by bloglimpinhoecheiroso
O
documento trata da regulamentação de rádio e televisão, além dos
artigos sobre comunicação da Constituição, como os que tratam da defesa
de conteúdo nacional, diversidade regional e a produção independente.
Para ser apreciado pelo Congresso, projeto deve recolher no mínimo 1,3
milhão de assinaturas.
O
Projeto de Lei de Iniciativa Popular para a Democratização das
Comunicações no Brasil deve chegar às ruas no dia 1º de maio, o Dia do
Trabalhador. A decisão foi tomada pela plenária da campanha “Para
Expressar a Liberdade”, que reuniu representantes de mais de 30
entidades da sociedade civil em São Paulo, na última sexta-feira, dia
19, para debater e aprovar o documento – considerado pelos presentes
como o principal instrumento de luta da sociedade para a democratização
das comunicações no país.
O
documento trata da regulamentação das comunicações eletrônicas no País,
rádio e televisão, setor atualmente regido pelo Código Brasileiro das
Telecomunicações, e a regulamentação dos artigos de comunicação da
Constituição Brasileira, como os que tratam da defesa de conteúdo
nacional, diversidade regional e a produção independente.
Os
apontamentos e análises realizados pelas entidades durante a plenária
serão consolidados pelo Grupo de Trabalho de Formulação da campanha em
novo documento, que seguirá para ampla divulgação junto à população e a
coleta de assinaturas. Para ingressar no Congresso Nacional como vontade
da população, deve recolher no mínimo 1,3 milhão de assinaturas.
O
radialista João Brant, que participou do GT de Formulação e integra a
coordenação executiva do Fórum Nacional pela Democratização da
Comunicação (FNDC), destacou que o documento garante princípios
importantes para promover a dispersão da propriedade dos meios de
comunicação:
“Ele garante a ampla diversidade e pluralismo e a não
concentração, fortalece o sistema público comunitário e traz um conjunto
de ações de enfrentamento ao monopólio que não é só pela questão da
propriedade, mas também pelo acesso à produção pela produção
independente, do acesso pela produção regional”.
O projeto reitera a
defesa da promoção e a garantia dos direitos de liberdade de expressão e
opinião, do direito à comunicação, da diversidade e pluralidade de
ideias.
Para
as entidades, um dos maiores resultados da mobilização será a
conscientização da população sobre a importância da democratização das
comunicações no País.
“A grande decisão da plenária foi a de colocar o
bloco na rua com esse instrumento que possibilitará fazer o diálogo com a
sociedade. Vamos às ruas, fazer o debate, fazer os seminários, vamos às
esquinas, para os locais de trabalho, para as fábricas e recolher as
assinaturas para transformar esse projeto em uma realidade”, disse
Rosane Bertotti, Secretária de Comunicação da Central Única dos
Trabalhadores (CUT) e coordenadora geral do FNDC.
Na
mesa de abertura da plenária, Altamiro Borges, presidente do instituto
Barão de Itararé, destacou que “o projeto se transformou no principal
instrumento de luta para o movimento social que luta pela democratização
da comunicação país”.
Já o deputado federal Ivan Valente (PSOL) apontou
o caráter suprapartidário do projeto e seu valor na luta contra os
interesses conservadores privados: “A mídia inviabiliza todas as lutas e
disputas políticas. Temos que ser ofensivos na mobilização da sociedade
e na pressão no Congresso”, disse.
A
deputada Luísa Erundina, que não pôde estar presente à atividade,
encaminhou carta à Plenária, em que destacou o compromisso de sua
candidatura e da Frente Parlamentar de Liberdade de Expressão e o
Direito a Comunicação com Participação Popular – Frentecom no
engajamento e na coleta das assinaturas necessárias à apresentação do
Projeto que, “por ser uma iniciativa popular, os tornará protagonistas
na realização de uma das reformas mais importantes para o fortalecimento
da democracia brasileira”.
A
mesa contou com a presença de Rosane Bertotti, de Altamiro Borges
(Barão de Itararé), do deputado Ivan Valente (PSOL), de Sônia Coelho
(Marcha Mundial das Mulheres) e de Celso Schroeder, presidente da
Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj).
Durante a tarde, o documento
foi debatido com os representantes da sociedade civil e do movimento
social com a coordenação de Renata Mielli (FNDC/Barão de Itararé), de
João Brant, de Orlando Guilhon (FNDC/Arpub) e do professor Marcos Dantas
(UFRJ). As contribuições feitas ao texto serão adicionadas durante a
semana e a versão consolidada será analisada em reunião de trabalho
nesta quinta-feira, dia 25, em São Paulo.
Participação dos movimentos sociais e ampla divulgação
Mais
do que aprovar o documento, a reunião mostrou a importância da
participação dos movimentos sociais engajados na luta pela
democratização da comunicação no país.
A campanha “Para Expressar a
Liberdade” conta com o apoio de entidades de diversos setores da
sociedade e de partidos políticos, desde o movimento negro, das
mulheres, trabalhadores, trabalhadores agrícolas, movimento dos sem
terra, estudantes, jornalistas, blogueiros e radialistas, dentre vários
outros.
“A dedicação e o esforço que os grupos de trabalho tiveram para
trazer um projeto pronto e o compromisso da plenária em fazer o debate,
sistematizar e incorporar as demandas das entidades, garantindo um
princípio que para nós é fundamental nesse projeto que é a liberdade de
expressão, mostra que estamos no caminho certo. Com muita
representatividade, a plenária demonstrou a unidade e o amadurecimento
do movimento social”, defendeu Rosane Bertotti.
Igor
Felippe Santos, integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra (MST), disse que o movimento se empenhará na coleta das
assinaturas por todo o Brasil:
“Tem crescido uma consciência nos
movimentos sociais, políticos, nas centrais sindicais e na sociedade
sobre a importância de se democratizar os meios de comunicação. A cada
dia que passa, a sociedade se sente menos representada nos meios de
comunicação tradicionais, especialmente os meios de comunicação de
massa, como as televisões e as rádios, e passe a elevar o nível de
crítica e consciência a respeito da necessidade de se democratizar”.
Para ele, o mais importante de todo o processo será o diálogo com a
população para “elevar o nível de consciência e a partir disso se criar
um movimento de massa que possa pressionar pela democratização da
comunicação”.
Para
a coordenadora da Marcha Mundial das Mulheres, Rita Freire, a forma
como os conteúdos veiculados nos meios são obstáculo à liberdade de
expressão:
“Não há liberdade de expressão quando os conteúdos veiculados
nos meios de comunicação, que são concessões públicas, têm cortes de
classe, gênero e raça, estimulando e reforçando o preconceito.
Dialogando com a população, a mobilização crescerá, se transformará em
vontade popular e, dessa forma, chegará com força no Congresso Nacional e
no governo”, disse.