viva.
Fez um discurso longo e inflamado sobre as “ditaduras
reverenciadas pelo PT”, repetindo clichês sobre “a institucionalização
da corrupção”. O PSDB é diferente, diz ela.
É preciso fazer alguma coisa agora “para impedir que o Brasil vire
uma Venezuela, antes que os oposicionistas comecem a apanhar no
Congresso e que aqueles que ousam falar alguma coisa contra sejam
presos”.
Essa ladainha paranoica revoltada on line é repetida ad nauseum.
Janaina é a personificação de uma página de Facebook. Volta e meia,
publica artigos alarmistas.
Já se declarou preocupada com as “forças
ocultas” que “manipulam nossos jovens marxistas de twitter” (??).
A falta de provas não a impede de acusar desafetos, reais ou
fantasmagóricos. Pelo jeito, é uma marca que deveria servir de alerta
para seus pobres alunos. Em 2013, mandou ver o seguinte sobre as
manifestações: “Segundo consta, funcionários da Presidência da
República, subordinados a Gilberto Carvalho, foram organizadores e
fomentadores do protesto (sic)”.
Defendeu a estudante Mayara Petruso, aquela que convidou os paulistas
a afogar os nordestinos em 2010, após a eleição de Dilma.
Para Janaina,
claro, a culpa era de Lula, que separa “o Brasil em Norte e Sul. É ele
quem faz questão de cindir o povo brasileiro em pobres e ricos”.
Janaina afirma que foi dela que partiu a iniciativa do documento do
impeachment com Bicudo. “Esse pedido nasceu aqui”, falou, orgulhosa, ao
Estadão, no Largo de São Francisco.
Para um farol megalomaníaco da democracia, peca demais tecnicamente. O
provável arquivamento é o desfecho de uma série de problemas da
papelada encaminhada a Eduardo Cunha.
Quando o requerimento foi protocolado, descobriu-se que Bicudo não
tinha título de eleitor. Mais tarde, no início de setembro, Cunha
devolveu novamente a documentação porque havia “erros formais”. Para a
infalível Janaina, um absurdo. “Foi uma sacanagem que fizeram comigo”,
declarou.
Em maio, ainda segundo o Estado, recebeu 45 mil reais do PSDB para
auxiliar Reale a produzir seu parecer sobre o impedimento de Dilma
Roussef. Janaina pode ser uma patriota e uma cidadã de bem, mas não é
trouxa e sabe que esse negócio de antibolivarianismo não dá apenas
ibope.
Texto extraído do DCM, escrito por Kiko Nogueira